Por que os adolescentes de hoje sentem vergonha dos pais?
- Gedeon Lidório
- há 6 dias
- 2 min de leitura
Parte 5
A vergonha dos filhos em relação aos pais não precisa ser o ponto final da história. À luz do Evangelho, sempre existe possibilidade de reconciliação, restauração e nova construção de vínculos, mesmo quando a relação parece ter sido ferida ou quebrada.

A cura começa com um olhar de graça. Assim como o pai do filho pródigo não exigiu justificativas antes de correr ao seu encontro (Lucas 15:20), os pais cristãos são chamados a oferecer um amor que não depende do desempenho do filho, mas que nasce da convicção do valor eterno daquela vida.
“Quando ele ainda estava longe, seu pai o viu, e, cheio de compaixão, correu para o filho, o abraçou e o beijou.” - (Lucas 15:20, NVT)
Este é o caminho da reconexão: ver, compadecer-se, correr, abraçar. Cada uma dessas ações envolve intencionalidade. A vergonha é vencida quando o amor se move primeiro.
O adolescente que se envergonha dos pais está, muitas vezes, se envergonhando da sua própria origem, das suas limitações, daquilo que ele ainda não entende ou aceita sobre si mesmo. O amor parental precisa ser como o de Deus em Gênesis 3: depois que o homem e a mulher caem e se escondem com vergonha, Deus os procura, os escuta e os cobre.
“O Senhor Deus fez roupas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.” - (Gênesis 3:21, NVT)
Cobrir aqui não é esconder o erro, mas proteger a dignidade. Quando os pais agem assim, oferecem uma possibilidade de o filho reaprender a amar a si mesmo e, com o tempo, a revalorizar a própria história familiar.
Nem todo filho está pronto para se reaproximar. E nem todo pai se sente capaz de tentar de novo. Mas reconciliação não é mágica, é construção. Começa com pequenos gestos:
· Um elogio inesperado.
· Um convite para uma refeição juntos, sem cobranças.
· Um bilhete deixado com carinho.
· Um pedido de perdão sincero.
A reconciliação é uma estrada que se percorre um passo de cada vez. Às vezes, é o pai ou a mãe que dá o primeiro passo. Outras vezes, é o filho. Mas quando há disposição para recomeçar, Deus age.
“Deem aos outros o que Deus lhes deu: perdão, amor, paciência. Sejam bondosos uns com os outros.” - (Efésios 4:32, adaptado da NVT)
Nossa esperança está em Jesus. Ele é o modelo perfeito de filiação. Mesmo quando foi zombado, torturado e rejeitado, jamais se envergonhou de dizer:
“Meu Pai está sempre comigo.” (João 8:29)
Não se envergonhou de nos chamar de irmãos (Hebreus 2:11). Se Ele, o Santo, não teve vergonha de nós, quem somos nós para abandonarmos os laços que Deus nos deu?
Pais e filhos podem ser reconectados. A vergonha pode ser superada. O vínculo pode ser restaurado; não pela força, mas pelo amor, pela escuta, pela oração e pela graça que Deus nos oferece dia após dia.
“O amor é paciente, o amor é bondoso; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” - (1 Coríntios 13:4,7)
Prof. Gedeon Lidório
Teologia, Antropologia, Filosofia e Psicanálise
Instagram: @gedeonlidorio
E-mail: gedeon@lidorio.com.br
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