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O nome dela é Sara, mas poderia ser você.

E foi assim… 


Era uma estrada longa no sentido à Évora. De um lado da estrada, o dourado queimado tingia as pastagens que outrora foram verdes, e do outro, um mar de sobreiros a erguerem-se altivos e verdejantes, tal qual escudos defendendo a terra dos humores titânicos de Hélio. Não, eu não estava a caminho do Olimpo. Sou uma mera mortal, humana, demasiadamente humana, e por assim ser é que enxerguei Sara. Deitada naquela alcatifa quente quase derretida pelo calor do abrasivo sol de junho. Muitos deuses ali passaram, Narciso, Hera, até mesmo Apolo, mas seguiram rumo ao Olimpo. Ouvi Chronos a bradar ao longe para que acelerasse, mas não lhe dei ouvidos. Naquela ligeira curva estava Sara a chorar, era um misto de emoções: dor física, humilhação, raiva, medo e esperança… 


Contou-me haver sido jogada para fora do automóvel pelo namorado que não gostou das cobranças dela sobre ter descoberto que ele tinha outra mulher. 

- Sou menos que lixo, disse-me ela,- lixo ele guardava num saco para depois descartar no sítio certo. Fui jogada na estrada. 

Imagem gerada por I.A
Imagem gerada por I.A

Os soluços sentidos e abafados de Sara foram nos acompanhando pela estrada até a sua casa. 


-Estou grávida, contou-me- e ele, ao saber disso, ficou ainda mais raivoso e atirou-me porta à fora do automóvel ainda em movimento. Fiquei com medo dele e do que pode fazer comigo, por isso tenho receio de denunciá-lo. 


 Chegamos ao destino de Sara. A rua da casa dela fica num cruzamento. E penso que muitos outros irão perpassar pela vida Sara. 


-A minha casa é aquela branca lá no final, apontou ela com os dedos a tremer - Vamos até lá que vos ofereço um café em agradecimento. 


Mas Chronos agora bradava de modo a acordar todo o Olimpo, e tivemos que seguir viagem. 


Vi no rosto de Sara a gratidão de Cárites, senti que estava aliviada em chegar a casa com vidas, a sua, e do filho que carrega na barriga. 


E é mesmo isso Sara, a vida é feita de encontros e desencontros, cruzamentos, encruzilhadas… 


Fico a pensar, o quão interessante é perceber que a vida por vezes nos apresenta vários caminhos, e mais interessante ainda, é conseguir entender a maneira que iremos percorrer o caminho escolhido. 


Porque há caminhos para muito além do Olimpo. Cada modo de vida, é uma construção. E grande parte dela, ou a parte fundamental, somos nós que permitimos. É nesse ponto que a escolha da maneira como queremos viver torna-se essencial. 


 Mas, porém, todavia, há o que chamo de “tempo de maturação”, ou seja, há em nós uma vontade genuína que nem sempre é capaz de tornar-se forte para mudar situações. 


 É preciso amadurecimento para se ter o alcance. 


Do contrário, surge o sofrimento e a alienação.

 

Isso acontece com a Sara, e com muitas mulheres que foram 'domesticadas' pelas diferentes sociedades ao longo da história. 


 Sara não é só vítima daquele namorado, é também vítima das narrativas sociais em que foi construída. Narrativas que reprimem a força da mulher, tornando-a subserviente e passiva aos abusos. 


 Tivemos a sorte de encontrar Sara, e ela a nós.

 

 Fico a pensar quantas Saras, quantas Marias da Penha precisarão ficar inertes numa estrada ou numa cadeira de rodas para a sociedade ter consciência do que está a produzir? 


 Sim, é um problema estrutural e profundamente enraizado em sociedades que perpetuam a desigualdade de género. 


Sim, será preciso uma educação que leve à conscientização com fortalecendo das leis e políticas públicas e com muito, mais muito mesmo engajamento da sociedade civil. 


 Não, eu não tenho bandeira política. 


DESTACO: as minhas ideias não têm propósito político partidário. 


Sou consciente da sociedade em que vivo, por conta disso, quero contribuir para o senso de equidade, onde todos tenham oportunidades iguais e onde os direitos e necessidades de cada indivíduo sejam considerados. Ou seja, equilibrar liberdade individual com responsabilidade social, onde todos possamos  viver com dignidade. 


Desejo que a história de Sara, não seja interpretada como um número a mais nas estatísticas de violência física e psicológica contra mulheres. Que a história de Sara, possa ajudar a perceber os abusos e distingui-los das condutas normais. 


Que a história de Sara nos faça despertar. 

 

1 Comment


jonsen
há 3 dias

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