Não Há Jeitinho na Porta Estreita
- Christina Faggion Vinholo
- há 22 horas
- 2 min de leitura
Por Christina Faggion Vinholo – teóloga, especialista em AT e NT
A semana passada escrevi um texto com o título: Chamemos o Pecado pelo Nome.
E refletindo sobre isso, me veio à mente uma expressão tão comum entre nós brasileiros que, de tão repetida, acabou sendo normalizada: o famoso jeitinho brasileiro. À primeira vista, pode parecer apenas uma forma criativa de resolver problemas ou de lidar com limitações. No entanto, ao olharmos mais de perto, percebemos que o “jeitinho” frequentemente ultrapassa os limites da ética, transgride a justiça e fere a santidade de Deus.

O “jeitinho” muitas vezes é celebrado como uma astúcia inocente, mas em sua essência revela uma tentativa de burlar regras, enganar autoridades ou manipular situações para benefício próprio. É, portanto, uma forma de pecado — pecado que se disfarça de esperteza, mas é, na verdade, transgressão.
A Palavra de Deus nos chama a viver com integridade diante d’Ele e dos homens.
Em Provérbios 10.9 lemos:
“Quem anda em integridade anda seguro, mas o que perverte os seus caminhos será conhecido.”
E ainda em Levítico 19.11:
“Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo.”
O “jeitinho” se manifesta em pequenas coisas: quando se mente sobre a idade do filho para pagar menos na entrada do parque; quando se estaciona em local proibido “só por cinco minutinhos”; quando se finge não ter visto o troco a mais dado pela caixa do supermercado; quando se declara menos do que realmente se ganha para pagar menos impostos; ou mesmo quando se usa o nome de outra pessoa para obter benefícios aos quais não se tem direito.
A ética do Reino de Deus nos chama a uma vida irrepreensível, mesmo que isso nos custe conforto ou vantagem. Como discípulos de Cristo, não podemos relativizar o pecado. Somos chamados a refletir o caráter de Deus em tudo o que fazemos. Isso inclui, sim, as pequenas decisões cotidianas que, aos olhos do mundo, parecem insignificantes, mas que diante de Deus revelam o nosso coração.
O apóstolo Paulo exorta:
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.2)
O “jeitinho” conforma-se ao mundo. O caminho do Reino, porém, é o da verdade, da justiça e da retidão. Ser cristão é viver de modo contracultural, é chamar o pecado pelo nome, inclusive quando ele vem com sotaque familiar.
Que o Espírito Santo nos conceda discernimento e coragem para romper com as práticas que, embora culturalmente aceitas, desonram o nosso Senhor. E que nossas ações — mesmo as mais simples — sejam testemunho vivo da graça que nos alcançou para vivermos em novidade de vida.
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