Quando o Culto se Torna Espetáculo
- Christina Faggion Vinholo

- 7 de out.
- 2 min de leitura
Christina Faggion Vinholo, teóloga
Especialista em AT e NT.
Os cultos, em muitos lugares, tornaram-se cada vez mais acalorados, cheios de emoção, lágrimas e expressões intensas. No entanto, é preciso perguntar: o que realmente está acontecendo? O Espírito Santo está quebrantando corações, ou estamos apenas sendo conduzidos por uma boa performance musical e oratória?

Há igrejas com programações ricas e cenários deslumbrantes, mas onde falta o essencial: oração sincera, confissão de pecados reais, consciência da presença de Deus e compaixão pelo próximo. Canta-se muito, mas adora-se pouco. Há movimento, mas pouca reverência. A congregação, muitas vezes, não participa — apenas assiste. O culto, que deveria ser a mais sublime expressão da fé, se torna um espetáculo.
O apóstolo Paulo nos lembra: “Tudo deve ser feito com decência e ordem” (1 Coríntios 14:40). E também: “Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). O culto não existe para entreter, mas para exaltar. Não é sobre o que sentimos, mas sobre quem Deus é.
Na igreja primitiva, os cristãos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). O foco estava na Palavra e na presença de Cristo, não nas emoções passageiras. Eles se reuniam com temor, simplicidade e fé viva. Hoje, porém, corremos o risco de transformar o sagrado em espetáculo, e o púlpito em palco.
Lembramos de Jesus, entrando no templo e expulsando os mercadores: “A minha casa será chamada casa de oração, mas vós a transformais em covil de salteadores” (Mateus 21:13). Não é isso o que, de forma mais sutil, temos feito? O templo, outrora lugar de oração, tornou-se um mercado de promessas, uma vitrine de experiências. O culto perdeu seu caráter de sacrifício e tornou-se uma vitrine espiritual, onde cada um “pega o que precisa” — e sai do mesmo jeito que entrou.
O Senhor, porém, não busca performances, mas corações quebrantados. Ele não se agrada de multidões agitadas, mas de vidas rendidas. O culto verdadeiro é aquele em que o pecador reconhece sua miséria, confessa seus pecados, recebe a graça e sai transformado para viver para a glória de Deus.
A igreja precisa se lembrar de quem é e para quem existe. Não somos consumidores de espiritualidade, mas adoradores. O culto não é um produto, é uma entrega. E onde há entrega, há transformação.
Que o Espírito Santo reacenda em nós o temor do Senhor e a alegria de cultuar em espírito e em verdade (João 4:24). Que voltemos à simplicidade bíblica e à profundidade reformada do culto cristão. E que, quando nos reunirmos, não busquemos o arrepio da emoção, mas a presença real do Deus Santo — que nos confronta, consola e transforma.
Que o nosso culto volte a ser culto. Que o nosso louvor volte a ser adoração. Que a nossa reunião volte a ser encontro com Deus. Tudo, absolutamente tudo, para a glória d’Ele.
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O culto é entrega 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 perfeitoooo Chris, ameei esse texto, tão necessário nesses ultimos tempos 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 mil bjos saudades saudades e saudades