top of page
572954291_18300745243267772_2025636869234957554_n.jpg

Como a taxa Selic e a Inflação impactam no orçamento do trabalhador?

Por: Kaio Feroldi Motta.

Administrador; Especialista em Gestão Hospitalar; Mestre Organizações & Empreendedorismo.

 

Ainda que o cenário econômico atual do Brasil esteja marcado por uma inflação em desaceleração, aproximando-se do teto da meta oficial, o fato da mesma estar em patamar superior ao previsto, atrelado à manutenção da taxa Selic em um patamar elevado de 15% ao ano, faz com que essa dupla forme uma tesoura econômica que, neste momento, aperta o orçamento de milhões de brasileiros. Enquanto a inflação (o aumento generalizado dos preços) corrói o poder de compra e diminui o valor real do salário do trabalhador, a taxa Selic (o instrumento do Banco Central para tentar conter essa inflação... em teoria) encarece o crédito e os financiamentos, tornando dívidas novas e antigas ainda mais pesadas do já são. Para o trabalhador, o impacto é duplo: menos dinheiro para gastar e custos de empréstimos e prestações mais altos. Em meio a isto, uma ‘reengenharia financeira doméstica’ se faz necessária, onde cada real não gasto é bem-vindo, e a disciplina é a única linha de defesa.

 

ree

O cidadão comum sente a inflação de forma imediata, principalmente nos itens essenciais. Dados recentes (disponíveis pelo IBGE, órgão responsável por calcular o Índice de Preços ao Consumidor, o IPCA) mostram que, embora a inflação possa dar sinais de desaceleração em alguns setores, ela permanece elevada em áreas como alimentos e serviços como saúde, educação (essenciais na vida do brasileiro pai/mãe de família e trabalhador). Esse aumento, muitas vezes não acompanhado por reajustes salariais de igual montante significa que a mesma cesta básica exige mais horas de trabalho. Este fenômeno não é apenas uma estatística; é uma redução real da qualidade de vida, forçando famílias a migrarem para itens de qualidade inferior ou a cortarem despesas consideradas básicas, como certos tipos de produtos e serviços. A corrosão inflacionária age como um imposto invisível, drenando a capacidade de consumo e gerando um ciclo de empobrecimento.

 

A principal função da Selic é balizar as taxas de juros de toda a economia. Para o trabalhador, no entanto, isso se traduz no encarecimento de modalidades de crédito de curto prazo, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial. Mesmo que o Banco Central utilize a Selic para combater a inflação, os juros finais cobrados ao consumidor atingem patamares que podem inviabilizar a reestruturação financeira individual. O acesso ao crédito por meio de cartões e uso do cheque especial, que para muitas famílias é a única forma de equilibrar o orçamento em momentos de aperto, torna-se na verdade uma armadilha, transformando dívidas de consumo em passivos de longo prazo com potencial de estrangulamento financeiro.

 

Não obstante, a alta do custo do capital tem impacto também no crédito de maior valor, como financiamentos imobiliários e automotivos. Juros elevados no mercado não apenas aumentam o valor das parcelas, mas também reduzem o poder de compra do financiamento, tornando o acesso à moradia e a bens duráveis mais distante para a maioria dos trabalhadores. A ascensão socioeconômica, muitas vezes medida pela aquisição da casa própria ou do primeiro veículo acaba sendo postergada ou limitada, mantendo a classe média (e principalmente a baixa) em um ciclo de aluguel e dependência de transporte público ou veículos usados mais antigos.

 

Um dos paradoxos deste cenário é que, enquanto o trabalhador endividado sofre com o crédito caro, o trabalhador que consegue poupar é temporariamente beneficiado pela alta rentabilidade da renda fixa atrelada à própria Selic. No entanto, essa rentabilidade é, muitas vezes, apenas suficiente para proteger o capital da inflação. Para a grande maioria que vive do salário e não tem excedente para poupar, esse ganho de rendimento em ativos de baixo risco é irrelevante, aumentando a distância entre a pequena parcela de poupadores e a massa de consumidores endividados.

 

A conjunção de inflação com taxas de juros elevadas exige uma nova e urgente adaptação por parte do trabalhador brasileiro. O cenário vigente demonstra que a estabilidade não se alcança mais somente com o aumento da renda nominal, mas sim com uma gestão rigorosa frente à perda de poder de compra e ao custo proibitivo do endividamento. A economia nacional impõe ao cidadão comum o desafio de ser um especialista em finanças pessoais (mesmo que, para a maioria dos cidadãos, este tema nunca tenha sido ensinado), onde a diferença entre o equilíbrio e o colapso do orçamento reside na compreensão e no manejo das complexas forças do mercado econômico e monetário.


ree

Comentários


WhatsApp Image 2025-10-16 at 12.39.47.png
WhatsApp Image 2025-07-08 at 15.46.52.jpeg

Nota do editor: os textos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais iconográficos publicados nos espaços “colunas” não refletem necessariamente o pensamento do bisbilhoteiro.com.br, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.

* As matérias e artigos aqui postados não refletem necessariamente a opinião deste veículo de notícias. Sendo de responsabilidade exclusiva de seus autores. 

Portal Bisbilhoteiro Cianorte
novo-logotipo-uol-removebg-preview.png

Receba nossas atualizações

Obrigado pelo envio!

Selo qualidade portal bisbilhoteiro

Bisbi Notícias: Rua Constituição 318, Zona 1 - Cianorte PR - (44) 99721 1092

© 2020 - 2025 por bisbinoticias.com.br - Todos os direitos reservados. Site afiliado do Portal Universo Online UOL

 Este Site de é protegido por Direitos Autorais, sendo vedada a reprodução, distribuição ou comercialização de qualquer material ou conteúdo dele obtido, sem a prévia e expressa autorização de seus  criadores e ou colunistas.

bottom of page