Violência, polarização e o chamado do Reino de Deus

Por Prof. Gedeon Lidório

“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9).

“Buscai, pois, em primeiro lugar o seu Reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)

Nos últimos dias, fomos surpreendidos por uma notícia trágica: a morte de Charlie Kirk, um jovem ativista cristão americano, assassinado enquanto falava para uma multidão em um evento público. Sua vida foi tirada de forma brutal, ao que tudo indica, simplesmente por expressar suas convicções. Essa cena nos lembra que estamos vivendo tempos em que o ódio e a polarização se tornaram forças perigosas, capazes de transformar discordância em violência. Pessoas são atacadas não apenas por suas ações, mas por aquilo que acreditam. Você pode até mesmo não acreditar em nada do que ele dizia crer, ainda assim não há nada que justifique a violência contra ele, ainda mais a sua morte.

Charlie Kirk

As redes sociais muitas vezes são arenas de guerra, e não é raro que cristãos também sejam arrastados para essa espiral de violência verbal, julgamentos e cancelamentos. Quando nos deixamos levar pelo clima de tensão, passamos a enxergar o outro como inimigo e esquecemos que, segundo a Palavra, a nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra as forças espirituais do mal que alimentam divisão, rancor e destruição (Efésios 6:12).

Jesus nos chama para um caminho diferente. Ele disse que os pacificadores são bem-aventurados e que serão chamados filhos de Deus (Mateus 5.9). Isso significa que nossa identidade como cristãos está profundamente ligada à promoção da paz. O Reino de Deus não se expande pela violência nem pela imposição de ideias; ele cresce quando o amor vence o ódio, quando o perdão interrompe o ciclo de vingança e quando a paz se torna nosso testemunho diante do mundo, mesmo em meio às diferenças e perseguições.

Será que nossas lealdades políticas, ideológicas ou partidárias têm ocupado o lugar que pertence a Cristo? Será que nossas palavras, no WhatsApp, nas redes sociais, nas conversas de família, com nossos amigos e conhecidos online têm produzido paz ou fomentado divisões? O chamado de Deus é para que sejamos embaixadores da reconciliação, instrumentos de unidade num mundo fragmentado. Isso significa orar pelos líderes da nação, mesmo aqueles com quem não concordamos, e buscar diálogo em vez de ataques. Celebrar a morte, se alegrar com o mal que vem sobre o outro é demoníaco e não reflete nunca aquilo que Jesus nos chama a viver!

Por isso, que esta seja nossa oração: “Senhor, livra-me de responder ao mal com o mal. Dá-me coragem para ser um pacificador, mesmo quando é difícil. Ensina-me a colocar o Teu Reino acima de minhas ideologias, acima de meus medos e paixões políticas. Usa-me como instrumento de reconciliação e de paz, para que o mundo veja em mim a luz do Teu Evangelho.”

Faça um exercício: viva esta semana de forma intencional como agente de paz.

Ore pelos governantes, pelas pessoas que pensam diferente de você e por aqueles que estão sofrendo violência ou perseguição por causa de suas convicções. Escolha não participar de discussões tóxicas; se não puder contribuir com paz, escolha o silêncio e a oração. E, sempre que puder, compartilhe esperança, seja pessoalmente, seja nas suas redes. Quando colocamos o Reino de Deus em primeiro lugar, nos tornamos luz num mundo que insiste em andar nas trevas.

Prof. Gedeon Lidório

Teologia, Antropologia, Filosofia e Psicanálise

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