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Decifrando o 8 de janeiro de 2023 - episódio 4; respostas inquestionáveis

Da Redação: A série de artigos com 5 capítulos - Decifrando o 8 de Janeiro ja esta com 423.528 visualizações entre os internautas.



Passados quase trinta e cinco meses dos fatos, com um julgamento virtualmente encerrado, restam mais dúvidas que respostas, muito em função da pluralidade e fragmentação dos atos, possivelmente segmentados para impedir a leitura completa até mesmo dos participantes de hierarquia menos, Neste capítulo, o mais controverso que ouso descrever, tentarei apresentar algumas respostas que podem ser extraídas dos autos ou que, ao longo do tempo, se tornaram de domínio público, ciente que, ainda assim, a paixão decorrente dos fatos, subproduto da intensa polarização, impede que uma boa parcela da população os aceite e prefira continuar construindo um quadro lúdico do dia que a população tentou construir a justiça negada pelas urnas.


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A questão primordial é o real envolvimento do ex-presidente que divide opiniões, a despeito do intenso debate por ocasião do julgamento pelo STF. É absolutamente inquestionável que Bolsonaro conhecia todos os fatos, que leu todo o planejamento preliminar, que opinou sobre alguns itens e, no mínimo tacitamente, aprovou toda a estratégia de percorrer os caminhos “fora das quatro linhas” que reconstruísse a sentença das urnas. Nada permite que se aponte qualquer ato direto de envolvimento do ex-presidente, inclusive fora do país no período crítico, mas são suas declarações que eliminam qualquer dúvida sobre o seu envolvimento porque, por várias vezes, ele admitiu ter lido, ter sido vagamente questionado e amplamente informado de todos os planos, inclusive da operação criminosa “Punhal Verde Amarelo”. Portanto, é óbvio concluir que o ex-presidente estaria passível de condenação por omissão, agravada pelo alto cargo que exercia. Totalmente inaceitável que alguém investido do poder, não tenha rechaçado com veemência os fatos.


Registrando que se trata de opinião pessoal, a condenação política do ex-presidente é inquestionável por sua omissão gravíssima, logo, sobre a condenação eleitoral, não deve restar a menor dúvida, sem, no entanto, que eu prossiga na avaliação da condenação criminal.


A segunda questão é acerca da real hierarquia do planejamento do golpe, restando como não comprovada a presença de Bolsonaro no organograma do golpe, topo provavelmente ocupado pelos generais mais credenciados, Generais Walter Braga Neto e Augusto Heleno, que talvez fossem os responsáveis sobre a coordenação dos diversos setores, como a comunicação, logística, setor financeiro e jurídico que, como indicam as investigações, se reuniram por diversas vezes no Palácio do Planalto, fato que, por si só, já compromete a posição do ex-presidente.


Na arena política, não fica clara a liderança nem mesmo dos filhos de Bolsonaro ou do presidente do PL e, não há inocentes no Congresso, seja lícito acreditar que os fatos eram de amplo conhecimento de boa parcela dos parlamentares ligados à direita, sem que isto indique qualquer cumplicidade, fato mais restrito a um grupo menor que, talvez por conveniência política foi alijado nos inquéritos, exceto pelos mais contundentes.


Também segue controverso o interesse de ambos os lados na viabilização do 8 de janeiro. Se a criação de um ambiente de contestação poderia gerar a possibilidade de reação militar, é um raciocínio muito transversal que provavelmente não conquista unanimidade nem mesmo na direita. Foi uma decisão arriscada porque extemporânea, inclusive porque, se realizada em dezembro, onde o poder, mesmo com a caneta quase sem tinta, poderia abrir muito mais possibilidades jurídicas de êxito. Esperar pela diplomação e depois pela posse, não parece inteligente se o real desejo era realmente tomar o poder.

No lado governista, jogar o holofote com força sobre as articulações golpistas da oposição permitiria reconstruir o alicerce mínimo para a necessária governabilidade, sobre a qual ainda persistiam dúvidas no início de janeiro.

Todavia, a despeito da indiscutível omissão das forças de segurança em agir no momento adequado permitam ilações de toda a ordem. Os fatos são de domínio público, amplamente documentados, ABIN e PF avisaram com ênfase da anormalidade da situação e da possibilidade real de convulsão, restando fatos reais para julgar a letargia do governo que pode indicar omissão criminosa, estratégia política ou simplesmente incompetência dos responsáveis.


A identificação dos financiadores do golpe é algo que gera inúmeras suspeitas porque qualquer inspetor de quarteirão sabe que o famoso “follow the money” já poderia ter listado os nomes daqueles que viabilizaram recursos para as operações, muito além da logística, alojamento e alimentação dos manifestantes, porque o desenho do pretenso golpe exigiu muito mais em dispêndio de recursos financeiros. Talvez a presença de muitos nomes do primeiro andar do empresariado brasileiro ou a possibilidade de abrir demais o leque de envolvidos na trama golpista, tenha levado o STF ao esvaziamento destas investigações.

São também muito tênues as amarrações entre cada etapa da trama golpista, sendo, por exemplo, improvável afirmar com segurança que a tentativa de explosão do caminhão tanque, próximo ao Natal de 2022, comprovadamente com viés político, fizesse parte do pacote de ações preliminares, porque indicam muito mais, até o atual estágio de investigações, muito mais uma ação isolada de mais um mente totalmente comprometida com a paixão e a loucura, habilmente construída pelas narrativas que pretensamente opunham o messias ao inferno prometido em terras brasileiras.


Operação Punhal verde amarelo, minuta do golpe, alternativas jurídicas, como o acionamento da GLO, Garantia da Lei e da Ordem, hipótese constitucional de intervenção militar em casos específicos, clima de consternação nos acampamentos, comunicação enviesada admitindo paralização das rodovias greves e vários outros fatos parece indicar uma ação golpista coordenada, mas não existe nenhuma amarração documental que permita atestar estas hipóteses, sendo muito mais uma leitura admitida por raciocínio lógico, mas, até que se consiga provar, apenas uma hipótese.


Outra teoria da conspiração, que atesta a força das narrativas, é a presença de agentes esquerdistas infiltrados. Mesmo mentes privilegiadas, e pessoalmente tenho vários amigos nesta lista, que insistem neste discurso sem nenhuma comprovação documental. A totalidade dos detidos e, principalmente dos condenados, teve ampla devassa em suas redes sociais, recheadas de compartilhamento das ordens emanadas pela matriz de fakes, o gabinete do ódio, e não há absolutamente nenhum nome detido com histórico de militância na esquerda. Com a profusão de imagens liberadas dos fatos, de resto com ampla cobertura televisiva, não há um único rosto identificado, além das risíveis adulterações e fakes espalhados e desmentidos com contundência pelos agentes de verificação.


Ainda em relação aos fatos controversos, a questão da imagem suscinta dúvidas até o atual momento. É preciso afirmar com segurança que os inquéritos estão recheados de imagens do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF que foram fundamentais para as investigações, permitindo a identificação precisa de centenas de pessoas processadas posteriormente. Todavia, persistem ainda muitas dúvidas porque existe a real possibilidade de sobrescrita das imagens, algo que as perícias não comprovam, mas também não descartam, sendo admissível afirmar que a ocultação de provas pode ser interpretada como uma negligência criminosa.


O próprio GSI, gabinete de segurança institucional, admitiu a necessidade de tratamento das imagens, face a complexidade do sistema de monitoramento, fato que estimulam as versões e abrem, seguramente, a possibilidade de manipulação criminosa, sendo esta uma das questões que ainda geram mais controvérsias.


Repito; não houve omissão ou apagamento das imagens, mas a forma como foram entregues, com sinais, espontâneos ou criminosos, é realmente suspeito.


Importante também afirmar que a narrativa que os mais de mil e duzentos manifestantes eram idosos e crianças é absurda, embora existam muitos registros de suas presenças em escala menor. Não foi um inocente desfile de aposentados, vovós levando netinhos, sendo isto uma hipótese ingênua e estatisticamente insignificante, principalmente em relação às crianças, porque algumas delas que se juntaram às manifestações são muito mais produtos da falta de prudência ou irresponsabilidade de seus pais.


Como se observa, ainda que as respostas permitam a construção de um quadro definitivo de comprometimento da democracia brasileira, restam algumas questões que poderiam elucidar alguns detalhes e permitir a construção de uma leitura definitiva do trágico 8 de janeiro.


Não há dúvidas que o tempo se encarregará de oferecer novas evidências para amarras as questões finais, todavia já temos elementos suficientes para o capítulo final onde pretendemos oferecer conclusões sobre o famigerado 8 de janeiro.

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