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Retrato policial da política nacional.

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.


Neste sábado, 22 de novembro de 2025, a polícia federal prendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro preventivamente para evitar situações complexas com a reação articulada por seu filho Flávio Bolsonaro que convocou aliados para se deslocarem ao condomínio onde reside Jair para uma possível reação. É um fato impactante que provoca dor e frustração em uma torcida e comemoração na outra. São sentimentos compreensíveis, mas acho que de fato isto deveria gerar vergonha ao povo brasileiro.


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]Fernando Collor, Michel Temer, Lula da Silva e agora Jair Bolsonaro formam a quadra mais ilustre de presidiários dos últimos quinze anos no Brasil, todos presos na condição de ex-presidentes. Ressalvo que a prisão de Temer foi preventiva e talvez até abusiva. Some-se a eles, a ex-presidente Dilma cassada pelas famosas pedaladas fiscais como causa formal e por sua inabilidade política como causa real. Sobraram apenas Itamar Franco e FHC como presidentes após a redemocratização que sobreviveram impunes. Será que o país tem algo a comemorar?


Nada diferente se mudarmos o patamar. O número de governadores presos no Brasil também não enobrece nossa política. No Rio é mais fácil dizer que a última governadora sem dormir atrás das grades foi a petista Benedita da Silva que saiu do Palácio em 2003. Em Tocantins parece até que elegem três governadores em cada eleição porque toda hora tem um deles preso. Por conta da legislação permissiva, diversos estados tem governadores cassados ou apenas afastados quase sempre pelo mesmo motivo; improbidade administrativa, um nome elegante para designar corrupção no executivo.


No Congresso desde que Delcídio do Amaral puxou a fila, por obstrução das investigações na Lava Jato, a fila inclui pelo menos mais uma dúzia de parlamentares, sendo dois deles, Flordelis e Chiquinho Brazão por envolvimento em homicídio, e os demais por razões criminais.


No primeiro escalão em Brasília a fila teve José Dirceu, Palocci, Geddel, Lobão e outros, sendo importante registrar que alguns destes e dos demais tiveram suas condenações ou prisões revogadas à frente. Não importa em termos quantitativos se considerarmos que bancas de advogados, especializadas em postergações jurídicas, livraram muitos outros da prisão.


Nas estatais, os casos mais notórios foram os quatro diretores da Petrobrás e alguns outros da Eletronuclear ainda reminiscências da Lava Jato e uma infinidade de afastados ou demitidos por suspeita de atos ilícitos sendo os últimos ligados ao escândalo do INSS e ainda sem contabilizar os envolvidos na fraude do Banco Master.


Simplesmente não dá, sem uma extensa pesquisa, calcular a extensão dos danos entre secretários de estado e diretores de empresas estaduais, mas, cada um em seu domicílio eleitoral, é capaz de apontar para diversos meliantes ilustres.


No âmbito municipal, são trezentos e oitenta prefeitos cassados neste período, enfatizando que a média mais recente aponta para duzentos e cinquenta afastados por ciclo eleitoral. Abuso de poder econômico, de poder político, compra de votos, improbidade administrativa e crimes de responsabilidade são as principais causas que podem ser simplificadas em um único conceito; corrupção na administração pública.


Infelizmente, eu precisaria de mais de uma semana de pesquisa para te informar o número de vereadores cassados neste mesmo período, mas te afirmo que superam mil e quinhentos edis afastados das Câmaras, boa parte por rachadinhas (nome vulgar de extorsão salarial contra nomeados em cargos de confiança) reconhecidamente praticadas em todos os legislativo brasileiros, mas tratados com leniência e cumplicidade do judiciário como se observou nos casos mais notórios do filho do ex-presidente Bolsonaro.


Reconheço que devo ter cometido inúmeras omissões e que qualquer brasileiro minimamente informado engordaria este mini relatório com muitas outras anotações contundentes, construindo um triste retrato da política brasileira.


Por conta da minha formação na área de exatas, procuro explicar pela matemática a lógica da corrupção na política. Em qualquer cidade média, a eleição de vereadores custa mais de cem reais por voto, embora este seja o único escalão onde se consegue vencer sem muito dinheiro, mas são exceções construídas com muito trabalho ou envolvimento institucional. É difícil você indicar um estado onde custe menos de 150 reais por voto para chegar às assembleias ou duzentos reais para uma vaga em Brasília.


Em uma conta de padaria, a soma de todos os salários de um deputado federal permite que se compre em média apenas dez mil votos, número insuficiente em qualquer estado. Abro um parêntesis para registrar que na base eleitoral, onde é mais conhecido, o voto custará a metade do valor.  A mesma lógica matemática se repete para as demais eleições, logo, por raciocínio lógico, excluindo casos raros onde a motivação pessoal ou a vaidade, cobra um preço pago com determinação por este tipo de político, a grande maioria vai aos cargos públicos em busca de enriquecimento e para trabalhar em defesa de interesses pessoais ou corporativos.


A corrupção é o combustível que move a política brasileira e não existe exceção!


Cargos elevados exigem ainda mais concessões aos financiadores do poder porque o custo é muito elevado, impróprio para bolsos individuais e, quando eleito, é fundamental “pagar o investimento” feito em seu nome, sendo esta a engrenagem que move a política desde o menor município brasileiro até os palácios em Brasília.


Não se iluda. Se você tem político de estimação o trate apenas como seu malvado preferido. Não chore nem brigue por este ou aquele, apenas busque informações que te permitam ser mais um soldado na luta para devolver ética e dignidade à política.


Sim, é possível. Todo dia entra gente boa e bem intencionada nas disputas eleitorais, erramos muitas vezes ao tentar identificá-los, mas eles estão disponíveis para nos representar e impedir que novos escândalos nos envergonhem porque nunca se sabe quem será o próximo presidiário.


Por fim, não chore nem brigue por nenhum deles, mas talvez por você mesmo vítima involuntária nesta engrenagem perversa.

 

 

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