O Deus que Cura
- Christina Faggion Vinholo
- 2 de jun.
- 2 min de leitura
Christina Faggion Vinholo, teóloga, especialista em AT e NT.
Deus é o Deus que cura. Esta verdade atravessa as páginas da Escritura como uma trilha de esperança. Desde o Antigo Testamento, Ele se revela como “o Senhor que te sara” (Êxodo 15:26). Mas a forma como Deus manifesta essa cura nem sempre corresponde às nossas expectativas. Às vezes, Ele age de maneira imediata e milagrosa, como ao abrir os olhos dos cegos, limpar leprosos ou ressuscitar mortos. Outras vezes, usa meios como a medicina, a ciência e os cuidados humanos. E há ocasiões em que Sua cura parece ausente — mas mesmo então, ela pode estar acontecendo de forma mais profunda do que conseguimos perceber.

O ministério terreno de Jesus é a expressão visível do coração do Pai: “percorria Jesus todas as cidades e aldeias… curando todas as enfermidades e moléstias” (Mateus 9:35). Onde Ele passava, a graça fluía como um rio: tocava o corpo, restaurava a alma, libertava do pecado. Não havia sofrimento que Jesus ignorasse. Sua compaixão o movia a agir (Marcos 1:41), não apenas com poder, mas com amor.
No entanto, nem todos os doentes da Judeia foram curados. Nem todos os mortos voltaram à vida. Isso não revela limitação, mas propósito. As curas de Jesus apontavam para algo maior: a restauração completa e eterna que Ele veio conquistar. Seus sinais são janelas abertas para a realidade do Reino de Deus.
A pergunta então surge: todos são curados? A resposta depende da perspectiva. Aqueles que estão em Cristo, justificados pela fé, são sempre curados, ainda que não da forma ou no tempo que desejamos. Para estes, a morte perdeu seu poder (1 Coríntios 15:54-57). A doença pode consumir o corpo, mas não pode derrotar a alma. A dor pode marcar o caminho, mas não tem a palavra final. Como Paulo declarou, “ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia” (2 Coríntios 4:16).
A cura definitiva é a ressurreição. Em Cristo, a promessa é de um corpo glorificado, incorruptível (Filipenses 3:21). Essa é a esperança viva dos redimidos: não apenas alívio temporário, mas restauração plena.
E os que não creem? O silêncio de Deus não é ausência. Sua paciência é salvação (2 Pedro 3:9). Cada respiração é um chamado ao arrependimento. Ainda hoje, Ele cura, transforma, salva. A Sua bondade leva ao arrependimento (Romanos 2:4). E, mesmo quando a cura não vem, Deus pode usar o sofrimento para revelar a si mesmo, como fez com Naamã, que encontrou em sua lepra o caminho para conhecer o verdadeiro Deus (2 Reis 5).

Não compreendemos todos os desígnios divinos. Mas sabemos que Deus é bom, e sua vontade é perfeita, ainda que misteriosa (Romanos 11:33). Ele continua curando — em silêncio ou em milagre, por meios simples ou sobrenaturais. Cura o corpo, cura o coração, e sobretudo, cura a separação entre Deus e o homem, por meio da cruz de Cristo.
Sim, Deus cura. Sempre. Mas nem sempre do nosso jeito — e sim do jeito que glorifica mais o Seu nome e realiza plenamente o Seu plano eterno.
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