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Não era só um soldado e um cabo ....

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.


Ainda em 2018, Eduardo Bolsonaro, antes mesmo das eleições daquele ano, declarou em uma palestra para estudantes, textualmente, que para fechar o STF  “Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo”. A leitura do relatório do Procurador Paulo Gonet que sustenta a denúncia da PGR do pretenso golpe mostra tantos erros primários que é possível que muitos realmente acreditassem na versão de Eduardo.


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Naquele que parece ser o fato político mais relevante deste ano, a denúncia do golpe tem potencial explosivo e terá interferência direta no quadro politico nacional, sendo a alteração mais evidente a quase impossibilidade de se imaginar a presença de Jair Bolsonaro na lista dos candidatos, de certa forma liberando a direita para a construção de um necessário consenso, com a aprovação de Bolsonaro, que persiste como líder mais expressivo, mas precisa entender que sua insistência só beneficia a esquerda.


Paulo Gonet descreveu uma peça muito bem amarrada, demonstrando que a articulação preventiva se iniciou em 2021, antes do 7 de Setembro, com ações sequenciais que seguem uma linha estratégica para permitir uma intensa convergência político militar, com respaldo popular, que desacreditasse as urnas eletrônicas, como pré-condição para as etapas seguintes, a serem desencadeadas em função do resultado eleitoral.


De maneira pejorativa, sempre nos referimos aos países onde golpes eram fáceis e rotineiros, padrão comum na América Latina até o fim do século passado, como repúblicas das bananas, onde um bom vínculo com um país rico era suficiente para eliminar reações internas, todavia os tempos mudaram, pelo menos antes de Trump, e este roteiro não mais se viabiliza, portanto, definitivamente um cabo e um soldado não são suficientes para um golpe e nem mesmo militares incompetentes, com excesso de confiança ou certeza de impunidade.


Minuta de golpe saltando pelo ladrão, rascunho do golpe escrito à caneta, na gazeta do escritório, versão definitiva impressa na Palácio do Planalto, onde tudo fica registrado, remetem muito mais a uma comédia pastelão do que um roteiro com impressão digital de militares experientes.


Exatamente este conjunto de provas e evidências que definem o fio condutor da narrativa de Gonet que deve ser referendada pelo STF, inclusive porque repousa sobre a mesa de Alexandre de Moraes que foi quem teve presença mais efetiva no desmantelamento de toda a trama.


Se os inocentes úteis do 8 de janeiro, conduzidos como massa de manobra pelos articuladores do golpe, foram penalizados com dosimetria elevada, não há nada que indique menos rigor com os 34 indiciados pela PGR. Aposto uma balinha de hortelã que nenhum deles se livrará da condenação que, como efeito mais forte para o mundo político, retira Bolsonaro das eleições de 26 e de 30, para deixar bem barato.


Ninguém que se atreva a limitar o sagrado direito do contraditório e da defesa dos acusados, mas especificamente de Bolsonaro, líder mais relevante da oposição, é justo se esperar altivez para entender o momento e que não comprometa as necessárias ações da direita em busca da unidade que lhe confere favoritismo em 2026, porém, dividida, coloca Lula em condições de igualdade na disputa.


Para a direita a missão é de convergência, porque a rejeição de Lula indica que um único adversário pode ser fatal e, para isto, é necessário tempo para acomodar interesses e promover os ajustes necessários, se Jair seguir como postulante, todas as ações serão limitadas por uma fidelidade, cada vez mais tênue, mas suficiente para impedir a definição do nome e início efetivo da disputa contra Lula, que depende só de si e da sua saúde para tentar o quarto mandato.


Todavia nem o incêndio no quintal do vizinho resolve o problema de Lula. Sem ações contundentes para reverter a leitura negativa de seu governo, não sobrevive ao próximo teste das urnas. Precisa vencer a si próprio e a inércia de sua gestão, incapaz de sinalizar um enfrentamento efetivo às questões cruciais de controle da dívida pública.


Lógico que terá sempre capacidade para ações paliativas, como isenção de imposto de renda, redução artificial de preços de alimentos, via subsídios, vale gás ou novas medidas desta ordem, mas nada se sustenta até o processo eleitoral, onde terá que reverter a imagem do governo e a rejeição pessoal, neste momento proibitiva para um segundo turno.


Ouso dizer que Bolsonaro seria o melhor adversário para Lula, exceto pela proliferação de nomes, porque qualquer nome de unidade da direita, com rejeição baixa, e todos os postulantes têm índices pequenos, os coloca em condições de vencer o segundo turno.


Considerando que o desgaste se amplia para os familiares, a melhor opção continua sendo Tarcísio, que faz charme porque espera a convergência em torno do seu nome, e abre um pequeno leque de alternativas (Caiado, Gustavo, Zema e outros), dos quais Ratinho Junior, até pela disposição, parece o mais credenciado.


Outros nomes, como o infindável Ciro Gomes, ressurgem no deserto de opções e porque preenche dois critérios; divide a esquerda e o Nordeste, ainda que em porções menores. Não tem fôlego para a cabeça de chapa, mas podem ser úteis para dividir a esquerda.


O tabuleiro está armado, ainda que as peças pretas estejam perdendo a Rainha, o Rei branco está cada vez mais isolado. Ainda não tem espaço para xeque mate, mas quem não ocupar bem o centro do tabuleiro agora, no início da disputa, não terá vida fácil na hora da definição.

 

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