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Masculinidade redimida: o que significa ser homem sem ferir mulheres

A violência contra mulheres não é apenas um problema criminal: é um sintoma de uma forma adoecida de ser homem. Ao longo dos séculos, a masculinidade foi moldada em bases de poder, domínio e silenciamento da emoção. Essa forma de ser homem, que associa virilidade à força e autoridade à dominação, tem produzido frutos amargos: agressão, feminicídio, abandono, silêncio e dor.


 

Por isso, é urgente pensar em uma masculinidade redimida: uma maneira de ser homem que não fira, mas cure; que não oprima, mas liberte; que não se esconda no medo, mas se revele no amor.

 

A masculinidade tradicional está em crise. Homens enfrentam altos índices de suicídio, abuso de substâncias, isolamento emocional e dificuldades nos relacionamentos (Ministério da Saúde – Nov/2023 - Dados sobre saúde mental dos homens). Isso não é coincidência: é o resultado de um modelo que nega a vulnerabilidade e impõe o controle como prova de valor.

 

Por isso, é importante reconhecer que redimir a masculinidade não é apenas criar roupagens para o mesmo machismo de sempre. Muitos movimentos contemporâneos que falam de "masculinidade" continuam sendo expressões de domínio, superioridade e controle, apenas revestidos de linguagem moderna ou religiosa. São tentativas de reafirmar o velho patriarcado com uma estética diferente.

 

E, sinceramente, afirmar que a “masculinidade” pode ser curada a partir dos mesmos pressupostos que a adoeceram é, no mínimo, infantilidade. A verdadeira redenção do masculino exige uma transformação profunda, espiritual e emocional, que rompa com a raiz do pecado e da violência disfarçada de tradição ou autoridade.

 

A psicologia contemporânea tem mostrado que muitos comportamentos agressivos derivam de uma identidade frágil, moldada pela repressão emocional e pela pressão por desempenho. Conforme aponta Kaufman (1993), a forma dominante de masculinidade é sustentada por uma "tríade de violências": a violência contra si mesmo, contra outros homens (competitividade hostil) e contra mulheres (domínio e controle). Homens são ensinados a "não sentir" e, quando sentem, não sabem como expressar ou lidar com isso. A raiva, então, torna-se a emoção "permitida" socialmente, e frequentemente é o canal usado para expressar dor, medo e insegurança.

 

A Bíblia oferece um caminho radicalmente diferente. Jesus é o modelo perfeito de humanidade, inclusive da masculinidade. Ele não exerce poder através da força, mas através do amor sacrificial. "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mateus 11:29). Jesus não chamou homens para estarem com ele, para o seguirem e ficar gritando em florestas, montanhas ou cidades, exercendo força, poder, dominação, controle sobre os outros – ao contrário de tudo isso, ele chama para servir - “Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Marcos 10.43-44).

 

O mandato cultural de exercer domínio sobre a criação não é do HOMEM, mas do ser humano (homem e mulher). A mulher não está colocada abaixo do homem, como querem muitos que são complementaristas em sua teologia. A mulher foi criada por Deus em posição de igualdade. O ser humano (homem e mulher) foi criado por Deus, à imagem e semelhança dele e nada em nossa convivência pode diminuir esse valor dado por Deus.

 

O apóstolo Paulo não diz aos maridos para controlarem suas esposas, mas para amá-las como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (Efésios 5:25). O modelo bíblico de masculinidade é auto entrega, serviço e cuidado. É um convite para abandonar a lógica da dominação e abraçar a humildade do discipulado. Paulo instrui: Sujeitem‑se uns aos outros no temor de Cristo (Efésios 5.21) – tudo o que vem depois depende desta premissa, pois a sujeição é mútua e deve ser à Cristo.

 

É preciso reconstruir a masculinidade, mas para fazer algo que não seja baseado nas mesmas premissas, precisamos de uma nova ética, alicerçada em pelo menos três pilares:

 

Vulnerabilidade como coragem

Não é fraqueza assumir emoções, pedir ajuda ou reconhecer erros. Pelo contrário, isso exige coragem e maturidade. A vulnerabilidade é o caminho da autenticidade.

 

Relações baseadas no cuidado, não no controle

Ser homem não é ter poder sobre o outro, mas ser responsável com o outro. O cuidado é uma expressão de força emocional.

 

Espiritualidade encarnada

A espiritualidade cristã convida o homem a morrer para o ego e nascer para a graça. Isso significa desconstruir o orgulho, renunciar ao privilégio e caminhar em humildade.

 

Redimir a masculinidade exige tanto um processo pessoal quanto uma transformação cultural, pois é necessário autoconhecimento, porque homens precisam se conhecer, fazer terapia, refletir sobre sua história, suas feridas e seus medos. A cura começa com a consciência.

 

Apesar disso, não é algo feito de forma apenas individualizada. Homens não mudam sozinhos. Precisam de outros homens comprometidos com a verdade, o acolhimento e a responsabilidade. Grupos de apoio e discipulado são caminhos possíveis, e para isso famílias, igrejas e escolas são lugares para o desenvolvimento disso e devem ensinar desde cedo que masculinidade não é domínio, mas relação. Meninos devem aprender a cuidar, a ouvir, a respeitar.

 

Uma masculinidade redimida é possível. Não se trata de negar o ser homem, mas de redimi-lo do pecado, do orgulho e da violência. Trata-se de reencontrar o caminho do amor, da justiça e da paz.

 

Ser homem à imagem de Cristo é ser servo, ser justo, ser terno e firme ao mesmo tempo. É ser capaz de proteger sem dominar, de guiar sem esmagar, de amar sem ferir.

 

O mundo precisa de homens assim. A igreja precisa de homens assim. As mulheres precisam de homens assim. E, acima de tudo, Deus está chamando homens assim para caminhar com Ele.

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

 

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