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E se Marx tivesse lido Shakespeare?

Por: Mirian Abreu - Colunista BNews - Portugal


Em uma carta de 1875, Marx escreve para o grupo social da democracia alemã, em Eisenach, onde aborda a revolução social e a ditadura do proletariado (Crítica ao Programa de Gotha ) e deixa o seu "conselho": Dê, a cada um, segundo a sua capacidade, e, a cada um, segundo a sua necessidade!


Fiquei a pensar: qual seria o conceito de capacidade e necessidade para Marx?


Em sua teoria, uma comunidade socialista desenvolvida seria autossuficiente, sem a sujeição dos trabalhadores, e que os mesmos fossem capazes de produzir abundância suficiente para satisfazer cada um.

As ideias de Marx, num primeiro momento, parecem atraentes, e se encaixariam perfeitamente num projeto arquitetônico onde as ideias pudessem ser materializadas sem qualquer interferência dos “sujeitos“ que ali estivessem a compor o contexto. Como uma maquete repleta de manipuláveis marionetes.


No entanto, Marx não teve alteridade para perceber a real composição desse cenário, que é feito de organismos, pessoas… com consciência para saber sobre as suas necessidades e capacidades.


Há alguns anos, li uma adaptação de Rei Lear, de Shakespeare. Mesmo sendo uma adaptação da peça original, não perdeu as características essenciais de suas tragédias. E foi num trecho onde Goneril, a filha mais velha do Rei, questiona o pai sobre sua insistência em ter mais criados, que veio-me a epifania e fazer um contraponto às ideias de Marx.


Diante do questionamento da filha, o rei então justifica a sua vontade dizendo que a necessidade não é algo que se possa racionalizar, pois se até mesmo os mendigos mais miseráveis têm sempre alguma coisa de supérfluo. Se não dás à natureza humana mais do que é necessário, a vida do homem fica semelhante a do animal.


Pois bem, isso levou-me também a lembrar da criação de inúmeros “benefícios sociais” ofertados pelos governos do Brasil nas administrações populistas, onde líderes carismáticos criaram uma espécie de vínculo emocional com a massa votante, com a intenção de ganhar-lhes a confiança. Uma confiança paternalista, dominadora, ou seja, impõem suas verdades, entendendo que sejam estas as que o povo necessita. Assim, desenvolvem uma política social assistencialista com programas que regalam o seu eleitorado com cestas de alimentos básicos, salários básicos, criando um “controlado” mundo básico, de necessidades básicas!

É possível que o compositor Marcelo Fromer e seus “parceiros titânicos” tenham lido Shakespeare quando compuseram a letra da música Comida. E se não leram, conseguiram perceber o que Marx e os seus seguidores não foram capazes: que o mundo real é feito por pessoas que precisam muito para além do básico... Porque “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte! A gente quer saída para qualquer parte, a gente quer bebida, diversão, balé! A gente quer a vida como a vida quer! Pergunto: você tem sede de quê? Desejo, necessidade, vontade!”.


A natureza humana busca liberdade… liberdade de vida, liberdade de expressão. Pois entendo que a verdadeira democracia está onde as necessidades não são “IMPOSTAS”! Porém, é veras que ainda estamos a viver em sociedades democráticas imaturas, mas sei também que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”.


Embora este artigo trilhe por diferentes “palcos”, é através dele que a comida consegue sair do âmbito da cozinha e entrar em cena, tornando-se visível no contexto político-filosófico, sem perder seu sabor.


No cenário gastronómico, o exemplo das ideias de Marx seria a básica composição queijo e goiabada . É saborosa? Sim.


Mas, por outro lado, como bem aponta Shakespeare através do Rei Lear, podemos expandir o nosso paladar experimentando além daquilo que nos é oferecido. Como por exemplo um cheesecake Romeu e Julieta!


Por fim, seguem as receitas acima citadas, cada qual ao gosto de cada um. A escolha é livre.




Carpe diem!


Mirian Abreu


 
 
 

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