Depois do Ferragosto: minha visão sobre o Grande Rientro e a retomada da Itália
- Renata Bueno

- 23 de set.
- 2 min de leitura
Por Renata Bueno, ex-parlamentar italiana e advogada internacional
Viver há mais de duas décadas na Itália me permite observar de perto tradições que fazem parte da identidade deste país. Uma delas é, sem dúvida, o Ferragosto, celebrado em 15 de agosto, que representa o auge das férias italianas. Nesse período, é como se o país inteiro desacelerasse: cidades grandes ficam praticamente desertas pelos italianos, comércios fecham suas portas e os serviços se tornam limitados. É um fenômeno cultural fascinante, que mostra a importância do descanso coletivo e da vida em comunidade para os italianos.

Mas tão marcante quanto o Ferragosto é o movimento que o sucede: o chamado “grande rientro”. Após semanas de pausa, milhões de italianos retornam para suas casas, e o país começa a retomar o ritmo normal. Essa transição é visível no dia a dia – restaurantes voltam a abrir, ruas se enchem novamente, escritórios retomam o funcionamento. Aos poucos, a sensação de “cidades desertas” dá lugar ao burburinho característico da vida urbana italiana.
Setembro: entre o fim das férias e o recomeço da rotina
O mês de setembro traz consigo um simbolismo especial: marca o fim da alta temporada de verão e o início do outono, período em que a Itália volta a respirar o cotidiano com mais intensidade. Apesar disso, setores como o judiciário e o educacional ainda sofrem os efeitos da pausa de agosto, pois seus calendários se ajustam gradualmente após o recesso.
Na minha opinião, esse período de transição revela um equilíbrio muito próprio da cultura italiana: o reconhecimento de que o descanso não é perda de tempo, mas sim um investimento em qualidade de vida. O país sabe parar para depois recomeçar com mais energia, algo que muitas sociedades poderiam valorizar mais.
Uma tradição que reforça identidade
O pós-Ferragosto é, para mim, uma das melhores demonstrações de como a Itália alia tradição e modernidade. O “grande rientro” não é apenas a volta à rotina; é o reencontro com o cotidiano, com os compromissos profissionais e familiares, mas também com a vida comunitária que tanto caracteriza este país.
Mais do que um simples retorno, setembro simboliza um recomeço coletivo – um momento de reorganização, de retomada de projetos e de olhar para o restante do ano com novas perspectivas. Como advogada e ex-parlamentar, vejo nesse ciclo uma lição cultural importante: saber pausar, valorizar o convívio humano e depois retomar o caminho com mais clareza e disposição.














Quem sabe um dia voltarei à Itália pais de meus ancestrais para curtir este fantástico país. Tive a oportunidade de ver este fenômeno em 2016, bem como o descanso de todas as tardes após o farto almoço