Voltemos ao Evangelho
- Christina Faggion Vinholo
- há 19 horas
- 3 min de leitura
Vivemos dias em que a palavra de ordem é posicionamento. Em todos os tempos, o ser humano demonstrou uma inclinação pela performance: adaptar o comportamento aos ambientes, vestir máscaras para agradar plateias — fosse no trabalho, em eventos sociais ou, muitas vezes, até mesmo dentro da igreja. Mas hoje, com o poder e a influência das mídias sociais, esse fenômeno ganhou novas proporções. A vida se tornou uma vitrine. Cada gesto, cada fala, cada expressão precisa comunicar algo estratégico. Vemos surgir os “mestres do posicionamento”, que prometem sucesso, reconhecimento e influência. E, tristemente, esse espírito mundano tem se infiltrado nas igrejas.

O culto a si mesmo, tão característico do humanismo moderno, tomou o lugar da centralidade de Cristo. O homem se tornou o centro: tudo é feito para agradá-lo, atraí-lo, entretê-lo. Pregações motivacionais substituíram a exposição fiel das Escrituras. A cruz foi substituída por slogans de autoajuda. Até a estrutura física e o protocolo de cultos refletem esse desvio — há igrejas com áreas VIP, lugares especiais para famosos ou milionários, onde o status social pesa mais que a condição espiritual.
Se Jesus encarnasse em nossos dias, será que seria convidado a pregar nesses púlpitos modernos? Provavelmente não. Talvez fosse evitado, criticado ou considerado uma ameaça à “boa reputação institucional”. No catolicismo romano, que exalta um homem como cabeça visível da igreja, Jesus também seria incômodo. Afinal, Ele é o verdadeiro e único Cabeça da Igreja (Efésios 1:22-23), e Sua Palavra confronta toda tentativa de idolatria ou usurpação da glória divina. Jesus não foi e nunca será alguém “de centro”. Ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo (João 1:29), mas também o Leão que julgará com justiça (Apocalipse 5:5). Sempre foi radical — não em ideologias humanas, mas em santidade, verdade e graça.
Diante desse cenário, como devem agir os cristãos sinceros, aqueles que desejam viver uma fé autêntica e transformadora?
A resposta está nas Escrituras. A Palavra de Deus nos chama à renúncia do eu, à conformação à imagem de Cristo, à renovação da mente (Romanos 12:1-2). Somos chamados a andar como Ele andou (1 João 2:6), a falar como Ele falou, a amar como Ele amou. Não somos convidados a performar, mas a morrer para nós mesmos e viver para Deus (Gálatas 2:20). A Igreja de Cristo não precisa de arquétipos humanos, mas de homens e mulheres cheios do Espírito Santo, instruídos na sã doutrina, firmes na verdade, humildes diante do Senhor.
É tempo de alertar tanto os protestantes que já não protestam contra o pecado e a apostasia, quanto os católicos que não reconhecem Cristo como única cabeça da Igreja. A Escritura é clara: “Não há outro nome dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). Não há lugar para glória humana quando se está diante do trono do Cordeiro.
Voltemos ao Evangelho. O Evangelho simples, mas poderoso. O Evangelho que nos mostra o Messias como Salvador e Senhor. Ele não veio para melhorar nossa performance, mas para nos dar vida. Ele não veio para construir reputações, mas para transformar pecadores em filhos. Voltemos à pregação que parte do texto e alcança o coração, que revela a justiça de Deus, que expõe o pecado, e que anuncia a graça que perdoa, liberta e transforma.
Essa é a diferença que o mundo precisa ver: cristãos que não se posicionam para ganhar seguidores, mas que se colocam aos pés da cruz. Que nossa vida aponte não para nós, mas para Aquele que é digno de toda honra, glória e louvor.
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