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Travesti ou Mulher Trans?

A distinção entre as identidades de mulheres trans e mulheres travestis está intrinsecamente ligada ao contexto histórico, especialmente na América Latina.


Na década de 1970, o termo "travesti" emergiu como uma potente marca identitária em um cenário de desigualdade social e econômica. Cunhado naquele período, o termo referia-se a pessoas que se identificavam com o gênero feminino, apesar da designação masculina ao nascimento, e que  não possuíam os recursos financeiros para acessar procedimentos de afirmação de gênero, como cirurgias e implantes de silicone. Muitas travestis, marginalizadas pela sociedade, encontravam na prostituição uma forma de sobrevivência.


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Em contraste, o termo "mulher trans" era, por vezes, associado a pessoas com maior poder aquisitivo, que tinham a possibilidade de realizar processos cirúrgicos e construir uma vida mais alinhada com os padrões de gênero, o que garante uma série de privilégios, como a passabilidade, termo que usamos para definir uma pessoa trans que se assemelha em muito com as normas de gênero e passa despercebida como uma pessoa trans. Essa separação inicial refletia as disparidades de classe e o acesso desigual a direitos e recursos. Foi nesse período que travestis ficaram conhecidas como perigosas, raivosas e violentas… Algumas pessoas já ouviram que travesti anda com navalha debaixo da língua, isso realmente aconteceu e ainda acontece, segundo que travestis mais velhas do que nós contam é que as travestis colocavam a navalha debaixo da língua e quando sofriam alguma violência policial cortavam os próprios pulsos e mostravam para os policiais o sangue escorrendo, muitos com medo da infecção pela AIDS acabavam por não tocar mais nas travestis estavam sangrando, uma tática de sobrevivência utilizada por pessoas que tinham ou não contraído o vírus da AIDS. Para além disso é claro que existiam outras formas de defesa e estando em uma vitrine pronta para receber diversas violências, uma parte da comunidade se mostrou mais violenta e forte, o que reverbera até os dias atuais.


Atualmente, a escolha entre se identificar como mulher trans ou travesti é uma decisão pessoal, profundamente influenciada pela vivência individual, pela história de cada uma e, inegavelmente, atravessada pelas questões de raça e classe. É crucial reconhecer que ambas as identidades são femininas. Portanto, o tratamento correto é sempre no feminino: a travesti, a mulher trans. E não confunda mulheres  trans e travestis não são homens que querem ser mulheres; elas são mulheres que foram designadas como pertencentes ao  gênero masculino com base em seus órgãos genitais, dentro da binária e limitante estrutura de gênero imposta pelo sistema.


É fundamental lembrar que as próprias categorias de "homem" e "mulher" são construções sociais e históricas. Ser homem no século XIX envolvia vestimentas e práticas que hoje seriam consideradas femininas, como o uso de saltos altos, meias-calças e pó de arroz. Isso demonstra a fluidez e a mutabilidade das normas de gênero ao longo do tempo, o que eu chamo de tempo histórico.


Dentro da comunidade trans e travesti, existem diversas perspectivas, histórias e posicionamentos sobre terminologias e vivências. No entanto, é essencial manter o foco no inimigo comum: o preconceito e a discriminação. A união entre mulheres trans e travestis são fundamentais para combater todas as formas de injustiça e lutar por uma sociedade mais inclusiva e respeitosa para todas as identidades de gênero.


Lembrando sempre que as pessoas que possuem privilégios, devem utilizá-los em detrimento daquelas e aqueles que estão marginalizados na nossa sociedade.


Devemos ainda fazer o resgate histórico das traviarcas que fundaram o movimento político trans e travesti, e essa política não precisa ser a política partidária necessariamente, falamos aí de políticas públicas, de acesso à segurança, educação, saúde e lazer. Todas estas que nos são tiradas quando não somos identificadas como indivíduos de direitos, e muitas das vezes somos cobradas a partir da frase “Querem direitos mas também tem deveres”, sim a Constituição Federal nos garante isso, e partindo dessa ideia precisamos garantir todos os acessos para que as pessoas possam exercer a sua cidadania em plenitude. O que esbarra na dívida histórica que o nosso país tem com pessoas trans e travestis, pela época da ditadura, pelas terapias de cura, pelas batidas policiais com direito a espancamento e prisão por não viver de acordo com o gênero imposto ao nascimento.


E se você estiver na dúvida se deve chamar uma pessoa de travesti, mulher trans ou qualquer outra identidade de gênero e orientação sexual da sigla LGBTI+, faça de forma simples e educada “Como você se chama?Como você gostaria que eu te chamasse?”. Desta forma tenho certeza que teremos de sucesso os nossos sonhos coroados.

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