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Super heróis podem salvar o Brasil?

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.


Assisto decepcionado amigos de todas as tendências continuarem acreditando que o Brasil será salvo por um herói caído dos céus, em vestimentas amarela ou vermelha, que conseguirá operar um milagre e colocar nosso país na rota de desenvolvimento. Triste ilusão.



Nossa limitada cultura política nos incutiu a ideia de salvador da pátria, do cara que está acima das dificuldades e será capaz, talvez por decreto, de resolver tudo. Estimulados por esta ideia fixa, desenvolvemos uma vocação para a maledicência, por um suposto raciocínio lógico; se o nosso preferido resolve tudo, seu adversário é a negação, o culpado de todos os nossos problemas. Simplista demais.


Ainda que acentuados em períodos mais recentes, quase todos nossos problemas têm raízes históricas e são como quebra molas que nos fazem frear e perder velocidade na estrada do desenvolvimento. Por mais que o orgulho nos faça vibrar com nossas vantagens competitivas, como a excelência do nosso agro ou nossa criatividade, a limitação de nossa infraestrutura, a baixíssima produtividade da nossa mão de obra, a quase inexistência de pesquisas de ponta e inúmeros outros fatores que impedem reduções significativas do custo Brasil. Nada disto é produto de um único mandato.


No pequeno hiato de tempo, onde tivemos um percentual adequado de investimento em infra significativo, a origem dos recursos, empréstimos externos, nos legou uma absurda dívida que consumiu décadas para ser equacionada, em especial porque as fatias referentes à corrupção já se faziam presentes, com intensidade e jamais auditadas no famoso milagre brasileiro. Além disto, ano após ano, investimentos de apenas um dígito das receitas, saldo da nossa ineficiência, são incapazes de promover um resgate consistente e apenas as riquezas e extensão do solo nos permitem brigar pelo top ten entre as economias mundiais.


Com maior ou menor eficiência, este quadro sempre foi determinante das limitações de nossa economia, independente do comandante de plantão, principalmente porque suas atribuições são predeterminadas pela equação política, que nunca perdoa um único centavo disponível nos cofres públicos. A prioridade, desde sempre, é política e não técnica, regra inquestionável em todos os mandatos da república.


Em apenas dois parágrafos, e poderia ser uma imensa tese de doutorado, já se demonstra que nossos problemas estão acima da capacidade do chefe do governo, seja ele qual for admitindo que sua competência pode realmente reduzir o tamanho dos problemas.


Face a exiguidade do espaço, se pudesse limitar nossos gargalos em um único tripé, escalaria os desafios da nossa economia, nosso modelo político, presidencialismo de coalizão, e o desequilíbrio entre os três poderes como as questões mais relevantes do Brasil contemporâneo, com toda consciência que esta pequena lista comporta inúmeras inclusões consistentes. Observe que nenhuma dos dilemas listados poderia ser resolvido na canetada, por um único dos poderes, pelo menos em regime democrático.


Sei que é uma missão improvável, mas é fundamental que o cidadão comum amplie o foco, tirando os olhos da disputa personalista entre dois nomes apaixonados pelo poder e, alternando prismas de visão, consiga entender o cenário macro que se coloca acima da disputa eleitoral. O exercício da presidência não concede poder imperativo, qualquer que seja seu ocupante, será regido pelas regras do jogo e ninguém neste país entende melhor estas circunstâncias do que aquele agrupamento que batizamos de Centrão.


A régua política não aponta com precisão o espaço desta turma. Não são da direita, esquerda ou centro porque não é a ideologia que os define, mas a estratégia, o modus operandi no jogo político, Centrão é quase um estado de espírito de determinados políticos que perseguem benefícios, para si ou para seus redutos, e os colocam acima de qualquer outra circunstância, inclusive o bem da nação. Por dever de justiça, é necessário frisar que os objetivos dos membros do Centrão se dividem em metas políticas, lícitas porque são benefícios aos seus redutos e parceiros, e financeiras, porque uma parcela é graduada em mensalões, rachadinhas e emendas, de qualquer configuração, além de diversos outros formatos que mascaram aquilo que nas ruas chamamos apenas de corrupção.


A observação isenta da atuação de todos os presidentes eleitos aponta o fracasso deles em impor seus projetos, planos e até composição do governo, sem se curvar às imposições desta turma, fundamental para construir maioria parlamentar e garantir governabilidade, sob a faca do impeachment. Com estas regras, é impossível ser eficiente e isto permite concluir que a mudança das regras é a prioridade, visto que a troca de nomes apenas resulta em nova maquiagem do poder, escondendo as rugas de um modelo falido.


A Nação também fulaniza a questão da disputa entre os poderes, apontando para este ou aquele ministro do STF como a encarnação do diabo de toga, sem aprofundar na avaliação desta questão. A inércia do Legislativo, a omissão e a solução fácil de judicializar tudo, para que o ônus mude de colo é omitida da análise dos brasileiros. A escolha sem critério de seus membros, praticada por todos que passaram pelo Planalto, ou o mandato quase perene dos ministros precisa ser rediscutida para recolocar os pés no chão dos todos poderosos ministros que, muitas vezes, em decisões monocráticas, resolvem muito mais que 513 deputados.


Como enfrentar estas questões, algemado pelas regras do presidencialismo de coalizão? Imaginar que esta cumplicidade recíproca permite que se combata os supersalários, os benefícios escandalosos de todos os poderes, os cabides de emprego distribuídos em guarda-roupas dos três poderes, é utópico.


Não há espaço para heroísmo! Importa muito mais jogar com as regras definidas porque são elas que apontam a direção às urnas da eleição seguinte. Afrontá-las os colocaria na contramão da história porque absolutamente ninguém, até hoje, conseguiu, por longo tempo, se contrapor às elites políticas e econômicas, como conjuntos que se confundem por abrigar praticamente os mesmos elementos.


Imaginar que estes agrupamentos, de livre vontade, irão alterar regras que quase os perpetuam no poder é ingenuidade. Reforma política, de fato, ou administrativa consistente exige cortes e concessões que jamais serão avalizadas por quem se beneficia do status quo e que só serão possíveis quando a sociedade entender que nomes diferentes não produzirão resultados diversos.


Seguimos como torcidas insanas disputando um Fla x Flu na arena política. Berramos, xingamos o adversário, praguejamos contra o juiz, mas nada disso altera o placar. Pouco importa quem vença, porque o perdedor tem sido sempre a população brasileira.


Serenidade e bom senso são matérias primas em extinção. Cultura política sempre foi um ingrediente limitado. A qualidade das informações que chegam ao cidadão comum é deturpada ao sabor das conveniências de cada grupo que sabe que o eleitor comum não busca a verdade, mas está doutrinado para odiar o oponente e precisa apenas de munição.


O jogo só não está perdido porque a sequência de bolas na trave, aos poucos vai despertando o cidadão consciente. Muitos já entenderam que não basta escalar um Neymar para vencer a partida, mas que o jogo em equipe, priorizando o coletivo, pode permitir que se alcance o real objetivo; uma nação justa e desenvolvida.

 

 

 

 

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