Seleção Brasileira e a “suposta” camisa vermelha...
- Fabio França
- há 4 horas
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Caros leitores: que a nossa seleção não é mais a mesma, isto é um fato. Há quanto tempo você não tem mais a emoção de assistir a um jogo da única penta campeã mundial? Nem consigo me lembrar. Aliás, lembro sim! Já faz mais de 20 anos... 20 ANOS!!!
Tínhamos zagueiros raiz, volantes que mordiam e sabiam sair jogando, tínhamos um Bruxo no meio-campo, laterais excepcionais e um ataque respeitável e temido. Podíamos nos dar ao luxo de ter na reserva jogadores como Kaká (que ganhou bola de ouro) e ainda deixar de levar, mesmo com uma pequena contusão, Romário (que carregou a seleção de 94 nas costas).

Havia referência para os novos jogadores que entravam. Eles tinham orgulho de vestir a camisa da seleção e poder estar entre aqueles que, há algum tempo antes, só viam pela televisão e tudo parecia surreal para eles.
Não! Isso não existe mais!
Hoje, os jogadores se apresentam demonstrando muita má vontade. Ganham salários astronômicos lá fora e, jogar pela seleção, não lhes acrescenta tanto assim. Uma prova disso foi o evento na casa de irmã de famoso jogador da seleção apenas 5 dias após a eliminação da seleção para a Croácia, mostrando que não estava assim tão “destruído psicologicamente”.
É! Vivemos outro momento. Fase completamente diferente do jejum entre 70 e 94. Nesse período, mesmo não sendo campeões, vimos seleções vibrantes e que conseguiram, pelo menos, 2 vezes a terceira posição no mundial (74 e 78).
Depois da taça de 2002, nossa melhor posição foi um quarto lugar em 2014, como país sede, ficando em 5º em 2006 na Alemanha, 6º em 2010 na África do Sul e em 7º em 2022 no Catar.
Realmente a seleção não é mais a mesma e sequer vislumbramos uma melhora, temos expectativa ou sequer podemos dizer que este ou aquele jogador vai chegar na seleção e “resolver”. Não temos mais esses caras ou esse cara!
Mas isso é fruto do “Centro Comercial” em que se transformou a CBF, muito mais preocupada em atender aos anseios de empresários de jogadores que querem fazer da seleção uma vitrine lucrativa, que dá grandes retornos financeiros para eles e para quem com eles colaboram.
Além da ‘magia’ perdida, da falta da ginga, dos arranques e até das bruxarias de nossos jogadores, ainda não temos uma boa colocação nas eliminatórias para a próxima Copa do Mundo FIFA 2026 que vai acontecer no Canadá/EUA/México – temos apenas o 4º lugar na classificação, com 21 pontos ganhos em 14 jogos: 6 vitórias, 3 empates e 5 derrotas. Estamos 10 pontos atrás da líder Argentina e ainda vemos à nossa frente Equador e Uruguai. E pior: não temos sequer um técnico para a próxima data FIFA! Que bom que de 10, classificam-se 6, não é mesmo?!?
Mas agora, recebemos com espanto a recente notícia de que a nossa seleção irá usar uma camisa que em nada remete à ‘Seleção Canarinho’ (a menos que tenham tingido as penas da avezinha).
Colocar o uniforme número dois da seleção na cor VERMELHA é um completo absurdo. E não me refiro aqui a polarização política que o Brasil se tornou. Quero ainda acreditar que não tenha nada a ver com isso essa história!
Mas, mesmo que não tenha, é mudando a cor de nossa seleção que as coisas vão acontecer pra melhor, CBF?
Será que usar uma camisa vermelha, que tanto tem gerado brigas em nosso país, é a solução para fazer com que os jogadores da nossa seleção passem a produzir mais, a dar mais de si e de fato, honrar a camisa que já foi usada por craques de um passado distante e outros de não tão distante assim?
Tivemos Pelé, Rivelino, Tostão, Zagalo, Gérson, Clodoaldo, Zico, Romário, Bebeto, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Cafú, Marcos, Dida, Vampeta... a lista é gigante. Não temos mais! Nem quem chegue perto disso...
Mas tínhamos as cores de uma seleção respeitada, temida em vários momentos, que quando alguns olhavam e viam perfilados de verde e amarelo, já pensavam: “a parada vai ser dura!”
Perdemos esse respeito dos adversários, esse temor, e vamos reconquistá-los com uma camisa que foge totalmente da nossa tradição? Nosso uniforme 1 é Verde e Amarelo. O 2 sempre foi azul e branco. Ponto final! Nisso não se mexe!
Do mesmo jeito que não imaginamos a ‘Laranja Mecânica’ de azul, ou a ‘Esquadra Azurra’ de amarelo, NUNCA poderemos aceitar a “Seleção Canarinho” de VERMELHO!
Concluo minha indignação com uma sugestão à Confederação Brasileira de Futebol: parem de tentar politizar a seleção. Ela sempre foi o refúgio, para nossas tristezas e glórias, mas SEMPRE como escape das corrupções e roubalheiras no nosso país. Fazer da nossa seleção um ‘palanque’ ou, sequer aludir a isso, mostra o quão corruptos os cartolas desta instituição também se tornaram, ao se apoderar daquela que é um dos maiores e únicos orgulhos que os brasileiros ainda tentam manter.
Fabio França Ribeiro – Repórter França
Jornalista de mídias digitais, já atuou como repórter e apresentador de programas policiais e, como amante do futebol, ama também dar seus palpites, como qualquer brasileiro.
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