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Primeiro debate com os candidatos ao Governo do Paraná foi uma VERGONHA para o estado

Por: Marcio Nolasco - Analista de Políticas Públicas

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Primeiro debate com os candidatos ao Governo do Paraná na Band TV: O atual governador Ratinho Junior não participou.


Os formatos dos debates de televisão podem variar um pouco de eleição para eleição ou conforme o realizador. Mas uma coisa é certa: sempre haverá um bloco para apresentação de cada (pré-) candidato participante. O que se espera disso? Não existe uma fórmula, claro, mas suponho que a pessoa dizer seu nome, profissão, local de nascimento e estado civil sejam boas informações iniciais para se apresentar ao eleitor. Afinal, o que conhecemos sobre (pré-) candidatos como Joni Correia (DC), Viviane Motta (PCB) ou Professor Ivan (PSTU)?


Infelizmente, seja por nervosismo, seja por puro despreparo, nem todos nossos (pré-) candidatos sucederam em passar essas informações básicas ao espectador do debate. Nesse ponto, destaque para a (pré-) candidatada do Psol, Professora Angela. Vestindo uma camiseta com os dizeres “feminista e antifascista”, ela ao menos comunicava com clareza uma bandeira e posicionamento político, coisa que nem todos os concorrentes dela conseguiram fazer por igual (se sustentava o decalque da camiseta com o discurso é outra história).


Foi comum ver os (pré-) candidatos recorrendo frequentemente à famosa “colinha” para formular as perguntas mais simples aos adversários ou abandonar o “olho no olho” com o eleitor para ler algo que estivesse previamente preparado. E quando não recorriam ao material de apoio, facilmente se perdiam no raciocínio, buscando socorro em bandeiras rudimentares (“pela educação pública de qualidade”, “vou fazer o que não foi feito”) ou repetindo lugares-comuns (“candidato da família”, “vou escutar o povo”, “governo do trabalhador” etc.).


No que depender da capacidade de oratória, vai ser difícil algum (pré-) candidato novato chamar a atenção do eleitor.


O grau de desconexão das propostas com a realidade foi tamanho que foi preciso que Requião, candidato do PT (um dos que defende um “pedágio público”), lembrasse que, talvez, quem sabe, veja bem, a extinção dessa receita pudesse ter algum impacto sobre a arrecadação do estado, impactando em outros serviços. Mas isso é bobagem. Afinal, "o pedágio é mau e abaixo o pedágio!"


Esquerda continua presa em discurso datado:

 

Em dado momento, o (pré-) candidato Joni Correia (DC) destacou a maioria dos candidatos de esquerda no debate, colocando-se como representante da direita na discussão. De fato, houve no debate uma predominância de (pré-) candidatos de esquerda. Alguns, como pode se deduzir, de linhagens bem radicais.


A profusão de candidatos de esquerda se explica mais pela concentração dos partidos de direita e centro em uma única candidatura – no caso, de Ratinho Junior (PSD) - do que por uma eventual popularidade das denominações socialistas no Paraná. A realidade é que a esquerda se dividiu no primeiro turno, enquanto a direita parece mais unida.


Como no debate televisivo o tempo é dividido igualitariamente entre os participantes, não importando o tamanho e relevância dos partidos, o que o espectador viu foi uma predominância de ideias e propostas marcadamente à esquerda, com repetição de termos que compõem o discurso dos militantes desses partidos desde 1964.


É um discurso que prima pela centralização do estado nas relações sociais, pela defesa de determinadas categorias sociais (os “trabalhadores”, os “estudantes”, a “população LGBTQIA+”, os “negros”, os “quilombolas”, os “indígenas”, o “pequeno produtor” e até as “mulheres”) e pelo combate às elites (os “ricos”, o “agronegócio”, as “multinacionais”). Tudo entre aspas, porque correspondem a uma retórica mais específica do que ampla.


Assim, o espectador mais desavisado pode ter se assustado com o tanto de propostas envolvendo desapropriação de bens privados, criação de empregos públicos, aumento de salário mínimo e de benefícios sociais às expensas do erário. Nenhum desses (pré-) candidatos quis falar sobre possíveis aumentos da carga tributária que essas medidas poderiam trazer, desarranjo fiscal e outros problemas mais comezinhos.


É um discurso conhecido e repetido há décadas. A novidade está na adoção da linguagem neutra. Se há quatro ou oito anos a esquerda incorporava o “todos e todas” em suas saudações, em 2022 ela incluiu também o “todes” em seu vernáculo. Todes são iguais, mas uns são mais iguais do que outres.


Piores momentos:

 

Agora, se as ideias, os discursos e as propostas dos (pré-) candidatos não foram suficientes para convencer o espectador a assistir ao debate, que seja então pelas inevitáveis escorregadas dos nobres postulantes ao cargo máximo do Palácio Iguaçu.


Cito de memória, parafraseando, porque já dei minha contribuição ao espírito cívico em mais de duas horas acompanhando o espetáculo eleitoral. Rever seria masoquismo.


Adriano Teixeira (PCO), ao citar o programa de governo do partido, falou em “programa de luto”, ao invés de “luta”.


O mesmo Teixeira, questionado sobre “o golpe que Bolsonaro quer dar”, primeiro respondeu que “o PCO não vê nenhum golpe” acontecendo. Depois voltou atrás, falando que o “golpe começou em 2016” e que, agora, estaria em sua quarta fase. Haja golpe!


Joni Correia (DC), “acusado” de ser bolsonarista, respondeu que ficava feliz com a comparação com Bolsonaro, e que se estavam achando-o parecido com o presidente, é porque ele estava dizendo algo certo. Mais tarde, lembrou que seu partido tem candidato próprio a presidente, Eymael. E quem dizia que ele era bolsonarista estava enganado.


Professor Ivan (PSTU) abusou das anotações para não só para responder, mas também para perguntar. A ponto de gastar segundos preciosos do tempo destinado à formulação da pergunta até encontrar o papel certo. Ele também se perdeu algumas vezes na leitura, pulando uma linha do texto ou travando em alguma palavra específica.


Perguntada sobre o que seu partido propunha para combater o feminicídio no estado, a candidata Professora Angela (Psol), envergando a camiseta “feminista e antifascista”, não deu uma resposta objetiva. Recorreu a propostas vagas de melhorias de programas sociais.


A mesma Professora Angela, quando perguntada sobre os altos índices do trabalho informal no Brasil, respondeu “lamentar o empreendedorismo”.


Solange Ferreira (PMN) quis emplacar o tema litoral no debate. Mas não lembrava o nome da PR-407, rodovia estadual que faz a ligação entre a BR-277 e Pontal do Paraná. Travou em “Pontal do Paraná” e não conseguiu concluir a pergunta.


Em sua apresentação, Solange ainda disse “chegou a hora da mulher governar o Paraná”. A primeira governadora mulher do estado foi Cida Borghetti (PP), que assumiu o Palácio Iguaçu por oito meses em 2018, quando o ex-governador Beto Richa (PSDB) renunciou para disputar a eleição para o Senado.


Ricardo Gomyde (PDT), em um de seus primeiros discursos, saudou a inexistente “Universidade Estadual do Paraná”, sem citar qual específica. Depois, voltou ao tema, citando algumas. Aparentemente quis se referir à unidade de todas as universidades estaduais.


Viviane Motta (PCB) admitiu no início do debate que não tem a expectativa de que a eleição, e, por extensão, sua candidatura, resolva “os problemas da classe trabalhadora”. “É preciso colocar no debate eleitoral o quanto o capitalismo é um desastre para os trabalhadores e trabalhadoras”. Prioridades.


Já Roberto Requião (PT) encarnou o “Requião Paz e Amor” tentando amealhar simpatia de todas as legendas de esquerda. À candidata do Psol, convidou para compor seu governo. Ao candidato do PCO, disse ter “o maior prazer” em fazer uma pergunta ao “companheiro”. A única rusga foi dirigida a Joni Correia (DC), que perguntou ao ex-governador “quem enganou mais o paranaense com o pedágio, o senhor ou Ratinho Junior?”. Ao seu velho estilo, Requião respondeu: “pergunta malandra e mal intencionada”.


Créditos: Ricardo Sabbag - Gazeta do Povo.

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