OCTOGENÁRIO: Lula 80 com Presentes, Fantasmas e Abraço de Trump
- Nelson Guerra

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Por Nelson Guerra
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva completa 80 anos neste 27 de outubro de 2025. E, como todo bom aniversariante, ele não tem do que reclamar: os presentes estão chegando em profusão. Até parece que o Natal se antecipou — alguns mimos embrulhados com laços diplomáticos, outros entregues pela própria oposição, que parece ter se especializado em dar troféus ao governo de esquerda. Nem o mais otimista astrólogo de feira previa tantos agrados.

O aniversariante do Planalto, ao completar oitenta voltas em torno do sol, parece personagem de roteiro premiado: duas prisões declaradas injustas, retornos épicos e agora uma enxurrada de "presentes" que chegam como se o universo inteiro tivesse marcado data no calendário para parabenizá-lo. Da Indonésia veio um banquete com bolo e batik vermelho; na Malásia, Trump trocou farpas por elogios; e em Brasília, o Congresso bolsonarista embrulhou o descrédito opositor como um mimo indesejado. É quase como se os astros, em conluio com o Planalto, conspirassem para transformar a data octogenária num banquete de resiliência e oportunidades.
Tudo começou pela Ásia, onde o calendário diplomático parece ter GPS para aniversários: na quinta-feira (23), em Jacarta, o presidente indonésio Prabowo Subianto – recém-completados 74 anos – armou um jantar no Palácio Merdeka que começou como homenagem a ele e terminou como festa dupla para Lula. Vestido com uma camisa batik vermelha tradicional, Lula cortou o bolo e deu o primeiro pedaço ao anfitrião, e o segundo à Janja. Um gesto que mistura afeto com geopolítica.
PRIMEIRO PRESENTE: uma celebração que reforça Lula como ícone global de longevidade política — quase um Highlander da diplomacia.
Malásia: De Tarifaço a Toque de Mãos – Trump, o Elogiador Improvável
Mal pulou para Kuala Lumpur, e o que poderia ser um embate tarifário virou um script de reconciliação digna de novela das nove. No último domingo, véspera do seu octogenário, à margem da Cúpula da ASEAN, Lula e Trump se reuniram por cinquenta minutos — tempo suficiente para transformar o tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras (herança azeda de julho, motivada por "perseguições" a Bolsonaro) em promessa de negociações imediatas. Lula descreveu o papo como "ótimo, franco e construtivo", e Trump, que também se tornará octogenário em oito meses, soltou: "Ele foi perseguido, provou inocência e voltou para ganhar de novo. Impressionante!" É o tipo de elogio que faz qualquer octogenário se sentir com energia de 30 — ou pelo menos com fôlego para mais uma campanha.
No cardápio: suspensão temporária das tarifas durante as tratativas (pedido direto de Lula), revisão das sanções via Lei Magnitsky contra autoridades como Alexandre de Moraes, e um flerte bilateral — Trump até ventilou uma visita ao Brasil, com retribuição aos EUA. As equipes, incluindo o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio, já marcam rodadas em poucas semanas.
Lula ainda se ofereceu para mediar paz EUA-Venezuela, posicionando o Brasil como o "diplomata da casa". SEGUNDO PRESENTE: um Trump domesticado, pavimentando superávits comerciais (US$ 41 bi anuais) e estabilidade regional — perfeito timing para um aniversário que grita "renovação energética".
Brasília: O Deputado-Fantasma e o Conselho de Ética (Ética?)
Enquanto Lula colhia aplausos asiáticos, o Centrão em Brasília — essa orquestra de conveniências — arquivou, por 11 a 7 votos, o processo contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética. O "débil"? Articular o tarifaço nos EUA, acumular faltas como quem ignora o despertador e residir mais em Orlando do que no plenário. Eduardo, o impune: um parlamentar-fantasma que transforma "decoro" em piada de mau gosto. O relator, Delegado Marcelo Freitas (do partido de Sergio Moro), invocou "liberdade de expressão", mas a base petista, via Lindbergh Farias, já coleta assinaturas para o plenário — ou, no mínimo, mantém o circo em cartaz.
Lula, com sua franqueza octogenária, já tinha cravado: "O Congresso nunca teve tanto baixo nível como tem agora." E eis o bônus: esse corporativismo exposto vira munição ética para o lulismo, desgastando o bolsonarismo em declínio vertical (70% dos brasileiros rejeitam interferências externas, diz Datafolha).
TERCEIRO PRESENTE: o descrédito opositor, embrulhado para 2026 como lembrete de que a renovação vem da esquerda. A direita, em vez de se reinventar, entrega o eleitorado de bandeja — como quem esquece o presente no Uber e ainda culpa o motorista.
Hoje, Lula deve olhar para os Bolsonaros como quem agradece ao universo: caíram do céu como presente inesperado. O velhinho nem precisa se preocupar com concorrência — Bolsonaro fez o serviço completo, tirando adversários do caminho como quem varre o tabuleiro, de João Dória a quem mais ousasse sonhar com 2026.
A Doce Colheita: Por Que Esses Presentes São Perfeitos para os 80+
Em meio a sanções e faltas parlamentares, esses "mimos" cósmicos pintam um quadro de otimismo tropical. Economicamente, as tratativas EUA-Brasil podem zerar barreiras bilionárias, impulsionando setores como agro e aviação. Politicamente, o bolsonarismo tóxico autossabota, abrindo alas para reformas éticas que Lula prega: um Congresso transparente, longe de fantasmas. E o cerne? Aos 80, Lula emerge não como remanescente, mas como farol — com energia de 30, agenda de 100 e um lulismo que une o social ao global. Pelo menos é assim que pregam as autoridades esquerdistas.
Mais que aniversário, parece que Papai Noel — que também veste vermelho — decidiu antecipar os presentes natalinos para Lula. Aos 80, ele não está apenas comemorando longevidade política. Segundo o lulismo, está mirando um futuro onde o Congresso seja menos abrigo de fantasmas e mais espaço de trabalho e compromisso com o eleitor. Se conseguir cravar essa imagem na memória popular, o caminho para 2026 estará pavimentado com votos e esperança.
Apesar dos desafios e do Congresso que se nega a “olhar no espelho”, o futuro do Brasil pode — e deve — ser encarado com otimismo. O diálogo com potências, a força do agronegócio e a recuperação da credibilidade social criam um cenário onde o Brasil tem todas as condições de retomar sua posição de destaque global.
Hoje o velhinho sopra as velinhas com um sorriso no rosto — e motivos não faltam. Que o povo brasileiro, em breve, também tenha razões para comemorar.
(Nelson Guerra é comunicador e consultor em Gestão Pública; prepara planilhas enquanto aguarda o preço da picanha cair para também festejar)













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