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As apostas de Lula.

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.


Ainda no último trimestre de 2025, Lula começa a definir estratégias eleitorais para sua já assumida candidatura à reeleição no próximo ano. Animado com a turbinada que a pauta do tarifaço lhe concedeu, presente especial do seu querido amigo Eduardo Bolsonaro, o presidente se declara rejuvenescido e aos oitenta, se garante com a pretensa energia de quem tem trinta anos.


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Aliando a experiência política a uma detalhada análise do quadro eleitoral, o PT percebeu que só precisa carimbar a vaga do primeiro turno, com méritos que não o desqualifique para o segundo turno, onde as diretrizes que definem o voto são diversas. Desta forma, a estratégia é “fechar a casinha”, prestigiar a esquerda tradicional, com espaço e prestígio, para garantir a fidelização de um percentual que se aproxima de 20% do eleitorado e que pode crescer por falta de competidores no centro e principalmente na centro esquerda.


A leitura atual aponta inúmeros candidatos interessados em disputar o voto da direita e da extrema direita, ainda sem foco no eleitor de centro, partindo do pressuposto que a direita é majoritária no Brasil. Sim, a direita é maior que a esquerda, neste momento, mas está longe de garantir maioria absoluta do eleitorado porque boa parte decide o voto pelas circunstâncias alheias à ideologia, como o bolso e o coração, nesta ordem, sendo ainda mais relevantes que o posicionamento do candidato.


O momento mostra que os contendores querem garantir densidade do seu lado do campo, mas a divisão de espaço favorece Lula. Na direita são pelo menos cinco nomes (Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite), além dos nomes da família Bolsonaro, quase sem expectativas agora. Deste lado, Tarcísio aparentemente jogou mal ao cortejar em excesso a extrema direita, e o eleitorado raiz de Bolsonaro, por aumentar sua rejeição e limitar a necessária caminhada em direção do centro e apenas Ratinho Junior consegue se preservar e deixar livre sua área de atuação, sendo o mais leve para conquistar eleitores de centro.


Na esquerda, apenas a possibilidade ainda remota da candidatura de Ciro Gomes pode limitar o crescimento de Lula. Ciro Gomes, embora não seja o principal, é o adversário que cria mais dificuldades para o presidente por disputar votos exatamente nos segmentos mais importantes para Lula; o nordeste e a centro esquerda, que me leva a afirmar que a candidatura de Ciro Gomes, mesmo com os riscos inerentes de qualquer nome que compre o bilhete eleitoral, é fundamental para que os adversários não vejam Lula ultrapassar o teto de 40%. Difícil imaginar esta possibilidade, pela questão das legendas e suas ambições, mas Ciro Gomes seria, eleitoralmente, a melhor parceria, como vice, de qualquer dos nomes de direita, pelas razões expostas.


Com tanta disputa no campo da direita, situação que deve se prolongar até abril, Lula segue livre e solto, agora em plena campanha, ainda que a tinta de sua caneta só possa assinar benesses frutos de irresponsabilidade fiscal, porque não tem dinheiro sobrando, sempre tem um jeito de garantir indulgência a serem debitadas no contas a pagar de 2027.


Recue quatro ou cinco meses e você veria um presidente quase nocauteado, sem perspectivas, como o rombo das contas públicas e o escândalo do INSS quase o levando para a sepultura eleitoral e, por obra e graça da estratégia ridícula de Eduardo Bolsonaro e parceiros, o tarifaço americano foi o energético que estimulou a reação petista, agora com índices de aprovação ainda baixos, mas ascendente, rejeição em declínio e com as pesquisas apontando vitória confortável, no padrão brasileiro, contra qualquer nome no segundo turno.


O principal adversário, segundo as pesquisas, o governador paulista Tarcísio de Freitas não se mostra adepto de aventuras e, sem alteração substancial no quadro, não vai arriscar e mudar de cenário, simplesmente porque a missão de agradar, simultaneamente ao centrão e à família Bolsonaro é quase impossível e, de novo na minha opinião, apenas a água no pescoço represada pelos números de pesquisas, pode criar uma unidade, imprevisível neste momento, porque é muito mais confortável, neste quadro, que as legendas de direita se dividam em nomes alternativos, com Ratinho Junior crescendo nesta hipótese, aguardando o segundo turno para renovar a aposta ou sentar à mesa de negociação e escolher novos ministérios para o Lula IV.


Tudo muito distante e dinâmico. Nada definitivo, mas sem dúvida, a incompetência da direita, mais preocupada em dividir espaços que conquistá-los, foi superior a qualquer ação de Lula para a inflexão das pesquisas desde setembro. Todavia, Lula tem errado muito, interna e externamente, e, em algum momento, isto vai ser precificado.


Não se pode impunemente declarar que “traficante é vítima de usuário” ou chutar com frequência a canela americana porque pedir desculpas e jogar um charme não resolve tudo. Lula deveria ser mais silencioso, algo impensável para ele, assim como foi com Bolsonaro, e, também nas eleições, peixe costuma morrer pela boca.


Triste é constatar que é tudo apenas uma disputa de poder, decidindo quem vai comandar a divisão do espólio com os mesmos de sempre. União Progressista, Republicanos, PDT, PSD e várias outras estarão no poder porque elegerão seus candidatos ou porque precisam “abrir mão de suas posições porque a missão de garantir governabilidade é fundamental para o país”.


Logo após as eleições, enquanto o eleitor comum estará limpando as feridas e tentando reconstruir laços com amigos e familiares, porque as narrativas serão suficientemente convincentes para que tenham convicção que o demônio possuiu quem não pensa da mesma forma, os políticos estarão, de novo e mais uma vez, se reunindo e dividindo ministérios e chaves dos cofres públicos.


Projetos e ideias para o Brasil? Sim, muito importante, mas não dá tempo agora porque isto não ajuda vencer eleições.

 

 

 

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