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O silêncio da técnica e o estardalhaço político

Por: Kaio Feroldi Motta - Administrador


Em tempos de crise na saúde pública, o que mais se ouve são discursos inflamados, soluções fáceis e decisões que, à primeira vista, parecem atender o povo; mas, por trás da cortina de fumaça criada, o que está posto é um velho problema crônico: os desmandos políticos que sufocam tecnicidade.


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Nos bastidores do sistema, pessoas lutam para implementar decisões baseadas em evidências, dados e planejamento. No entanto, essas decisões — as que de fato resolveriam problemas estruturais — raramente ganham espaço. São silenciosas, impopulares e, pior (para quem vive em período eleitoral): não rendem manchetes, nem palmas, visualizações em stories, curtidas ou comentários positivos e que afagam o ego.


Enquanto isso, o palco fica ocupado por medidas populistas. Decisões revestidas de boa vontade, mas que desconsideram o planejamento, a manutenção e o impacto real a médio e longo prazo. O resultado? Serviços frágeis, demandas que só crescem e profissionais exaustos, operando milagres em silêncio, por medo de exporem a verdade, em um tempo em que a liberdade de expressão é cada vez mais parca.


Especificamente em se tratando de saúde pública, não se faz necessário apenas boas intenções. É preciso sabedoria para ouvir a técnica, humildade para admitir que nem sempre o que agrada é o que funciona e coragem política para decidir pelo melhor à população (ainda que esta não se agrade com a decisão). Ao invés de falar “o que a população quer ouvir", seria mais correto dizer “o que de fato vai resolver”.


A lógica da gestão não é (ou melhor, não deveria ser) a do espetáculo, onde nada do passado serve e só o presente se faz certo. A continuidade, a previsibilidade e a eficiência na gestão deveriam ser o cerne da questão. Mas, enquanto o que der voto tiver mais valor do que o melhor resultado, continuaremos a apagar incêndios ao invés de construir sistemas sólidos de atendimento à população.


Talvez a maior ferida da saúde pública brasileira, hoje, seja não somente a falta de recursos, mas também o excesso de vaidade e escassez de comprometimento com a tecnicidade das decisões. E isso, definitivamente, não se cura com discursos felizes, sorrisos escancarados e vídeos editados.

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