"Aqui, tudo o que é humano pode virar palavra".
O Bisbilhoteiro é danado! Inúmeras vezes recebi convite para uma parceria, porém me fiz difícil. Até que não resisti. Estreio, hoje, como sua colunista. Na verdade, acho que sou bem facilzinha. Mas, não contem isso para a chefia, tá.
Resolvi nomear a coluna de "Bisbiver com Ivana Veraldo". Bolei uma palavra, juntando uma parte do nome do site, "bisbi", ao verbo "ver". E vou explicar essa invencionice.
Bisbi
Bisbilhotar tem, entre outros significados, o de investigar (futricar) e comentar o que se passa por aí. Esse ato, com essa denominação, transparece a leveza que pretendo dar aos meus textos, para que alcancem um público diverso. Obviamente, usarei tudo o que aprendi e experimentei na longa carreira de pesquisadora e professora universitária.
Ver
Gosto muito do escritor português José Saramago. Roubo, da epígrafe do seu livro Ensaio sobre a cegueira (1995), a frase: “Se podes olhar, vê; se podes ver, repara”. O olhar é o ato biológico de enxergar. Já ver e reparar são dimensões de um ato cognitivo, racional e interpretativo. Para ver e reparar, é preciso ir além do aparente, do senso comum, da emoção, da simples experiência ou das opiniões. É necessário exercitar a capacidade de avaliar, discernir e refletir sobre temas e situações variados. Assim, me aproprio do significado do ver e reparar para Saramago e o sigo na aventura de observar e interpretar a sociedade.
Bisbiver
A intenção, nesta coluna, é a de publicar crônicas, comentários e críticas sobre temas variados que atravessam esse nosso mundão. O desafio é o de fugir da escrita acadêmica e optar por um texto claro, leve e compreensível, mesmo para os que não tenham familiaridade com os temas que serão abordados. Essa leveza no formato será acompanhada de uma visão profunda, ampla e diversa dos temas.
Os temas
Prometo variedade. Tudo o que é humano, não me escapa. Músicas, livros, filmes, notícias frescas, uma história contada pela vizinha, fatos do cotidiano, experiências por mim vividas, etc. Tudo serve de pretexto para uma coluna. Algo que na aparência parece banal, pode ocasionar profundas reflexões. Como dizia vó Alexandrina, dá para tirar água de pedra.
Estranhamento
Sugiro ao leitor que cultive, junto comigo, o hábito de estranhar o que parece natural. Essa atitude foi recomendada pelo grande escritor Bertolt Brecht, no início do século XX. Ele escreveu:
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural e nada deve parecer impossível de mudar"
Na coluna Bisbiver, bisbilhotaremos, veremos e estranharemos. Convido vocês a me acompanharem nessa viagem.
