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A Extrema Direita e o apoio a Comunidade LGBTI+

A política brasileira é um palco de reviravoltas e discursos muitas vezes contraditórios, especialmente à medida que o pleito de 2026 se aproxima. Nos últimos tempos, temos assistido a um fenômeno peculiar: figuras proeminentes da extrema direita, antes conhecidas por suas posições abertamente conservadoras e frequentemente anti-LGBT, parecem estar reformulando suas narrativas em uma tentativa de abraçar, ou pelo menos não antagonizar, essa comunidade. Dois vídeos em particular têm ganhado notoriedade nas redes sociais e ilustram bem essa guinada.


Em um deles, Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, afirma ter muitos amigos gays e expressa incompreensão sobre o apoio de parte da comunidade LGBTI+ à causa palestina, defendendo que, no Brasil, os LGBTI+ são acolhidos, pelo governo Bolsonaro inclusive. Essa declaração contrasta fortemente com o histórico do governo de seu marido, marcado por políticas e discursos que foram hostis à diversidade sexual e de gênero.


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Outro vídeo chocante mostra Damares Alves, conhecida pela polêmica frase "menino veste azul e menina veste rosa", declarando em uma entrevista que se identifica profundamente com as travestis e que é a favor das cotas trans. Para justificar sua posição, Damares chega a citar uma pesquisa realizada durante o governo Bolsonaro, que apontaria o alto índice de violência sofrido por essa população. É uma reviravolta digna de nota, vinda de uma figura que personificou o conservadorismo mais arraigado em relação às questões de gênero.


Essa aparente "conversão" da extrema direita, principalmente aquela que tem Bolsonaro como líder, é permeada por uma contradição profunda. O bolsonarismo, em sua essência, está fundado em princípios religiosos conservadores que historicamente se opuseram a pautas progressistas, incluindo os direitos da comunidade LGBTI+. A ideia de que essa mesma ala política agora defende acolhimento e cotas trans soa, no mínimo, inverossímil para quem acompanhou de perto seus mandatos e discursos.


A explicação para essa mudança de tom reside, em grande parte, no processo eleitoral de 2026 que se aproxima a passos largos. Alguns políticos, cientes da necessidade de ampliar sua base de apoio e de limpar a imagem, buscam se apresentar como mais moderados e inclusivos. Para eles, suavizar o discurso anti-LGBT pode ser uma estratégia para atrair eleitores que se sentem marginalizados ou que buscam um centro político. Por outro lado, há aqueles que preferem manter ou até mesmo radicalizar seus discursos extremistas, visando garantir visibilidade e solidificar o apoio de seus nichos eleitorais mais fervorosos.


A importância da memória e da consciência para o eleitor diante desse cenário de discursos fluidos e interesses eleitorais, e a avaliação política e social tornam-se ferramentas indispensáveis para o eleitor. É crucial que a população não caia nas armadilhas eleitorais que começam muito antes do dia da votação.


É fundamental lembrar o histórico de cada político, suas ações e declarações pregressas, e não apenas o que dizem em um período pré-eleitoral. As pautas defendidas e as políticas implementadas durante um mandato são mais reveladoras do que qualquer discurso de última hora. A comunidade LGBTI+ e seus aliados, em particular, devem ser vigilantes para não serem usados como massa de manobra em estratégias que visam apenas votos, sem um compromisso real com a defesa de seus direitos e a luta contra a discriminação.


A política exige um olhar crítico e uma análise profunda das intenções por trás das palavras. O eleitor consciente é aquele que não se deixa iludir por discursos convenientes, mas que avalia o passado e projeta o futuro com base em fatos e coerência ideológica, alô população LGBTI+, atenção… Que é para que um dia, tenhamos de sucesso os nossos sonhos coroados.

 

Leonna Moriale

Travesti Arte'ativista


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