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Teologia e política: uma reflexão sobre o papel da igreja na transformação da sociedade

Charles Van Engen (missiólogo) afirmou: “A igreja não existe para servir a seus membros, mas consiste em membros que existem para ser povo de Deus, participando da sua missão no meio da comunidade e servindo a outros”.

 

Essa declaração deve fazer com que repensemos nossa atuação cristã (ampla), mas quero destacar aqui especialmente o contexto político, tão marginalizado (como uma atuação podre e corrupta), mas também muito mal interpretado (como se o poder fosse para governar e não para servir). 


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A igreja de Cristo foi chamada para imitá-lo: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” (1 Coríntios 11.1). A intenção do apóstolo Paulo neste texto é dizer para nós o seguinte: Imitem a mim e olhem o que eu faço: eu imito a Cristo. Cristo veio para servir e dar a sua vida em favor da sua criação - “... o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos (Mateus 20.28).

 

Sendo assim, quando a Igreja vai para o contexto político (ou qualquer outro) a ideia é SERVIR (e não governar).

 

A Bíblia nos ajuda com isso e para isso, podemos nos inspirar na história de Neemias, um copeiro que se tornou governador e transformou a realidade de sua época.

 

O relato bíblico de Neemias (Neemias 2.1-5) mostra um homem movido por um profundo senso de missão. Ao perceber a destruição de Jerusalém, ele busca em Deus a direção para agir e obtém autorização real para reconstruir sua cidade.

 

Na época de Neemias, Jerusalém estava destruída, socialmente desigual e espiritualmente fragilizada. A corrupção permeava a sociedade, a religião havia sido deturpada e os poderosos exploravam os vulneráveis. Em nossa época encontramos situações semelhantes em diversos contextos políticos e sociais, onde a injustiça, a corrupção e o nepotismo ainda são desafios gritantes.

 

Há alguns elementos fundamentais da ação de Neemias. Vou destacar aqui cinco pilares que fundamentaram sua atuação:

 

1.    Preservação da adoração a Deus – Neemias compreendia que a fé do povo estava profundamente ligada à centralidade do Templo. Por isso, empenhou-se na restauração de Jerusalém, não apenas como uma cidade física, mas como um lugar onde a adoração verdadeira fosse revitalizada, garantindo que os levitas e sacerdotes pudessem desempenhar seus papéis sem impedimentos.

2.    Valorização das Escrituras – Em parceria com Esdras, Neemias promoveu um retorno à Palavra de Deus, incentivando a leitura pública da Lei e a instrução do povo. Esse resgate trouxe renovação espiritual, fortalecendo a identidade do povo de Israel e alinhando suas práticas à vontade divina.

3.    Prática da justiça – Neemias demonstrou zelo pelo bem-estar do povo ao confrontar abusos, como a exploração dos mais pobres por meio de juros exorbitantes e a corrupção entre os líderes. Ele exigiu que as autoridades assumissem um compromisso com a equidade e a solidariedade, promovendo justiça social.

4.    Compromisso com a missão – Desde o início, Neemias manteve clareza sobre seu propósito: restaurar os muros de Jerusalém e fortalecer o povo espiritualmente. Mesmo diante de oposições e desafios, permaneceu firme, confiando em Deus e liderando com coragem e determinação.

5.    Amor ao próximo – Sua liderança não foi apenas administrativa, mas também marcada por empatia e serviço ao povo. Neemias preocupou-se com os necessitados, ajudou a reconstruir vidas e trabalhou para restaurar uma comunidade unida, onde o cuidado mútuo refletia os valores divinos.

 

Esses princípios que emanam da Bíblia podem guiar a igreja no envolvimento com a política hoje.

 

Muitos cristãos veem a política como um mal necessário ou evitam envolvimento por medo de corrupção. No entanto, a verdadeira transformação política e social ocorre quando pessoas comprometidas atuam na construção de uma sociedade mais justa. E esse deveria ser o ideal de todo cristão – servir à sua comunidade, promovendo transformação.

 

Mas não se engane: a participação política não se limita a cargos eletivos. Existem conselhos municipais, associações e outras instâncias de decisão onde a igreja pode (e deve!) fazer diferença. É necessário conhecer e fiscalizar a administração pública, promover transparência e apoiar lideranças éticas.

 

A política partidária frequentemente transforma o debate público em uma arena de disputas ideológicas acirradas, onde a boa política – aquela comprometida com o bem comum – se perde em meio a polarizações que anulam o senso crítico (e algumas vezes até eliminam a inteligência). Em vez de buscar soluções práticas e coletivas, os debates são reduzidos a embates entre lados opostos, criando um ambiente onde a construção de pontes se torna praticamente impossível.

 

Essa realidade faz com que muitos cristãos responsáveis e éticos se sintam desmotivados a se envolver na política, pois percebem um cenário de intransigência e manipulação. No entanto, é justamente nesse contexto que a igreja pode exercer um papel fundamental ao resgatar a essência da política como um meio de serviço à sociedade, promovendo o diálogo e a justiça social sem cair em extremismos.

 

A boa política deve ir além das fronteiras partidárias e ideológicas, buscando a ética, a equidade e o bem-estar da população. Para isso, é essencial que os cristãos cultivem uma postura crítica, informada e proativa, discernindo os reais interesses por trás dos discursos políticos e incentivando uma cultura de participação responsável e transformadora.

 

Há algumas ações práticas para um tenhamos um envolvimento transformador:


  • Conhecer a realidade local – Investigue a estrutura política da sua cidade, compreenda seus desafios e busque informações diretamente das fontes oficiais.

  • Compartilhar conhecimento – Informe sua comunidade sobre decisões políticas que afetam a população e promova ações de conscientização.

  • Participar de instâncias políticas – Engaje-se em conselhos municipais, audiências públicas e movimentos de fiscalização.

  • Apoiar lideranças éticas – Eleja e cobre posturas coerentes de representantes políticos.

  • Atuar em projetos sociais – A verdadeira política começa no serviço à comunidade.


Neemias mostra que é possível transformar realidades através de ações concretas, alinhadas à justiça e à fé. Como cristãos, somos chamados a ser sal e luz na sociedade, promovendo mudanças que reflitam os valores do Reino de Deus. Que possamos assumir esse compromisso e atuar para construir cidades mais justas e tementes ao Senhor.

 

Que Deus nos ajude!

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

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