Solidariedade ideológica é mais importante que humanidade?

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.

Quero me aventurar por um tema espinhoso, do qual tenho pouco domínio, inclusive porque as informações são sempre contraditórias. Refiro-me à Faixa de Gaza e tudo que tem acontecido naquela pequena porção de terra, banhada com o sangue de inocentes e sob a contemplação inerte de todos.

Acho que o start desta situação, nesta etapa do conflito histórico, foi o ataque insano do Hamas, cruel e desumano que matou inocentes de maneira covarde. Desumano!

A reação israelense ocorreu alguns dias depois com ataques focados em alvos específicos, mas que atingiram centenas de inocentes, também matando crianças e inocentes. Desumano!

Depois disto, as atrocidades se seguem em ritmo absurdo, com atentados em ambas as direções, com vidas sendo ceifadas para que políticos satisfaçam seus egos, exerçam o poder sobre a vida de inocentes e cobrem solidariedade de seus aliados.

O mundo se divide entre aqueles que condenam o Hamas e aqueles que o fazem contra Netanyahu, sempre por razões ideológicas. Todo dia tem vídeo, foto ou depoimento do massacre de crianças, velhos e inocentes porque a m.... da ideologia é mais importante?

Que mundo abusivo que vivemos, onde a identidade ideológica supera a humanidade?

Gente de esquerda se omite na condenação de seus parceiros ideológicos.

Gente de direita se omite na condenação de seus parceiros ideológicos.

(Mesmo texto, na ordem mais tradicional, da esquerda para a direita, para evitar tilt nas mentes dominadas).

Por que a solidariedade burra me obriga a omissão? Por que bandidos do meu espectro ideológico precisam ser contemporizados? O sangue das crianças dizimadas por determinação de monstros da direita ou da esquerda são diferentes?

Qual a religião que os ensinou que a alma de crianças filhos de pais ou pátrias de um ou outro lado ideológico são diferentes?

Por que devo chorar apenas pelas vítimas daqueles por quais tenho desprezo ideológico?

Basta!

Tomado por uma Ira Santa, me concedo o direito de condenar a todos, Netanyahu, Hamas, ou qualquer monstro de qualquer nacionalidade, de qualquer religião que coloque seus interesses à frente da vida de inocentes.

Quero berrar e registrar por todos os canais que me forem possíveis, dando voz e letras à minha indignação.

Quero cobrar líderes de esquerda e de direita que se acovardam de suas missões de condenarem o genocídio, o suicídio em massa, o massacre insano e tudo que se vê em mais um capítulo sangrento da guerra na Faixa de Gaza.

Não consigo identificar lideranças inocentes israelenses ou palestinos. Meus olhos apenas conseguem perceber o massacre, genocídio, porque nenhuma outra palavra define melhor, de crianças que morrem de fome, de sede e de bombas e balas do lado contrário.

Clamo por um mínimo de solidariedade e, por decisão estritamente pessoal, passei a condenar também todas aquelas lideranças, brasileiras ou estrangeiras, que se acovardam na condenação formal da morte de mais de cinquenta mil pessoas no confronto cruel.

Apenas espero que a Ira Santa, que une todas as pessoas de bem, possa operar milagre de permitir que o diálogo supere as ambições e os interesses econômicos que se estabelecem acima da vida de milhares de crianças.