Quando a Itália disse sim à democracia – E por que isso nos diz respeito até hoje

2 de Junho: Dia da República Italiana, mais que uma data, um legado

*Por Renata Bueno, ex-parlamentar italiana e advogada

O dia 2 de junho é uma data que carrego no coração com profunda emoção e respeito. É o Dia da República Italiana, ocasião em que relembramos um marco decisivo da nossa história: o referendo popular de 1946 que pôs fim à monarquia e instaurou a república na Itália. Mais do que uma mudança política, foi a expressão viva da vontade de um povo que escolheu a liberdade, a democracia e a reconstrução após os horrores da Segunda Guerra Mundial.

Renata Bueno

Foi a primeira vez que as mulheres italianas puderam votar, um símbolo de avanço civilizatório e de inclusão democrática que não podemos esquecer. Aquela escolha, feita nas urnas por milhões de italianos e italianas, nos ensinou que a soberania de um país pertence ao seu povo. E que a democracia se fortalece quando todos têm voz e vez.

Como ex-parlamentar italiana e representante dos nossos compatriotas fora da Itália, acredito que o 2 de junho também nos convida à reflexão sobre o papel da Itália no mundo, especialmente entre aqueles que, como eu, têm dupla cidadania ou vivem a italianidade além das fronteiras do país. Somos herdeiros desse legado republicano e temos a responsabilidade de mantê-lo vivo, cultivando os valores de justiça, solidariedade, participação e respeito às instituições.

É fundamental que os cidadãos italianos no exterior conheçam e celebrem essa data tão importante para a história da Itália. Compreender o significado do Dia da República é reconhecer a luta do nosso povo por liberdade e dignidade, e reforçar nosso vínculo com a nação italiana – mesmo à distância. Cada descendente, cada cidadão, cada jovem de origem italiana tem o direito e o dever de saber de onde viemos e o que conquistamos coletivamente como povo.

A República Italiana é feita não apenas do que acontece em Roma ou nas regiões italianas. Ela também pulsa nas comunidades italianas espalhadas pelos cinco continentes, que mantêm viva a cultura, a língua, a economia e as tradições da nossa pátria-mãe. Somos milhões de italianos no exterior que amam e servem a Itália com orgulho, defendendo seus interesses, promovendo sua imagem e contribuindo para o diálogo internacional.

Neste 2 de junho, renovo meu compromisso com a causa pública, com os direitos da nossa gente e com a construção de pontes entre o Brasil e a Itália, entre as novas gerações e a história que nos formou. Que possamos, todos, celebrar a República com gratidão, consciência e esperança.

Viva a Itália! Viva a República!