O Chupim, o Tico Tico, a Esquerda e a Direita
- Joel Geraldo Coimbra

- há 5 minutos
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A história da direita e da esquerda no Brasil é como a fábula do Tico Tico e o Chupim. O Chupim, esperto e preguiçoso, dizem, coloca os seus ovos no ninho do Tico Tico, que choca e cria os seus filhotes. Estes, maiores e mais fortes, consomem a maior parte dos alimentos do ninho e, assim, costumam matar de fome os filhotes do Tico Tico. Desse jeito tem sido a relação da direita com a esquerda no Brasil. Afastada, em tese, do poder, desde que os militares decidiram devolver aos civis a direção do país, a direita continua no governo, através de estratégias sutis e bem elaboradas.

Assim aconteceu em 1985, quando o PMDB, que na época se identificava como partido de esquerda, pero no mucho, aceitou ceder a vaga de candidato a vice-presidente na chapa do Tancredo Neves, PMDB, a José Sarney, PDS, braço civil de sustentação política da ditadura militar. Com essa estratégia a direita foi absolvida dos seus pecados contra a democracia e os direitos humanos, bem como ganhou lugar de honra entre os convivas que acabavam de chegar ao poder, como beneplácito de continuar no governo e governando, com a mesma desenvoltura do tempo da ditadura militar. Tal foi a desenvoltura da direita, que os PMDBISTAS da época, constrangidos até hoje, não cansam de repetir, nós fomos governo, mas não fomos poder. Uma balela!
Pois bem, em 1994, depois que o Lula recusou o convite para ser candidato a vice-presidente na chapa do Fernando Henrique Cardoso, a direita, representada pelo António Carlos Magalhães e o Marco Maciel, novamente entraram em cena e foram até ele oferecer o apoio desinteressado de sempre, “pelo bem do Brasil” (palavras do ACM). O FHC aceitou e assim continuou na festa, mandando e governando.
Em 2002, depois de aprovar a reeleição do FHC para evitar a eleição do Lula em 1998, a direita percebeu que ele continuava imbatível e, para continuar no banquete, tratou de lhe oferecer o apoio desinteressado de sempre. Assim, com o Senador José de Alencar, estrategicamente deslocado do PMDB para o PL, partido do Bolsonaro, continuou no poder, governando e mandando, novamente sob as bençãos da esquerda.
Em 2018, sem candidato viável e sem condições de se encostar na esquerda, a direita ganhou a eleição com o Bolsonaro, que não era o seu candidato, mas uma vez eleito e empossado, cedeu ao canto da sereia e aceitou o apoio desinteressado da direita.
Hoje, refém do Bolsonaro e da sua família, a direita, perplexa, busca um candidato para chamar de seu, e não será surpresa se, repetindo a fábula do Chupim e o Tico Tico, torne a colocar seus ovos no ninho da esquerda, afinal, apesar de algumas escaramuças, eles se deram muito bem enquanto estiveram juntos.
Por isso, é bem provável que retorne ao ninho da esquerda com um candidato a vice-presidente na chapa do Lula. Os marcadores de cenário apontam nessa direção e as cartas estão sendo bem jogadas. É só aguardar.














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