Mato, Natal e Zeitgest

Por Clóvis Melo, jornalista e gestor

O prefeito de Maringá, Silvio Barros postou no Instagram as imagens de seu périplo pela Europa. Decorações de Natal – muito bonitas, diga-se de passagem – foram as primeiras novidades da viagem de Silvio, direto de Frankfurt, na Alemanha.

Nos comentários da postagem, além dos aplausos de praxe (até de gente que, há pouco tempo, criticava a realização do Natal), reclamações da viagem em si e de problemas pela cidade – entre eles, mato alto em terrenos, ruas e avenidas.

Para que fique bem claro: não acho ruim que um prefeito viaje para conhecer e trazer soluções para a cidade. É bom ver como se resolvem as coisas em outros lugares, seja com criatividade, seja com inovação tecnológica, ou ambos. 

Den moment

O problema é o timing, como dizem os americanos, ou den moment em alemão. A viagem de Silvio é extremamente questionável, por força do momento. É ruim demais para a imagem de um prefeito que prometeu resolver todos os problemas que afligem a população, partir para o Velho Continente cerca de um mês após ter assumido a administração da cidade. Não é preciso ser político ou marqueteiro para ver que isso desgasta Silvio já no início de sua gestão. “Mas já?” foi um comentário recorrente nas redes do prefeito.

Zeitgeist

Faltou o entorno do prefeito, além do próprio, avaliar o espírito do tempo. Entre as ideias e crenças que definem nossa época atual (o tal Zeitgeist, em alemão), está a intolerância da população para algumas atitudes de um administrador público.

Der Busch übernahm

A questão do “mato que tomou conta” (traduzindo a expressão acima) não é de simples resolução, e explico. A cidade é grande, os servidores municipais não dão conta de fazer tudo sozinhos, as empresas contratadas oferecem preços baixos nas licitações e depois têm dificuldades para cumprir os contratos a contento, pedem aditivos, enfim… E as mudanças climáticas trouxeram regimes de calor e chuvas que propiciam o crescimento mais rápido do matagal. Além disso, vem a informação que, lá para os lados da Avenida das Indústrias, a relação entre os servidores municipais e o novo secretário não anda lá essas coisas.

É um baita desafio e a população, impaciente, não quer saber dos motivos. Quer roçada feita. E pronto. Ponto.

Wie lange sind Flitterwochen?

Lembram quando eu escrevi aqui na coluna sobre a “lua de mel” da atual gestão, que dependendo de ações do prefeito ou secretários ela poderia cair do usual 1 ano para menos de 3 meses? Atualização em andamento – ou aktualisierung läuft!