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"Lacrar" é a regra!

Por: Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.


O termo correto é cyberbulling, mas, como brasileiro não perde tempo, na prática virou “lacrar” alguém. Esse é o tema do nosso artigo, com o pedido desculpa pela linguagem de tiozão e por usar gírias que venceram no mês passado (uma eternidade aqui nas redes).


Produto da Era Digital que patrocinou voz e vez a todo cidadão comum, as redes sociais também impuseram regras de comportamento e até mesmo impõem doutrinas que se estabelecem com eficiência no comportamento das pessoas.


Neste sentido, o Instagram gerou um comportamento quase insano de seus usuários, colocando o registro de atividades, eventos ou mesmo do cotidiano, via foto de celular, como um impositivo da vida moderna. Se você não fotografa, você se sente um “peixe fora d`água”. Mas, acredito, o impacto do Tik Tik é ainda mais significativo.



Algo como tornar regra elementar, o “Se vira nos trinta”, velha atração do programa do Faustão, agora você precisa ser direto e reto, se comunique no mínimo de tempo porque ninguém tem mais que trinta segundo para dedicar às suas postagens ou para suas conversas. O fenômeno é tão intenso, principalmente nos jovens, que cobrou uma adequação de escolas e professores além de alterar o comportamento social. Mas foi o ato de “lacrar” que, atualmente, mais promove estragos nas relações sociais e, como derivado, o “cancelamento” de muita gente.


Paradoxalmente, a rede que deu voz a milhões também fulanizou a quase todos. De repente, você está comentando uma postagem do Pará, respondendo um comentário da Bahia ou mesmo curtindo uma foto de seu ídolo americano.

Ninguém te conhece, não é alguém próximo, e, por isso, todos ficam à vontade para chutar o balde, boa parte dos usuários, protegido pelo relativo anonimato, ou mesmo por perfis fakes, deixam a educação na porta das redes e liberam o instinto animal.


Este procedimento, ora rotineiro, se popularizou nas eleições nacionais, onde defender o adversário equivalia a se aliar ao satanás, merecendo todo tipo de impropérios e acendendo a chama do rancor e do ódio. Ocorre que esta postura extrapolou para qualquer tipo de intervenção nas redes e, ganhando corpo, chegou às ruas com força, criando uma necessidade das pessoas “lacrarem” as demais, com sentenças ou julgamento definitivos, sem juízo de valor, mas gerando um constrangimento absurdo, forte o suficiente para intervir nas levezas das interações cotidianas.


Com gente famosa, a penalização é ainda mais eloquente, gerando o cancelamento social de quem fez declarações indevidas, sem ética ou politicamente incorretas, como se todos nós não estivéssemos, em algum momento, sujeito a cometer deslizes. Com a velocidade das redes, não dá tempo pra se arrepender; errou, liga para funerária e encomenda o enterro social.


O tipo despachado, quem não tem um amigo assim?, ou o padrão tiozão, que adora uma piadinha indevida e até os machistas resistentes que não perdem um comentário homofóbico ou algo parecido, estão com suas sentenças prontas e, ao menor deslize, serão assinadas até por gente próxima, amigos e familiares. Em pouco tempo, para o bem ou para o mau, as relações humanas estarão afetadas pelo padrão Tik Tok.


Finalizo, registrando como é chato que se faça um comentário simples, despretensioso e se receba uma lacrada, um comentário ácido que nos humilha ou mesmo nos constrange, causando danos até na nossa autoestima.


Pense nisto!


Ah, mas eu não gostei do texto! Também você sempre foi analfabeto mesmo e não liga para nada que não seja novela ou futebol. (Desculpa, é apenas um exemplo daqueles que os lacradores adoram).

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