INVERSÃO DA PRIORIDADE: A LIÇÃO QUE NÃO SE ENSINA
- Kaio Feroldi Motta

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Por: Kaio Feroldi Motta.
Administrador, Especialista e Mestre em Organizações & Empreendedorismo.
A obsessão do mercado por currículos recheados de competências técnicas e anos de experiência, muitas vezes, cega líderes e empresários para um fator crucial: o caráter. Claro que isto é importante, mas ainda que no universo corporativo infelizmente, a máxima de que "os fins justificam os meios" ainda exista, o fato é que a priorização do preparo técnico acima da essência humana é, a longo prazo, um erro estratégico. É fundamental reconhecer o que pode ser ensinado e aprimorado, ao contrário da integridade e dos valores morais, que não são matérias disciplinares.

Apostar exclusivamente na performance, ignorando o lado ético e moral do indivíduo é uma bomba-relógio para qualquer empresa. Quando se toleram certos tipos de atitudes ou condutas moralmente duvidosas – ainda que pequenas – sob o prisma de que a excelência dos resultados gerados é um fator compensatório, inicia-se a semeadura do insucesso. No curto prazo, pode até haver um pico de produtividade, mas a colheita não será pautada pela sustentabilidade. Com o tempo, tal filosofia esvazia o propósito e destrói o senso de comunidade, provando que o sucesso construído sobre bases fragilizadas no campo da moralidade é, na verdade, um fracasso adiado (e que custa caro).
É preciso sempre lembrar que a inversão de prioridades — o foco no "saber fazer" e não no "ser" — tem consequências diretas e visíveis no clima de trabalho. Onde os valores são negligenciados, a insegurança se instala, a rotatividade de talentos dispara e o ambiente se torna deletério. O custo – e o tempo – investido no treinamento de colaboradores pode até ser alto, mas o tempo e o recurso despendidos tentando corrigir desvios de caráter, ou tentando moldar a moral de um indivíduo adulto aos valores da empresa, é perda de tempo [e de recursos] irrecuperável.
Uma equipe pautada e liderada por pessoas de valores morais inegociáveis torna-se um ativo incomensurável. A integridade de um colaborador cria um ambiente seguro onde, onde a lealdade e o aprendizado acontecem mais rapidamente e com resultados consistentes. Pessoas de caráter ilibado, mesmo que iniciantes em uma função, absorvem o conhecimento com celeridade e geram uma cultura organizacional coesa. É essa base que sustenta o crescimento e permite que o treinamento técnico germine de forma duradoura.
O desafio dos líderes modernos não é apenas encontrar profissionais capazes, mas indivíduos confiáveis. É crucial que empresários e executivos compreendam que, embora treinar um colaborador seja um trabalho árduo e que leva tempo, é um investimento que se paga, ao contrário de insistir na tentativa de ensinar caráter (uma maratona que se perde desde a largada). A chave para a consolidação de uma cultura organizacional de sucesso reside em recrutar e reter aqueles que já chegam com a fundação moral pronta, permitindo que a técnica se torne complemento – e não o substituto – da integridade.













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