Humildade: quando deixamos de ser o centro
- Christina Faggion Vinholo

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Christina Faggion Vinholo, teóloga
Especialista em AT e NT.
O apóstolo Paulo, em diversas de suas cartas, exorta os cristãos a viverem em humildade. Ele escreve aos filipenses: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Fp 2.3–4). Na perspectiva bíblica, humildade não é uma postura de inferioridade ou desprezo por si, mas a disposição de tirar o próprio “eu” do centro e colocar Cristo no lugar que Lhe é devido.

Tim Keller expressa isso com sensibilidade ao afirmar que “ser humilde não é pensar menos de si, mas pensar menos em si.” Ou seja, humildade não se manifesta em autodepreciação, mas em libertar-se da necessidade de girar tudo ao redor de si mesmo; é viver para além de si, à luz da glória de Deus e do bem do próximo.
A arrogância nasce quando perdemos a perspectiva correta de quem somos diante de Deus. Somos criaturas dependentes, salvos pela graça (Ef 2.8–9), chamados a nos gloriar apenas na cruz de Cristo (Gl 6.14). A verdadeira humildade nasce do evangelho: ao reconhecer que tudo o que temos é dom imerecido (1Co 4.7), somos libertos de precisar provar nosso valor. A cruz revela o quanto éramos indignos e o quanto fomos amados. Isso nos protege tanto da soberba quanto da autocomiseração.
Paulo apresenta Cristo como nosso maior exemplo. Aquele que, sendo Deus, “se esvaziou, assumindo a forma de servo” (Fp 2.7). Cristo não se diminuiu em essência, mas renunciou à sua glória visível por amor. Assim, humildade não é negar dons, capacidades ou conquistas — é colocá-los a serviço do Reino, e não da autopromoção.
Na vida cotidiana, isso significa:
• Deixar de reagir como se tudo girasse ao nosso redor.
• Ouvir mais do que falar, e servir mais do que exigir.
• Celebrar conquistas alheias sem sentir ameaça.
• Aceitar correções sem defensividade, porque nosso valor não depende da perfeição.
• Viver com liberdade emocional, pois quem descansa em Cristo não precisa disputar espaço.
Agostinho dizia que a humildade é a primeira, a segunda e a terceira virtude do cristão. Porque somente um coração humilde pode atender ao chamado de Jesus: “negue-se a si mesmo” (Lc 9.23). E apenas quem faz isso é capaz de amar verdadeiramente.
Ser humilde, portanto, não é diminuir quem somos, mas reconhecer Quem é Aquele diante de quem somos. Quando Cristo ocupa o centro, a vida ganha leveza, a alma descansa e o próximo ganha espaço.
Que nossa oração seja:
“Senhor, livra-nos de viver para nós mesmos. Que Cristo seja o centro, e que nossa vida seja testemunho disso — em nome de Jesus, amém.”
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