Guto Silva, o preferido?

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.

Confidências vazadas do alto escalão do governo paranaense, parecem sustentar a versão de que o Secretario das Cidades Guto Silva é o nome preferido do governador Ratinho Junior como candidato da situação para a sucessão em 2026. Por enquanto, preferência não representa indicação.

O principal complicador é a inequívoca preferência do grupo político pelo presidente da Assembleia Alexandre Curi, opção prioritária de mais de duzentos prefeitos em exercício e número equivalente de ex-prefeitos, além de uma sólida maioria no legislativo estadual. O governador, sustentado por aprovação recorde de 80%, aparenta ter peso político para impor sua escolha e represar insatisfações, mas não se pode desprezar a força de Curi e até seu tamanho em caso de rebeldia.

O Senador Sergio Moro, líder das pesquisas, demonstra, depois de quase um ano de índices na faixa de 40%, que pode estar transformando recall eleitoral, que lhe garantiu a arrancada satisfatória, em voto definitivo, algo que tende a dificultar a caminhada do candidato da situação, seja qual for.

Importante também registrar a candidatura de Paulo Martins que sustenta índices entre 15 e 20% nas pesquisas pela boa identificação com o eleitor de direita e de seu alinhamento com Jair Bolsonaro, logo, à direita do candidato da situação, se encontram mais da metade das intenções de voto dos paranaenses, fato que consolida uma notória preferência do eleitor.

Lógico que Sergio Moro terá dificuldades de se ajustar em uma sigla que lhe conceda tempo no palanque eletrônico e conforto financeiro para a disputa porque é muito previsível que seus adversários trabalhem para fechar a porta das boas legendas, ainda assim a força dos números pode lhe garantir parcerias adequadas, permitindo uma sólida chapa legislativa, algo que ainda está longe de conseguir. O raciocínio é simples; qualquer candidato com leitura mínima dos números eleitorais, sabe que as legendas ligadas ao Senador poderão abrir acesso ao parlamento com até 20% a menos de votos nas urnas, sempre um excelente motivo para adesões oportunistas.

Ainda que uma união, que criaria um cenário complexo, entre Martins e Moro, seja inviável, a candidatura do Deputado Requião Filho pelo PDT, com a provável convergência de votos da esquerda, por ser a única opção, indica um piso de 15% para sua candidatura, resultando em um espaço ainda pequeno para o crescimento natural do candidato de Ratinho Junior.

A fotografia eleitoral atual indica que o candidato oficial não terá vida fácil por mais que o prestígio do governo, comprovado pelos índices de aprovação, é uma bela escada, deverá depender também do empenho da máquina do governo e das siglas aliadas, sendo razoável supor que as definições resultarão em grupos descontentes, com alto risco de evasão.

Informações indicam que o terceiro postulante, Rafael Greca reconhece a supremacia partidária de Alexandre Curi, mas não o faz em relação a Guto, por quem já foi preterido na Secretaria das Cidades. Além disto, o time de Ratinho tem um ótimo elenco a disposição, além dos citados, Beto Preto, Sandro Alex, Darci Piana, Ricardo Barros, Marcio Nunes e alguns outros campeões de voto que olham para as majoritárias, onde cabem no máximo quatro nomes, isto porque as composições nacionais podem, por exemplo, escalar o Deputado Filipe Barros com um bom nome e ótimo handicap para conquista de votos mais à direita, reduzindo ainda mais as vagas disponíveis.

Sem dúvida, haverão preteridos e o grande desafio de Ratinho Junior é fechar a escalação sem perder craques eleitorais para os adversários, em especial se contrariar aquilo que a classe política considera natural; a escolha de Alexandre Curi.

Guto Silva é também um excelente nome, transita com facilidade no grupo político, tem empatia eleitoral e bom diálogo com as demais forças partidárias, todavia não agrega um time da envergadura de Curi e precisará muito mais do governador para rodar as engrenagens e a grande dúvida é o emprenho efetivo daqueles que se considerem preteridos.

A liderança de Moro quase carimba, com antecedência sua ida ao segundo turno e exige mobilização para buscar em torno de vinte cinco pontos que sustenta de vantagem desde outubro de 24. É um nome leve, extremamente conhecido e, talvez, desta vez não cometa os erros e a ingenuidade que marca seu histórico político recente.

Outra questão relevante é que a resultante das composições nacionais, e a posição de Ratinho na cena final é que determinarão a força com que poderá atuar na eleição estadual. Se, e tudo é ainda é possível, Ratinho tiver apoio das siglas que abrigam Moro ou Martins, não lhe será concedida a liberdade de exercer a mesma pressão sobre sua base e talvez os índices de transferência de votos ocorra em taxas menores.

São ainda hipóteses, mas é justo afirmar que a escolha de Guto Silva como candidato da situação exige muito mais confiança de Ratinho em seu grupo político porque cobrará muito mais esforços de ajustes no seu time, de administração dos descontentamentos e, acima de tudo, de manter a fidelidade de dois nomes fundamentais no tabuleiro político estadual; Alexandre Curi e Rafael Greca.