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Dinossauros na sala de televisão.

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.


É inegável que estamos iniciando um processo gradual de transformação das atividades humanas, pela inserção de inteligência artificial em praticamente todas as áreas.


A IA, como já ocorre com as novas tecnologias, terá uma velocidade de implementação muito além da nossa imaginação, de tal forma que o mundo será muito diferente em menos de uma década e, acredito, quase a metade da população humana não tem capacidade de acompanhar as alterações.



Como nossos avós, diante do controle remoto das televisões, ou nossos pais sofrendo para se ajustar aos uber, ifoods e demais avanços totalmente incorporados ao cotidiano, nosso desconforto tende a ser ainda maior por conta da aceleração deste processo. Se eles tiveram vinte, ou pelo menos dez anos para adequação, a geração adulta, principalmente os jovens sexagenários, serão desafiados a interagirem com um novo mundo, tecnológico e interativo ainda nesta década. Literalmente tudo será diferente, a propósito espero, sinceramente que eu esteja exagerando porque não desejo ver meus netos levando canelada de robôs na pelada de sábado e nem mesmo espero que algo como o sexo tântrico se imponha como regra.


Reflito sobre a nossa capacidade de conviver com este novo mundo, a nossa reação talvez ache parâmetros nos indígenas transportados para a Europa, no século XXI ou, mais grave, algo como dinossauros teletransportados para a Revolução Industrial.


Olhando a pauta contemporânea, focada em debates insanos, sempre intensamente polarizados, sobre política ou aquecimento globalizado, penso que talvez esteja na hora de buscarmos consenso, ou pelo menos entendimento, que nos poupe tempo a ser direcionado para organizar um futuro próximo menos traumático.


A década de 30 terá uma população sem precedentes, talvez 40%, de habitantes acima dos 60 anos, portanto em provável defasagem com o avanço tecnológico, sofrendo as consequências de não estar apto para o mercado de trabalho ou mesmo para a rotina digital que já está sendo implantada. Teremos dois mundos em paralelo, o primeiro conectado e os demais apenas aptos para trocar mensagens nas redes sociais.


Um abismo muito mais profundo do que aquele que separa avós dos netos consumindo videogame. Resta-nos estudar como preparar a sociedade porque o choque geracional será sem precedentes. Atrevo-me a supor que saúde mental estará entre as maiores preocupações.


Uma querida amiga mineira, desde já, me informa que sua maior preocupação é exatamente esta, exigindo investimentos em autoconhecimento. Revisar valores e transmiti-los aos netos talvez seja imprescindível. Compreender que o ser precisa se sobrepor ao ter, de novo repetindo minha amiga, é, além de lição de vida, parâmetro importante para assegurar sanidade em um mundo onde valores espirituais são, de longe, superados pelo materialismo que segue implícito na evolução tecnológica.


Se geramos IAs cada vez mais humanos, quase aptos a reproduzir emoções humanas, o raciocínio pode nos conduzir ao insano, por nos aproximar de semideuses. Se a cada dia nos aproximamos da longevidade máxima, até os deuses da mitologia grega já foram superados.


Olho para a humanidade e vejo raríssimas ações de preparação para o novo tempo. O Japão com sua revolução educacional, iniciada em 2023, onde línguas, matemática, celular e computador são definidos como as únicas ferramentas capazes de equipar a próxima geração para o futuro que os espera, sinaliza que nossas respostas precisam de ajustes urgentes.


Olho para o Brasil e, com tristeza, veja grande parte da população mergulhada no ódio, investindo seu tempo em debates intermináveis e inconsequentes acerca da supremacia deste ou daquele grupo político, sem que nenhum deles tenha oferecido respostas, ou pelo menos sinalizado, para um enfrentamento dos reais problemas que nos esperam.


O Centrão os consome, o Supremo os oprime e a conta, cada vez maior, sobra para a população que, infelizmente, precisa se preocupar com a refeição de amanhã porque aprendeu que não tem almoço grátis.


Está sobrando pouco tempo para transformações substantivas, mas, no mínimo, que a elite política entenda que educação de nível e saúde mental serão essenciais para a próxima década.


Dinossauros na sala de televisão, como numa capsula do tempo, pode ser a realidade que nos espera.

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