BURNOUT VS. CANSAÇO: SAIBA DIFERENCIAR O ESGOTAMENTO PROFISSIONAL DA FADIGA DIÁRIA
- Kaio Feroldi Motta

- há 11 minutos
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Por: Kaio Feroldi Motta.
Administrador, Especialista e Mestre em Organizações & Empreendedorismo.
O ritmo acelerado da vida moderna, com suas inúmeras demandas profissionais e pessoais, tornou o cansaço uma experiência comum e quase diária para muitos. No entanto, é crucial distinguir a fadiga natural (resolvida com um bom descanso, atividades físicas e/ou a realização de um hobby) de um quadro clínico grave e incapacitante: a Síndrome de Burnout. Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, o Burnout é muito mais do que um mero "cansaço do trabalho", exigindo atenção e tratamento específicos.

O cansaço do dia a dia trata-se de uma resposta esperada do nosso corpo e mente ao esforço, físico ou mental, diante de uma longa jornada de trabalho; como resolver? Simples: uma boa noite de sono, um final de semana diferente do habitual, momentos de lazer ou a prática de esportes são suficientes para recarregar as energias e enfrentar novamente o ambiente de trabalho. Quando estamos cansados, é normal sentir um pouco de indisposição, sonolência e uma pequena dificuldade de concentração, mas ainda assim sentimos prazer em realizar determinadas tarefas.
Por outro lado, a Síndrome de Burnout é quando o esgotamento físico, emocional e mental leva a um estresse crônico e prolongado no ambiente de trabalho; não importa mais o que você faça, simplesmente não se consegue mais encontrar alívio. O cansaço se torna constante, não melhora com o descanso e é acompanhado por três fatores principais: exaustão, sentimentos negativos relacionados ao trabalho e redução significativa da eficiência e eficácia profissionais. A desmotivação é profunda e a tristeza diante das obrigações vira uma constância.
Além da mente cansada, os sinais do Burnout manifestam-se também fisicamente (dores de cabeça frequentes, problemas gastrointestinais, alterações no sono – seja pela insônia ou hipersonia, condição caracterizada pela sonolência extrema durante o dia, mesmo após noites de sono prolongadas), e queda da imunidade. No campo psicológico, a síndrome pode levar a quadros de ansiedade, depressão, irritabilidade, lapsos de memória e dificuldade extrema em iniciar ou concluir tarefas, mesmo as mais simples do nosso cotidiano. É a completa perda de energia e interesse, drenando a sua vitalidade em todas as áreas da sua vida; o que nasceu no ambiente profissional, com o tempo, acaba impactando também no lado pessoal.
Burnout não é brincadeira ou frescura: de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), o Brasil é um dos países mais afetados por essa condição, com cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrendo da Síndrome, colocando nosso país em 2º lugar no mundo em casos diagnosticados. E é exatamente por esse motivo – e pela importância do assunto – que o tema foi trazido nesta coluna, criada com o objetivo de trazer a você, caro leitor, assuntos relacionados à administração, empresas, negócios e gestão em geral. A intenção é reforçar a necessidade de as empresas tratarem o tema com seriedade, zelar por um ambiente de trabalho próspero e implementar estratégias de prevenção e suporte adequado aos seus funcionários.
Reconhecer a diferença entre a fadiga natural e a Síndrome de Burnout é o primeiro e mais importante passo e, para isso, ajuda médica e psicológica são fundamentais (só profissionais capacitados poderão realizar o diagnóstico correto). Porém, uma coisa é certa: enquanto o cansaço cotidiano faz parte da vida, o Burnout é uma doença séria que exige intervenção médica, psicológica e, muitas vezes, mudanças profundas no estilo de vida e no ambiente de trabalho. Diante de um esgotamento que perdura e compromete a qualidade de vida, procurar um especialista é fundamental para evitar o agravamento do quadro e iniciar um tratamento adequado.














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