Advento: quando a Esperança Reacende o Coração
- Christina Faggion Vinholo

- há 2 dias
- 3 min de leitura
Christina Faggion Vinholo, teóloga.
Especialista em AT e NT.
Antes que o Natal ilumine as ruas das cidades, ele precisa primeiro acender luz dentro de nós. Advento é esse convite silencioso, porém profundo: um chamado para lembrar, esperar e preparar o coração para Aquele que veio, que vem e que virá.

No calendário cristão, o Advento é tempo de espera. Não é uma espera vazia, mas cheia de memória e promessa. Olhamos para trás e contemplamos a primeira vinda do Filho de Deus, quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). E, ao mesmo tempo, olhamos para frente com santa expectativa, aguardando o retorno glorioso de Cristo, quando Ele renovará todas as coisas (Ap 21.5). Essa tensão entre memória e esperança molda nossa fé e nos ensina a viver com os pés na terra, mas com o coração ancorado no céu.
Neste tempo, encontramos em Maria um exemplo precioso. Ela recebeu a palavra do Senhor com temor e fé, respondendo: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1.38). Maria não produziu a salvação — ela a recebeu. E esse é também o nosso papel. A iniciativa é de Deus; nós apenas acolhemos, com fé obediente, aquilo que Ele realiza. Assim como Maria experimentou a visitação divina apesar do medo, também nós somos lembrados de que “o perfeito amor lança fora o medo” (1Jo 4.18). Deus continua nos visitando — não mais no ventre de uma virgem, mas pela presença viva do Espírito em nós.
As Escrituras testemunham que Deus cumpre o que promete. Os profetas anunciaram a vinda do Messias séculos antes de Belém (Is 9.6–7). E Cristo veio, no tempo perfeito do Pai. Da mesma forma, Ele nos assegura que voltará. É por isso que, mesmo diante das incertezas do mundo, temos uma esperança sólida: o nosso Deus é fiel, imutável e soberano. O Advento, então, não é mero simbolismo. É um lembrete anual de que estamos inseridos numa narrativa maior — a história da redenção. A salvação consumada em Cristo nos garante que o futuro não é um salto no escuro, mas a continuação da obra daquele que já venceu o pecado, a morte e o maligno.
Vivemos em uma época saturada de excessos: de agendas cheias, de expectativas irreais, de notícias que geram ansiedade. Por isso, o Advento não poderia ser mais necessário. Ele nos chama a desacelerar, a olhar para a Palavra, a realinhar o coração com as promessas de Deus.
– Em vez de apenas decorar casas, somos convidados a ordenar a alma.
– Em vez de apenas comprar presentes, somos chamados a receber o maior de todos eles.
– Em vez de apenas esperar o Natal, somos lembrados de esperar o Rei.
A vida com Deus é sustentada não por sentimentos passageiros, mas por verdades eternas. E o Advento reacende exatamente isso: memória, fé e esperança.
Cristo veio na plenitude dos tempos. Cristo virá em glória para renovar a criação. E Cristo vem hoje — pela sua Palavra e pelo seu Espírito — para habitar nos corações daqueles que o recebem com fé. Que este Advento reacenda sua memória, aprofunde sua fé e reajuste suas esperanças. Que a vinda de Cristo, em todas as suas dimensões — passada, futura e presente — oriente seus passos e ilumine seu coração. E que, ao aguardarmos o Salvador, possamos dizer com confiança renovada: “Maranata! Vem, Senhor Jesus.”
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Para aprofundar seu coração na Palavra hoje, leia e medite:
João 1.14; Apocalipse 21.5; Lucas 1.38; 1 João 4.18; Isaías 9.6–7; Gálatas 4.4–5; Tito 2.11–14.
E-mail: chrisvinholo@gmail.com
Instagram: @chrisvinholo















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