A I.A. é o Novo Funcionário? O Impacto da Inteligência Artificial na Estrutura Gerencial e Funções Administrativas
- Kaio Feroldi Motta

- há 23 horas
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Por: Kaio Feroldi Motta.
Administrador; Especialista em Gestão Hospitalar; Mestre Organizações & Empreendedorismo.
O mundo corporativo – ambiente de trabalho dentro das empresas – assim como o mercado de trabalho e o mundo dos negócios em geral, está em constante metamorfose, e a Inteligência Artificial (I.A.), aliada ao chamado Machine Learning (isto é, aprendizado constante, ao longo da vida) representam o catalisador das mudanças mais significativa na última década, mais intensamente nos últimos quatro a cinco anos. Enquanto que, no passado, a tecnologia era uma ferramenta de suporte, nos duas de hoje ela se posiciona como um co-piloto, redefinindo o valor e o modus operandi do trabalho humano. A questão que paira sobre as mesas de reuniões das grandes empresas é incisiva: a I.A. está apenas automatizando tarefas, ou se tornando o ‘novo funcionário global’, assumindo determinadas tarefas administrativas? O impacto desta revolução vai muito além da simples substituição, exigindo uma profunda reestruturação nas empresas (e aquelas que já começaram a pensar sobre isso, certamente estarão a frente quando esse assunto se tornar mais constante).

A I.A. possui um papel de destaque, sobretudo, na execução de tarefas previsíveis e repetitivas. Processamento de faturas, triagem de e-mails, geração de relatórios padronizados e gestão básica de inventário são exemplos de funções administrativas do dia a dia que estão sendo rapidamente absorvidas por algoritmos de automação e chatbots. Essa ‘nova’ onda (que já não é mais tão nova assim) esvazia a necessidade de cargos tradicionalmente dedicados a tais processos, permitindo que as organizações operem com estruturas mais enxutas. O resultado disso é uma maior pressão por eficiência, alterando o perfil de entrada e permanência no mercado de trabalho, elevando as exigências.
Com a I.A. encarregada dos processos, a figura do gestor migra de um supervisor de tarefas para um arquiteto de estratégias. Assim, o foco deixa de ser o ‘como está sendo feito’ do ponto de vista operacional e passa a ser o ‘por que fazer da forma como é feito’ e ‘o que deve ser feito a médio e longo prazo’. Os gestores agora precisam orientar as equipes para atividades de valor agregado que a máquina não consegue replicar: inovação, empatia, negociação complexa e, crucialmente, a interpretação dos dados gerados pela ferramenta artificial. A nova estrutura gerencial valoriza (e valorizará cada vez mais) a visão sistêmica e a liderança humana.
Importante destacar que a Inteligência Artificial não deve ser vista como uma adversária, mas uma parceira na produtividade; o futuro dos meios de trabalho e produção será a colaboração harmoniosa e interdependente entre o capital humano e o algoritmo. As empresas mais bem-sucedidas serão aquelas que conseguirem integrar a eficiência da máquina com a criatividade e julgamento humanos. Esse novo ecossistema de trabalho exigirá, da área de RH, a criação de novos cargos híbridos, onde a gestão da IA e a garantia de sua ética e precisão se tornarão funções centrais.
Em suma: o novo cenário empresarial demanda um upgrade urgente nas habilidades dos profissionais; não basta conhecer os processos; é preciso dominar profundamente os dados destes processos. Uma vez que a IA entrega os insights brutos, cabe ao profissional (preparado) transformar esses dados, transformados em informação bruta, em decisões a nível tático e estratégico. Desenvolver proficiência em análise de dados, data visualization e storytelling de dados é a chave para a sobrevivência e progressão em grande parte das carreiras. A especialização, hoje, acaba se tornando menos sobre a técnica administrativa em si, e mais sobre a capacidade (inteligência) analítica.
A Transformação Digital está, inegavelmente, redefinindo cargos (e aqui coloco o verbo ‘estar’ no tempo presente exatamente porque a mudança já começou). Muitas das funções administrativas, tal como as que conhecemos, serão modificadas ou extintas. Contudo, essa mudança não decreta o fim do trabalho humano, mas sim o imperativo da adaptação. Os profissionais que investirem em aprendizagem contínua, migrando sua expertise de processos rotineiros para a análise estratégica e a gestão da inovação, não apenas se manterão no mercado como também se posicionarão como líderes nesta nova era de gestão. O futuro não é sobre ser substituído pela máquina, mas sobre trabalhar com ela para alcançar um novo patamar de excelência. Assim como no século passado as máquinas substituíram os trabalhadores rurais (permanecendo os que, de alguma forma, conseguiram se destacar e ter melhor valor agregado ao serviço), no futuro – que já começou – a substituição de tarefas e a mudança nas rotinas diárias no mercado de trabalho ocorrerão rapidamente.
O desafio não é (e nem será) competir com a Inteligência Artificial, mas transformá-la no diferencial competitivo mais poderoso. Este será o grande passo a ser dado pelos profissionais (as empresas, em sua grande parte, já estão caminhando rumo à inovação).















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