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Eleições municipais; o momento adequado.

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.


Parece regra geral; planos de governo nas eleições municipais é apenas uma exigência da justiça eleitoral, atendida de forma muito precária pelos candidatos. Quase sempre, um ou dois assessores qualificados listam algumas diretrizes, o pessoal do marketing elege bandeiras e o restante repousa inerte nas gavetas dos escritórios políticos.



De ordem prática, servem apenas para embasar os discursos da campanha, situação ou oposição se apegam em pontos favoráveis e trabalham para impor a pauta do debate, escondendo questões mais vulneráveis. Todavia, todos nós sabemos que a avalição da área da saúde e principalmente na própria administração é que são relevantes para a definição de voto.


Repito com frequência que a saúde é ingrata porque não permite conceito elevado, quando o atendimento é qualificado, aumenta a demanda, oriunda da região, e, sempre, congestiona o atendimento mais complexo e de maior custo. Costuma ser a pedra sempre engatilhada no estilingue da oposição porque os recursos municipais nunca são suficientes e o gotejamento do estado não produz a necessária irrigação do setor.


 Outro setor relevante em todos os centros regionais, é a geração de empregos, peça fundamental da engrenagem da economia local. Empregos próximos da plenitude injetam economia no comércio local, produzindo giro que abastece toda a cadeia produtiva, com retornos adequado, inclusive para o setor público. Mas, também esta questão, não vai para a mesa de negociação dos candidatos com a sociedade.


Derivada da tradição histórica, em quase todos os municípios, é como se o prefeito eleito recebesse a chave da cidade e do cofre, investido de autoridade e autonomia para tomar todas as decisões como se fosse a sua empresa.


Dificilmente, o legislativo se impõe e causa constrangimento nesta prática administrativa e, desde sempre, eleição de prioridades, definição de urgências ou planos de curto e médio prazo, estes últimos quase inexistentes, atendem exclusivamente ao desejo do titular de plantão na prefeitura.


Pode, mas que isto, deve ser diferente e esta relação mais equilibrada precisa surgir desde o momento eleitoral, com a sociedade civil organizada centralizando o debate, talvez através da associações comerciais ou conselhos de desenvolvimento, definido prioridades, estabelecendo o óbvio; o prefeito eleito deve ser o líder e o condutor do planejamento estabelecido pela sociedade e gerenciar sua implementação, atuando como embaixador do município junto às lideranças estaduais e federais, do legislativo e executivo, garantindo parcerias que viabilizem cada uma das ações pretendidas.


Esta mudança de postura que, desde o início da década passada, recebeu o nome de nova política precisa existir na prática e, se depender da vontade dos políticos que precisam aprender a ouvir e não apenas falar, isto será sempre postergado.


Portanto, o momento eleitoral nos municípios é o adequado para revisar o pacto de governabilidade entre prefeito e sociedade, a transformando em via de mão dupla, onde o eleitorado passivamente recebe um material quase sempre tosco, evolua para a construção a quatro mãos de um projeto, acima dos partidos e das candidaturas, que passa a ser o projeto de desenvolvimento da cidade, logicamente sofrendo ajustes às variáveis ideológicas e as raízes políticas de cada coligação, transferindo a decisão do caráter personalista, razão de quase 80% dos votos, para uma verificação objetiva da capacidade do candidato de gerenciar o projeto.


Sei que é difícil, impossível se não for tentado, mas pode significar a diferença entre uma gestão personalista, focada no exercício do poder que, geralmente, precisa ajustar variáveis pessoais, familiares e partidárias, minando energias que deveriam se concentrar nos interesses coletivos.


Muitos dos que chegaram até aqui são cidadãos comuns, cabendo a estes exercer pressão sobre as instituições que tiver trânsito ou acesso, e aqueles que exercem funções relevantes, em qualquer unidade da sociedade civil deve, neste momento, justificar sua participação na entidade, ajudando que ela cumpra sua função social.


Há um caminho a ser percorrido exclusivamente por veículos movidos pela ética e senso coletivo. Talvez seja árduo e cobre pedágios caros, mas é a rota mais eficaz para transformar nossa política.


Sempre temos duas alternativas; seguir reclamando, como quase sempre, ou apostar na nossa capacidade de participar de um novo momento da representação política.

 

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