A Irresponsabilidade e o Fetichismo da Ignorância: Análise da Postura de Eduardo Bolsonaro
- Leonna Moriale
- há 19 horas
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A recente publicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, ironizando a sigla LGBT+ com uma camiseta que a substitui por "Liberdade, Armas, Bolsonaro e Trump", é um exemplo gritante da irresponsabilidade e do desrespeito que permeiam parte do cenário político brasileiro. Tal atitude, endossada pela deputada Bia Kicis, revela um profundo desdém pela luta e pela dor de uma comunidade historicamente marginalizada e violentada, nada de novo. A direita no seu dia menos sujo, se propõe a perseguir LGBTI+, mulheres e negros.

Enquanto os deputados se divertem com suas piadas de mau gosto, o Dossiê da ANTRA, Associação Nacional de Travestis e Transexuais, aponta que o Brasil segue sendo o país que mais mata pessoas Trans no mundo, sem pena de morte ou criminalização dos corpos dissidentes. O Relatório "População LGBT Morta no Brasil em 2018", do Grupo Gay da Bahia, escancara a realidade brutal enfrentada pela comunidade LGBT+ como um todo no Brasil: um assassinato a cada 20 horas, tornando o país o recordista mundial em crimes contra minorias sexuais e de gênero. Para além de matar, existe ainda os requintes de crueldades, não é um tiro, um atropelamento ou um acidente; são 30 tiros, é um corpo espancado e esquartejado, nossos órgãos genitais são arrancados e pendurados em praça pública como se ainda vivêssemos na Santa Inquisição.
A sigla LGBT+, que começou como GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), evoluiu ao longo do tempo para incluir a diversidade de identidades e expressões de gênero. Essa evolução reflete a luta por visibilidade e reconhecimento de direitos, uma luta que ainda enfrenta resistência e preconceito. A tentativa de apropriação da sigla por parte da direita, como demonstrado pela camiseta de Eduardo Bolsonaro, revela um fetiche doentio, uma obsessão em utilizar um símbolo de resistência e luta para promover uma agenda de ódio e exclusão.
A perseguição à comunidade LGBT+ não é novidade. Ao longo da história, essa comunidade tem sido alvo de violência, discriminação e exclusão, tanto no Brasil quanto em outros países. A tentativa de silenciamento e invisibilidade faz parte de uma estratégia de controle e opressão, que busca negar a existência e os direitos de pessoas que não se encaixam nos padrões heteronormativos.
A esquerda opera no Brasil o resgate histórico da bandeira nacional, da camisa da seleção de futebol, que nos foi tomada pelos defensores do lema “Deus, pátria e família”, o show da Madonna, por exemplo, nas areias de Copacabana, foram um elemento de encorajamento para voltarmos a usar os símbolos que ficaram manchados pelo ódio e violência. Não podemos esquecer que Pabllo Vittar, uma Drag Queen vivida por um gay afeminado estava no palco com a rainha do pop e protagonizou esse momento que marca a história brasileira, na cultura e na política.
A atitude de Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis, ao ridicularizar a sigla LGBT+, é um ataque direto à dignidade e à segurança de milhões de brasileiros. É um ato de violência simbólica que contribui para a perpetuação do preconceito e da discriminação. É um desrespeito à memória das vítimas da violência homofóbica e transfóbica, e um desrespeito à luta por um país mais justo e igualitário.
É preciso repudiar veementemente esse tipo de comportamento e exigir que os representantes do povo, mesmo que não representando a totalidade, respeitem a diversidade e promovam a inclusão. A luta contra a LGBTfobia é uma luta de todas as pessoas. Se o Eduardo, ou o Carlos, ou o Renan, até mesmo o pai deles se identificar com o Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis… eu digo “Se joga pintosa, põe rosa”.
Leonna Moriale
Travesti Arte’ativista
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