A INFLUENCIA DOS JOGOS DE AZAR NA POLITICA MUNICIPAL NO BRASIL.
- Sinval Bastos Chamblas

- 24 de set.
- 5 min de leitura
Por: Sinval Bastos Chamblas - Analista de Sistemas e Advogado - UFSC
A influência dos jogos de azar na política é um tema complexo e cheio de controvérsias, especialmente no Brasil, onde o debate sobre a legalização dessas atividades é constante. Essa influência acontece de diversas formas, sendo as principais o lobby a arrecadação de impostos e o ficnaciamento de políticos em anos de eleições - principalmante as eleições de nível municipal para prefeitos e vereadores.

Lobby e Interesses Econômicos
O lobby é uma das formas mais diretas de influência. Grupos de interesse, como empresários do setor de cassinos e apostas online (conhecidas como "bets"), e do jogo do bicho investem pesado para convencer políticos e legisladores a aprovar ou manter leis que beneficiem seus negócios. O argumento principal desses grupos é o potencial econômico dos jogos de azar, prometendo:
Aumento da arrecadação de impostos: A legalização e regulamentação permitiriam ao governo coletar impostos sobre as operações de jogos e sobre os lucros das empresas.
Criação de empregos: A construção e operação de cassinos, por exemplo, geraria uma grande quantidade de empregos, tanto diretos quanto indiretos.
Atração de turismo e investimentos: Cassinos e resorts seriam um motor para o turismo, atraindo visitantes e capital estrangeiro.
O lobby também pode envolver o financiamento de campanhas políticas e a contratação de consultores para defender a causa, o que cria uma relação de proximidade entre o setor privado e o poder público e os donos de bancas de jogps de azar. Contudo, dificilmente em nossos municípios vemos tramitando projetos nas nossas Câmaras Municipais para impedir os jogos de azar nos nossos muinicipios brasileiros, isso á parte do coroporativismo entre politicos e "empresários" das casas de jogos de azar.
Preocupações e Riscos
Por outro lado, a influência dos jogos de azar na política não é vista apenas de forma positiva. Críticos e opositores à legalização levantam sérias preocupações, como:
Corrupção e lavagem de dinheiro: Há o risco de que a indústria de jogos de azar seja usada por grupos criminosos para lavar dinheiro, o que poderia aumentar a corrupção e a influência de organizações mafiosas nas eleições e nos municípios do território nacional.
Endividamento e vício: A legalização de jogos de azar pode levar a um aumento nos casos de vício, causando problemas sociais e de saúde pública, como endividamento, desestruturação familiar e até suicídio. O tratamento desses problemas gera custos para o sistema de saúde, que podem não ser compensados pela arrecadação de impostos.
Aumento da desigualdade social: Especialistas apontam que os jogos de azar tendem a transferir renda das camadas mais pobres para as mais ricas, já que a maior parte dos jogadores é de baixa renda, enquanto as empresas e os donos são bilionários.
A oposição à legalização é forte, especialmente de bancadas religiosas e de grupos que se preocupam com os impactos sociais e morais. O debate político, portanto, se torna um cabo de guerra entre os interesses econômicos e as preocupações sociais e de segurança pública.
O Cenário Atual no Brasil
No Brasil, a discussão sobre a legalização dos jogos de azar, incluindo cassinos, bingos e o jogo do bicho, é um tema recorrente no Congresso Nacional. Embora projetos de lei tenham sido propostos e avançado em alguns momentos, a resistência de parte do legislativo, junto às preocupações do governo e de setores da sociedade, tem impedido sua aprovação. Recentemente, a regulamentação das apostas esportivas ("bets") gerou uma nova onda de discussões, com uma CPI no Senado investigando a publicidade e a atuação de influenciadores digitais, o que mostra como o tema continua no centro da agenda política.
"A influência dos jogos de azar na política é, portanto, um reflexo do complexo equilíbrio entre a busca por desenvolvimento econômico e a necessidade de proteger a sociedade dos riscos e prejuízos que essa atividade pode trazer." Sinval Bastos Chamblas.
JOGO DE BICHO E POLITICOS NO PARANA
A relação entre o jogo do bicho e a política é um tema de longa data no Brasil, e o estado do Paraná não é uma exceção. Essa conexão, embora muitas vezes oculta, se manifesta de diversas formas, principalmente pela influência econômica do jogo e pela capilaridade de sua organização, muiito presente nas cidades interioranas do estado, como as da Região do Norte Pionieiro, Noroeste, Região de Foz do Iguaçi e a Grande Curitiba.

Histórico da Conexão
Historicamente, a exploração do jogo do bicho se consolidou por meio de uma estrutura informal, mas extremamente bem organizada. Para operar sem a devida legalização, a atividade busca uma forma de "legitimidade" e proteção, e é aí que entra a política. O elo entre os dois lados pode envolver:
Pagamento de propina a agentes públicos: A forma mais direta de garantir a operação é o pagamento a policiais e fiscais, que fecham os olhos para a prática ilegal.
Financiamento de campanhas: O dinheiro do jogo do bicho pode ser usado para financiar campanhas eleitorais, criando uma relação de dependência. Em troca do apoio financeiro, o político eleito atua para proteger os interesses dos bicheiros, seja dificultando a fiscalização, seja barrando projetos de lei que possam ser prejudiciais à atividade. Como bicheiros financiam eleições de Prefeitos e Vereadores, é muito dificil em uma Câmara Municipal algum presidente da casa de leis deixar em votação um projeto para impedir os jogos de azar em sua cidade, impossível pela dependência com o fiananciamento do jogo do bicho.
Capilaridade eleitoral: A rede de "banqueiros" e "gerentes" do jogo do bicho, que se espalha por bairros e cidades, pode ser usada para mobilizar eleitores. Eles agem como cabos eleitorais informais, garantindo votos para os candidatos que se alinham com seus interesses nos municípios.
O Cenário no Paraná
No Paraná, a conexão entre o jogo do bicho e a política já foi alvo de investigações do Ministério Público e de operações policiais. Embora a mídia e as autoridades evitem dar detalhes sobre essa ligação, a suspeita é que a atividade tenha uma estrutura de proteção que vai além do âmbito local, chegando a envolver figuras políticas de maior projeção no estado, como deputados estaduais e federais.
A ilegalidade do jogo do bicho o torna uma fonte de dinheiro fácil e de difícil rastreamento, o que o torna atraente para o financiamento de campanhas. Ao mesmo tempo, a necessidade de proteção leva os exploradores do jogo a buscarem ativamente essa influência política.
A recente onda de regulamentação das apostas online, as "bets", tem levantado questionamentos sobre o futuro do jogo do bicho. Por um lado, a legalização de algumas modalidades de apostas poderia diminuir a relevância do jogo do bicho.
Por outro, a mesma lógica de lobby e influência que tem sido usada pelas "bets" pode, de forma oculta, ser usada por outras modalidades de jogo, incluindo o jogo do bicho, para garantir um espaço de atuação, seja de forma ilegal ou buscando alguma forma de legalização no futuro.
A complexidade da relação entre o jogo do bicho e a política no Paraná, assim como no resto do Brasil, é um reflexo das dificuldades do Estado em fiscalizar e coibir atividades criminosas que contam com uma base social e econômica consolidada, e que se infiltram no sistema político para se proteger e prosperar.














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