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Uma Parada Desorganizada e a Urgência de Refundar a Marcha da Diversidade

A décima segunda edição da Parada LGBT+ de Maringá, ocorrida no último domingo, dia 18 de maio, deixou um gosto amargo de retrocesso e negligência na boca de ativistas, artistas e da própria comunidade. Longe de celebrar a diversidade e amplificar as vozes plurais que compõem o movimento, o evento demonstrou um preocupante silenciamento e uma alarmante falta de organização, reacendendo debates sobre o futuro e a representatividade da luta na cidade.



A imposição de barreiras para que artistas, ativistas e autoridades pudessem se manifestar no trio elétrico soou como um golpe à essência democrática que uma parada LGBT+ deveria encarnar. Em um espaço que deveria ser palco de reivindicações, celebração e visibilidade, a mordaça imposta representou um desserviço à participação popular e à livre expressão, pilares fundamentais de qualquer movimento social que almeja transformação.


Infelizmente, a edição deste ano pareceu dar continuidade a um histórico de fragilidades que pairam sobre o evento. Há anos, observa-se um esvaziamento do seu caráter político e articulado, transformando-se, aos olhos de muitos, em uma celebração desconectada das reais demandas da comunidade. A precariedade da infraestrutura, novamente escancarada, apenas reforça essa percepção de desleixo e amadorismo.


Se outrora a crítica recaía sobre a repetição de artistas e a falta de transparência em suas convocações, agora o descaso atingiu um patamar ainda mais grave. Relatos nas redes sociais de artistas convidados em cima da hora, somados à ausência de remuneração e de condições técnicas adequadas para suas apresentações, expõem um profundo desrespeito pela classe artística local, peça fundamental na construção de qualquer evento cultural e político.


A escolha do local também se mostrou problemática. A exposição de artistas drag queens e de parte do público ao sol escaldante, enquanto a maioria buscava refúgio nas sombras do terminal e edifícios próximos, revelou uma falta de planejamento e sensibilidade com o bem-estar dos participantes. Mais uma vez, a tônica da fala ficou restrita aos organizadores, com a ausência da presidente da AMLGBT, substituída pelo vice-presidente, levantando questionamentos sobre a condução do evento.


A crítica mais contundente, no entanto, reside na persistente invisibilidade de parte da sigla. Ativistas denunciam, com razão, que a parada continua a ser predominantemente "gay", perpetuando o apagamento de outras identidades e experiências que compõem a rica diversidade do movimento LGBT+. É crucial lembrar que pessoas trans e travestis não apenas integram, mas fundaram o movimento e o ativismo LGBT+, e a falta de respeito e profissionalismo da AMLGBT reacendeu uma antiga chama de indignação.


Diante desse cenário de negligência e silenciamento, a notícia de que mais uma vez uma travesti se organiza para a criação de uma marcha da diversidade em Maringá surge como um farol de esperança e um grito por representatividade autêntica. É um movimento que busca resgatar a essência da luta, priorizando a voz de todos e construindo um espaço verdadeiramente inclusivo e politicamente engajado, considerando identidade de gênero, orientação sexual e raça como algumas das principais bandeiras.


Ativistas relataram que Maringá já teve uma marcha da diversidade, e agora de forma coletiva e democrática a mesma vai ressurgir nas ruas de Maringá.


Seremos resistência até que tenhamos de sucessos nossos sonhos coroados.

 

Leonna Moriale

Travesti Arte'ativista

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