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Por que Sílvio Barros venceu com folga as eleições?

Foto do escritor: Walber Guimarães Junior Walber Guimarães Junior

Atualizado: 10 de out. de 2024

Por: Walber Guimarães Júnior - Eng. Civil e Diretor da CiaFM


Não há dúvidas que Sílvio, pelo histórico pessoal e pela força do grupo, era realmente o favorito, mas a vitória foi numericamente superior às expectativas e é necessário avaliar com cautela os fatores que explicam o placar eleitoral.


Com exceção do Pastor José, sem conhecimento da cidade e suas variáveis, a disputa envolveu nomes respeitáveis e com ótimos currículos, todos com potencial para obter votações superiores às conferidas pelas urnas.



Evandro Oliveira, empresário e cartorário experiente, com boa visão administrativa e com trânsito nos bastidores da política a muito tempo, pilotando uma coligação razoável com bons candidatos a vereador, ainda que apresentando boas ideias e projetos, em nenhum momento conseguiu impactar o eleitorado.


Humberto Henrique, que sempre classifiquei como o melhor vereador que Maringá já teve, pela postura que imprimiu ao mandato, com capacidade de diálogo, analisando cada questão e com ótima interação com a sociedade civil, representando o pensamento de esquerda da cidade, agrupando inúmeras lideranças em torno da sua candidatura, ainda assim saiu das urnas com uma votação muito acima do seu talento, sem dúvidas penalizado pela frase mais frequente da campanha “Humberto Henrique é muito preparado, mas é PT, se não fosse 13, teria meu voto”. Bingo! O grande adversário do candidato foi sua legenda.


Lógico que boa parcela da população desconsidera a opção partidária dos candidatos, mas o rescaldo de 2022 permanece forte na memória do maringaense resultando em rejeição elevada à sigla que impediu qualquer possibilidade de reação do candidato. Humberto Henrique perdeu a eleição na convenção ao ser referendado com o número 13 e isto é uma grave questão que precisa ser enfrentada pelo partido com urgência para não sofrer processo de inanição como os tucanos no pós FHC.


Sem esconder minha admiração pelo seu trabalho legislativo, espero que o candidato petista, talvez em 2026, esteja na Assembleia representando a nossa região e a linha ideológica que representa.


Edson Scabora, candidato da situação foi nocauteado pela baixa avaliação da atual gestão neste segundo mandato. Com um bom conjunto de ações, em especial na relação com o funcionalismo, o grupo da situação passeou em 2020, com uma vitória tranquila, mas faltou ter o que mostrar no segundo mandato, onde apenas cumpriu tabela e insistiu em projetos inviáveis, como a praia que bem representou a decepção com o segundo tempo da gestão.


Mesmo de posse de números e conquistas significativas da cidade, sem nenhum escândalo na gestão, com a educação, a saúde e a segurança, áreas essenciais para a população, razoavelmente bem avaliados, a opinião pública foi implacável com a administração atual, talvez pela falta de um portifólio impactante da segunda gestão. A praia foi apenas um sonho de verão, o hospital da Criança, mesmo inaugurado, não se incorporou ao cotidiano da cidade, o eixo monumental continua sendo apenas um tapume sem sentido. Bandeiras, mesmo na era das redes sociais, continuam sendo excelentes handicaps eleitorais e a atual administração não as ostentou.


Observei também uma elevação da rejeição pela presença muito mais efetiva do atual prefeito, com muito mais talento para comunicação que o candidato, mas, para a população a leitura era simples; o candidato precisava ser “escondido” porque o prefeito Ulisse Maia desempenhava bem melhor no palanque eletrônico.

Faltou também “pegada” do grupo de situação. Os deputados Jacovós e Do Carmo, mesmo com sete anos participando da gestão pública, saíram para palanques opostos sem cobranças, sem compromisso com o grupo em algo inusitado em política. Ulisses Maia abriu espaços, cedeu secretarias e cargos comissionados sem retorno político e como é difícil imaginar inocência de um político experiente, talvez isto se explicite na próxima eleição.


Sílvio venceu com extrema facilidade porque demonstrou capacidade de repetir as gestões anteriores bem avaliadas e se desviou com eficiência das eventuais armadilhas da campanha, sem debates, sem entrevistas polêmicas e erros mínimos nas declarações, resultando em excelentes números nas urnas.


Com um grupo coeso, inflado pela expectativa de poder, com inúmeras adesões até da cozinha dos adversários, em nenhum momento o segundo turno esteve no horizonte das pesquisas. Lembrou muito a eleição de 92, quando o Dr. Said oscilou a campanha inteira entre 55 e 60% dos votos, sem tomar conhecimento dos adversários, entre os quais eu me incluía, ao lado de boas opções, respaldado pelo excelente recall da gestão anterior.


Sílvio retorna à prefeitura cacifado com ótima votação, dispondo de pelo menos três boas opções para cada setor da administração e deve impor seu estilo de gestão sem conflitos e com a liderança estratégica do irmão Ricardo Barros.


Repassando rapidamente as demais lideranças, Jacovós sai mais forte das urnas, mudou de lado e quase não foi contestado; Do Carmo precisa correr atrás do prejuízo pelo desgaste da candidatura frustrada; Nishimori elegeu a esposa para a Câmara com boa votação, já o Sargento Fahur não elegeu o seu candidato preferencial; Enio Verri à distância, não sofre desgaste com o resultado petista, Soldado Adriano, agora pepista pode aumentar sua influência local e Ulisses?


O atual prefeito, o político maringaense com mais desenvoltura nas redes sociais, rapidamente se desvincula do insucesso eleitoral e tem caminho livre para Curitiba ou Brasília em 2026, porém, antes disto, precisa resolver se vai para a equipe de Ratinho, onde tem vaga secundária garantida ou se preserva para uma armação política com a esquerda ou com o grupo de Sergio Moro que deve se apresentar como terceira opção em 2026.


Em relação à Câmara, registrando que se trata de leitura pessoal, algumas boas reeleições, como do Flavio Mantovani, Ana Lucia, Mario Verri, dentre outros e uma boa expectativa com alguns nomes da nova Câmara como Daniel Malvezi, Angelo Salgueiro, Majô e Giseli Bianchini. São ótimos nomes que podem oxigenar nossa representação estadual nas próximas eleições.

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