Os zangões da política almejam o mel de Itaipu e da Saúde.
- Walber Guimarães
- 25 de fev.
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Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.
Acometidos por fototaxia, organismos políticos vivos, encrustados no centro de instituições perenes, desviam os olhares de órgãos de pouco brilho, como ministérios sem verba, e arregalam os olhos em direção ao foco de luz intenso de Itaipu, cujos cofres reluzem como ouro e acalentam sonhos dos tais organismos insaciáveis, depois que o ministro Dino que limitou as ações secretas com recursos públicos.

Outra tropa, como abelhas apaixonados por mel, sobrevoam incansáveis o gabinete e o território de Nisia, a chefe da saúde. Caso raro de currículo compatível com o cargo, sem alavancas políticas ou partidárias e pouco afeta ao catecismo de São Francisco, escrito pelo saudoso Cardos Alves que nos ensinou que, principalmente, na política “é dando que se recebe”. Mais adequado, seria compará-los a zangões que não produzem mel, mas querem copular com a abelha rainha, depois de se refestelar no mel e praticar o voo nupcial, algo como o assédio aos citados cargos.
O apetite voraz é a característica principal que une índios de aldeias diferentes, alheios aos caciques da tribo, mas identificados pela adoração do vil metal e em seu nome é capaz de promover revoluções em busca de objetivos escusos que se traduzem em cifras e não em planos ou projetos.
Repete-se o tradicional comportamento da nossa classe política, desgarradas da ética e guiadas pelo instinto financeiro de sobrevivência. Recursos se transformam em favores, repasses e, eventualmente, quase nunca, como você bem sabe, vira propina e subsídio eleitoral para pavimentar a rodovia da reeleição, que só enfrentamos com fina ironia.
Neste período pré-carnavalesco, a cobiça se direciona a duas fantasias supramencionadas; Itaipu e o Ministério da Saúde. Sem nem mesmo se preocupar em apontar rumos alternativos, ideias inovadoras, projetos promissores, a luta intensa visa sobretudo a titularidade sobre os recursos de ambas para alimentarem seus projetos de poder. Não se dão ao trabalho de nem mesmo disfarçar, a luta é pelo controle de cofres abastados e promissores para suas ânsias de poder, sempre movidos por financiamento público.
Por conta disto, o vale tudo está liberado e até veículos de comunicação tradicionais e conceituados se prestam ao papel de confundir a opinião pública com a velha técnica de misturar quantidades de universos diferentes, como se tivesse faltado às aulas de teoria dos conjuntos, ainda no ensino fundamental.
Casos raros de conjunção de capacidade técnica e permeabilidade política, Enio Verri, titular de Itaipu, e Nísia Trindade, ministra da saúde, sofrem ataques generalizados que desrespeitam seus currículos, simplesmente porque invejam as chaves do cofre que ostentam e, até que se prove o contrário, controlam com honradez.
Campanhas sórdidas de desqualificação como se fosse necessário reafirmar que cargo poderoso precisa ser ocupado por quem joga “com as regras do jogo”, eterna diversão da elite política que adora brincar de queimada (de recursos) e esconde esconde, claro, também dos recursos, sempre protegidos pela confraria que se concentra ao centro e troca de posições, como no jogo da cadeira, todavia sem deixar jamais um companheiro em pé.
Mexer em Itaipu ou no ministério da saúde, como consequência de interesses escusos, é descer mais um degrau na moralidade pública, é admitir que somos todos reféns do apetite voraz da classe política.
Ouço vozes relevantes se levantando e tentando restabelecer a verdade, e espero, em nome da desejada ética, que os abutres precisem procurar carniça em outros sítios, de preferência longe da administração pública, já tão penalizada pelo “custo da governabilidade”, algo que não somos capazes de reduzir com as atuais regras do jogo.
Semi presidencialismo e voto distrital podem ser fatores limitantes da sangria promovida pelos “políticos”, mas isto é assunto para outro dia.
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