Quando estávamos a menos de um ano da disputa à Presidência da República, os pré-candidatos inundavam as redes sociais com frases de efeito e discursos de apoio à população para encantar os brasileiros desacreditados em meio à crise econômica, que parecia se distanciar cada vez mais do fim.

Do outro lado, o então presidente Jair Bolsonaro tentou conter o avanço dos concorrentes e, como resposta, furou o teto de gastos para aumentar o benefício do novo Bolsa Família e brigar pelo apoio popular à sua reeleição. Independente de quem seria o próximo eleito ao Planalto, as promessas de ambos os lados estavam recheadas de instrumentos e promessas para enganar o eleitor...
Agora nos municípios brasileiros, muitos prefeitos em exercício já estão em plena campanha para reeleição em 2024 (com a máquina pública em mãos), usando de várias artimanhas para ganhar a simpatia popular, tem até prefeito indo em festa de aniversário de criança cuja família reside em bairros com alta vulnerabilidade social, os chamados bairros de pessoas pobres, e entrando em 2024, já iremos ver os primeiros festivais do pastel com caldo de cana e a pegada de crianças no colo (as pobres de preferência).
As falas da população, em padarias, rodas de bar e em encontro casuais nas ruas representam o desejo claro da maioria dos cidadãos por uma política mais cuidadosa com os mais vulneráveis. Porém, esta falsa preocupação em beneficiar os mais pobres geralmente é utilizada como artifício de políticos oportunistas, que se aproveitam da fragilidade e do desconhecimento dos eleitores para se lançarem em propostas populistas.
"Caso as propostas só sirvam para atrair o eleitor, mas não se concretizem na realidade, nem possam ser executadas caso seja eleito, estaremos perante um claro estelionato eleitoral. Afinal, usam-se de propostas impossíveis de serem cumpridas, apenas para que consiga ocupar um cargo". alerta o cientista político Caio Souza
A intenção é ‘jogar’ com a necessidade do povo, que cai no engano por não enxergar soluções a longo prazo, e falando em longo prazo tem gestor municipal que prega o discurso de melhorias para a sociedade para daqui 30 anos, como, se daqui trinta anos não teremos vários outros gestores e políticos na gestão municipal, e claro, como todos fazem, assim como os atuais o fizeram, trocam, acabam, transformam tudo ao gosto de sua forma de administrar e até para alimentar seus egos e tentar garantir seu voto em troca da suposta melhoria genérica.
Para 2024 a tática de muitos prefeitos em exercício que desejam reeleição, é já no atual momento, instruídos por equipe de marketing e marqueteiros políticos contratados, atuarem com posts e vídeos em redes sociais, com postagens que levam um clima de aproximação e de "bom homem" para a população, esses marqueteiros transformam uma pessoa física e até no tom de suas palavras, o preto vira branco, e as frases devem sempre ser, estamos fazendo, fizemos, concluímos, coisa belas e maravilhosas estão acontecendo, e sempre com um fundo de informação na mensagem que sua administração fez e fará o que as administrações passadas não fizeram... Só esquecem que em algum momento estes atuais gestores também serão parte da administração do passado.
Nesse método populista, o candidato trabalha com a vulnerabilidade e ignorância das pessoas. Pois, grande parte da população não sabe o que um prefeito, governador, vereador, deputado ou senador podem de fato fazer.
Outro exemplo é a campanha antecipada (no boca a boca) de prefeitos e vereadores que estão em mandato e também desejam reeleição, por exemplo, alguns defendem o porte de armas, quando essa é uma matéria que ultrapassa o limite e competência do seu cargo.
Temos exemplos de vereadores prometendo construção de escolas, creches, postos de saúde, quando no máximo ele poderá reivindicar essas construções, mais por lei ele jamais poderá mandar construir.
Ouvimos eleitores pedindo por um futuro prefeito honesto, vereadores capacitados, deputados mais atuantes e principalmente, um líder do executivo mais 'humano' para atender aos anseios mais básicos do povo, com uma agenda focada no combate ao desemprego, à fome, à saúde e a falta de moradia, aliás pagar mais 1 mil reais mensais por moradia "popular" não é plano habitacional ao povo carente que luta para sua subsistência diária.
A questão é que as promessas populistas não são embasadas financeiramente, gestores públicos municipais confundem orçamento com capacidade financeira em caixa, criam promessas que não condizem com a realidade e com a possibilidade da administração pública, fazendo com que o candidato até consiga se eleger, mas ficará preso muito mais à política de favores e de trocas de interesses do que a real e possível defesa de agendas importantes, planos de políticas públicas utilizadas de forma errada, criando um mandato não sustentável, fadado ao fracasso político dos atuais gestores.
Ao ser eleito, a gestão de quem se apoiou unicamente no debate populista repercute no risco de deixar de colocar no poder pessoas que de fato tenham um compromisso com aquelas pautas e que poderiam realmente avançar em sua defesa com propostas possíveis e sustentáveis, consequência disso são as incontáveis exonerações de servidores de primeiro e os mais importantes escalões da administração municipal. O nosso maior prejuízo para a sociedade é no atraso do enfrentamento real dos problemas sociais, e dai sempre se tem o discurso que o problema é de todos... nunca somente de erros causados por gestões individualizadas.
Os efeitos negativos do último pleito à Presidência, quando o discurso anticorrupção foi banalizado, mas se seguiu enfraquecido e desaguou na tentativa de limitar as investigações do Ministério Público e PF (caso das joias), é exemplo de gestão populista com várias falhas.
Sem receber tanta aprovação, o Legislativo, com aval do executivo, consegue atenuar os atos considerados improbidade administrativa, o que flexibiliza a impunidade aos que forem pegos por práticas de corrupção.
Mais como identificar o político que quer te enganar?
A melhor forma de descobrir se o interesse no povo é real ou apenas parte da disputa pelo poder passa pela pesquisa da carreira do candidato e seu histórico de votos e ações.
Nas ações deve-se entender quais as principais obras feitas pelos candidatos à reeleição por exemplo, onde eles gastaram mais e deram mais prioridades, e na prática no que estas obras se reverteram em qualidade de vida real para as famílias de sua sociedade e até para você.
Realizações e obras feitas por políticos, que não tiram a fome, não melhoram a educação e a saúde, e não geram de forma substancial o emprego e renda da população, são obras e realizações impopulares e não prioritárias, não passam de meros instrumentos de marketing político, feito com dinheiro público e correm riscos de ficarem sem manutenção e esquecidas ao tempo...
Pense qual foi a primeira grande obra realizada pelo atual gestor de sua cidade, e qual era a sua finalidade! Existe uma grande diferença por exemplo, entre reformar um estádio de futebol ou fazer uma nova creche municipal ou um posto de saúde em áreas onde a população tem essas necessidades.
É importante ficar atento aos últimos mandatos e sempre levantar questionamentos básicos como: Como ele fará isso? Quem ele chamará para executar essa promessa? Qual a fonte do dinheiro que será utilizado para essa promessa ser cumprida? A lei autoriza que isso seja feito? Qual o prazo que será dado? E por fim, o que justifica o interesse do candidato pela agenda que ele diz defender?
Essa estratégia pode ser posta em prática para se prevenir dos discursos rasos dos ‘salvadores da Pátria’, daqueles que prometem a "transformação". O questionamento pessoal e aos candidatos é uma das principais ferramentas para não sermos ludibriados por belas palavras que tentam jogar com a nossa ignorância popular, você como candidato até pode enganar o povo uma vez, mais duas vezes já começa a ficar mais difícil...
Comments