Da cogitação interna não confrontada e transformada parte-se para a preparação com palavras e ações que focam na execução do pecado. A partir daí, após a preparação, a oportunidade surge em que se torna possível o pecado ser consumado.
Execução (executio) - fase de realização dos atos destinados à consumação do crime
Nesta etapa, as intenções e preparações se materializam em ações visíveis e deliberadas. No contexto da violência contra a mulher, esta fase é caracterizada pela implementação física e psicológica da violência, resultando em danos tangíveis à vítima.
A Bíblia contém várias narrativas que exemplificam a execução de violência contra a mulher, proporcionando uma perspectiva profunda sobre a natureza e as consequências desses atos.
"E Siquém, filho de Hamor heveu, príncipe daquela terra, viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ela, e a humilhou" (Gênesis 34.2).
Neste relato, Siquém, um príncipe, vê Diná, filha de Jacó, e, movido por seus desejos, a toma e a viola. Este ato de violência é uma clara execução de um desejo pecaminoso que resulta em grande dor e conflito, tanto para Diná quanto para sua família.
A execução de atos violentos é uma expressão máxima da corrupção moral e do afastamento dos princípios divinos.
A violência, especialmente contra os vulneráveis, é consistentemente condenada na Bíblia. A execução de tais atos é vista não apenas como uma transgressão contra a vítima, mas também contra Deus, que criou todos os seres humanos à sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27). A violência contra a mulher é, portanto, uma profanação da santidade da vida humana e uma afronta direta ao Criador.
Quando um homem age com violência contra uma mulher ele está deliberadamente afrontando Deus e o seu plano criador – ele está dizendo para Deus que não se importa com a sua criação e que quer apenas satisfazer o seu pecado perpetrando a violência.
Deus é retratado na Bíblia como um juiz justo que não ignora a violência. As Escrituras prometem que Ele trará justiça e vingança contra os que praticam o mal, assegurando que nenhum ato de violência ficará impune.
"Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor" (Romanos 12.19).
A execução e a consumação (a próxima fase) andam juntas.
Consumação (Consummatio) - fase em que o crime (pecado) se concretiza
Neste estágio, o resultado pretendido pelo agente se materializa, e o dano à vítima é plenamente efetivado. No contexto da violência contra a mulher, a consumação representa o momento em que a violência física, sexual, emocional ou psicológica é totalmente perpetrada, resultando em consequências profundas e duradouras.
A Bíblia oferece numerosos exemplos de pecados consumados e suas consequências devastadoras, ilustrando a gravidade de tais atos e a necessidade de enfrentá-los com seriedade.
"E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, Deus os entregou a um sentimento pervertido, para fazerem coisas que não convêm; cheios de toda a injustiça, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; [...] sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus, que são dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem" (Romanos 1.28-32).
Paulo descreve como a rejeição do conhecimento de Deus leva à consumação de diversos pecados, resultando em um ciclo vicioso de iniquidade e depravação.
A consumação do pecado é vista teologicamente como o momento de maior separação de Deus, onde o ato pecaminoso atinge sua plena realização e manifesta todas as suas consequências. A consumação do pecado é devastadora porque representa a materialização completa da desobediência a Deus. O impacto do pecado consumado é tanto pessoal quanto comunitário, afetando a vítima, o perpetrador e a sociedade em geral. A Bíblia ensina que o pecado, quando plenamente realizado, leva à morte e à destruição (Tiago 1.15).
Tudo começa com a estrutura do mal engendrada pelo pecado, que afeta as obras humanas e afeta o homem e a mulher individualmente. Passa pela cogitação em cometer tais atos deliberados e não contidos, surgem as preparações para que a violência possa acontecer, o contexto é criado e proporcionado, a execução vem e o ato é consumado trazendo desgraça, dissabor, medo, destruição e morte.
Há um problema ainda – essa estrutura não para por aí (mesmo com tamanha desgraça sendo feita). Ela segue para o exaurimento.
Vamos para a parte 5 (e última!) deste artigo.
Até lá.
Recomendo fortemente a leitura de “Uma igreja chamada TOV” (clique aqui)
Pr. Gedeon Lidório
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