top of page
Itaipu_Beneficiados_Ebanner_300x600px.jpg

O primeiro furto, ninguém esquece

Minha vida de mau elemento começou logo depois do meu aniversário de 9 anos, comemorado em 01/10/1971. Nesse dia, minha mãe resolveu fazer um arroz especial, temperado com um tablete de caldo de galinha.



O caldo, apesar de ter chegado no comércio brasileiro em 1961, só começou a ser vendido, num pequeno mercado, na vila operária (Maringá), na semana do meu aniversário. Mãezinha, seduzida pela pirâmide de tabletes montada no tal comércio e pela propaganda feita pela vizinha, aderiu à culinária industrializada.


O arroz, amarelado e de sabor forte, significou uma revolução na gastronomia familiar dos Veraldos. Todos apreciaram, mas eu fui a que ficou mais impressionada.


Dias depois, minha mãe pediu para que eu e minha irmã caçula, com 7 anos na época, fôssemos ao mesmo mercado comprar 1 litro de querosene. Forneceu o dinheiro contadinho para a compra. Logo que entramos no estabelecimento, nos deparamos com a pirâmide de quadradinhos de caldo (na época era assim que eram comercializados).


Paralisamos! Com água na boca lembramos do arroz. Na troca de olhares com minha irmã, silenciosamente tomamos a primeira grande decisão bandidosa das nossas vidas. Sob o olhar aprovador da caçula, sorrateiramente, peguei um quadradinho e o escondi no cós do shorts.


Pegamos o querosene e fomos para o caixa pagá-lo. Quando estávamos saindo, fomos interrompidas por um segurança, que agarrou nossos braços e nos empurrou na direção da mesa do gerente.


Que azar! Fomos descobertas no nosso primeiro furto. O gerente pegou a garrafa de nossas mãos e o caldo que estava no cós e os colocou sobre sua mesa. Levamos uma carraspana.


Nesse momento, sem trocar uma palavra, tomamos a segunda e importante decisão criminal de nossas vidas: sebo nas canelas. Saímos correndo na direção contrária à que nos levaria para casa.


Corremos até perder o fôlego, sem olhar para trás. Quando paramos, percebemos que ninguém nos seguira. Sem o dinheiro, sem o querosene e sem o caldo de galinha, voltamos para casa. Para nossa mãe, contamos que perdemos o dinheiro e, como era comum nessa época, nessas circunstâncias, apanhamos.


Só recentemente contamos para ela a verdadeira história. Apesar da sua idade avançada e da nossa maturidade, a matriarca catou uma vassoura e nos vassourou.


Apanhamos pela segunda vez por conta do nosso primeiro furto. Nunca esqueci o delito e as surras. Esse é o registro do meu primeiro crime. Talvez um dos únicos que eu possa contar sem ser banida da moralista Maringá.

Comments


WhatsApp Image 2025-07-08 at 15.46.52.jpeg

Nota do editor: os textos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais iconográficos publicados nos espaços “colunas” não refletem necessariamente o pensamento do bisbilhoteiro.com.br, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.

* As matérias e artigos aqui postados não refletem necessariamente a opinião deste veículo de notícias. Sendo de responsabilidade exclusiva de seus autores. 

Portal Bisbilhoteiro Cianorte
novo-logotipo-uol-removebg-preview.png
Selo qualidade portal bisbilhoteiro

Receba nossas atualizações

Obrigado pelo envio!

Bisbi Notícias: Rua Constituição 318, Zona 1 - Cianorte PR - (44) 99721 1092

© 2020 - 2025 por bisbinoticias.com.br - Todos os direitos reservados. Site afiliado do Portal Universo Online UOL

 Este Site de é protegido por Direitos Autorais, sendo vedada a reprodução, distribuição ou comercialização de qualquer material ou conteúdo dele obtido, sem a prévia e expressa autorização de seus  criadores e ou colunistas.

bottom of page