Por Paulo Tertulino - Blogueiro
Alegando más condições meteorológicas, a comitiva de Bolsonaro cancelou a ida na manhã desta segunda-feira (13) ao lançamento da pedra fundamental da ponte sobre o Rio Paraguai que ligará Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta, na província de Alto Paraguai, no país vizinho. A imprensa paraguaia, porém, tem dado pouca importância ao evento da Rota Bioceânica.
Para os principais jornais paraguaios, a renegociação do tratado de Itaipu entre os dois países pode ter influenciado na decisão da comitiva do presidente brasileiro em não ir à cerimônia. A diplomacia brasileira tem sido dura com os paraguaios, pois quer reduzir o quilowatt/hora pago pela energia da binacional para R$ 18,95 mês, enquanto os paraguaios, querem manter o valor em US$ 22,60 mês.
A manchete do ABC Color desta segunda-feira, pouco falava da ponte fundamental para a Rota Bioceânica, o título era: Encontro Marito (Marcio Abdo Benítez, presidente do Paraguai) - Bolsonaro: “Abdo tem em suas mãos evitar uma nova entrega”. Para setores da sociedade paraguaia, recuar na tarifa de Itaipu, seria entregar parte das riquezas do país vizinho ao Brasil.
Já o segundo maior jornal do Paraguai, o Última Hora, ironizava, usando uma construção em duplo sentido, a ausência de Jair Bolsonaro em Carmelho Peralta. “Mario Abdo e Bolsonaro não se reúnem “por causa do clima”.
Benítez e Bolsonaro têm uma boa relação, mas o presidente brasileiro, depois de recebê-lo no mês passado em Brasília, tem evitado encontrá-lo novamente antes do dia 31 de dezembro. A renegociação do tratado de Itaipu têm de ocorrer até o fim deste ano.
As federações da indústria e do comércio do Paraguai são contra a redução da tarifa, como quer o governo brasileiro. O impacto da redução da tarifa no faturamento da Itaipu Binacional seria de US$ 600 milhões (R$ 3,4 bilhões). O lado paraguaio não quer abrir mão de metade deste faturamento, que representa possibilidade de investimentos no País, como em infraestrutura, por exemplo.
Do lado brasileiro, que fica com sua cota da energia gerada por Itaipu (a segunda maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada) e ainda compra quase 90% da cota paraguaia, é mais interessante reduzir o valor pago pela energia, o que geraria reflexo na conta de luz dos brasileiros.
As pontes entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, lançada nesta segunda-feira, e entre Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (Cidade da região Metropolitana de Cidade de Leste) são bancadas exclusivamente pela Itaipu Binacional.
Só a ponte sobre o Rio Paraguai em Porto Murtinho, custará US$ 85 milhões (R$ 481 milhões). O custo subiu R$ 100 milhões desde o lançamento, que ocorreu em 2018.
Presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, chegou a Carmelo Peralta por via aérea, assim como o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, onde participaram do lançamento da ponte foram. E Bolsonaro?

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