Por Ana Floripes - Professora
Cianorte-PR, 08/09/2022
Eu sou uma ex-aluna do Colégio Igléa Grollmann. Uma escola que sempre foi compreensível em relação às dificuldades dos alunos. Ou seja, sempre lutou fora dos muros da escola pelos direitos dos estudantes.
A minha vida sempre foi solitária desde o começo, sempre isolada das pessoas e nunca conseguindo interagir muito bem e manter laços em relações sociais. A ingenuidade desde criança era tão grande que, mesmo pequena, me submetia a coisas ruins para poder se encaixar e evitar ser o "centro das atenções". Eu era apenas um ponto escuro em meio a um mar branco, desenvolvi muitos transtornos porque nunca eu e nem os profissionais de saúde entenderam qual era o meu real motivo para ser "diferente" dos demais, sempre sendo vítima de contradições em relação ao meu diagnóstico, principalmente por nunca ter passado por um especialista na cidade.
Eu era uma criança vista como esquisita e estranha, e até hoje, na faculdade, ainda sou. Porém, hoje isso está mudando. Sinto-me renascer após muitos anos de sofrimento e lutas junto com a Professora Ana Floripes Berbert Gentilin, que sempre se esforçou para o reconhecimento das necessidades de crianças e adolescentes com autismo e TDAH.
Fui encaminhada na data de 31/08/2022 por ela até à Dra. Sumaya Schmitz, neuropediatra especializada que me ajudou muito nesse início de jornada de entender a mim mesma. Ela me ajudar a saber o que se passa comigo e os motivos de tudo o que aconteceu na minha vida é de extrema importância para a minha continuidade em sociedade, pois exercer muitas responsabilidades quando se é ‘diferente’ pode se tornar uma tarefa completamente estarrecedora, e atividades básicas como ir à faculdade ou trabalhar, devido ao meu cérebro funcionar diferente e não se adequar a padrões comuns, se tornam um problema grave e até mesmo paralisante quando não há respostas para o meu funcionamento. Entretanto, fui obrigada a me afastar da Faculdade. Encontro-me em uma fila imensa, para os atendimentos relacionados à terapia e psiquiatria, provavelmente irá demorar para conseguir uma vaga.
O CAPS não me aceitou mesmo quando estava em crise devido a alta demanda. Tiraram meu direito desde cedo de ter um diagnóstico e tratamento corretos e agora também tenho poucas esperanças de recuperar a minha saúde mental. Em nosso município há falta de equipe multidisciplinar no SUS e raríssimos são os políticos (esferas estadual e federal) interessados em tirar a causa da invisibilidade. (Lívia, 18 anos, na invisibilidade e em alguns momentos no passado perdeu a esperança com relação à vida).
"Quantas vidas mais comprometeremos? Que Deus possa nos perdoar pela nossa indiferença..." Professora Ana Floripes
*Lívia, nome fictício.
*São inúmeros casos na situação da Lívia.
Коментари