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Foto do escritorGedeon Lidório

Enquanto investimos em nossos pets, crianças e idosos dormem nas ruas: o que Jesus diria sobre nossas prioridades?

Estamos em uma época em que é comum observar que dedicamos mais atenção e recursos aos nossos pets, investindo centenas (milhares?!) de reais em cuidados, alimentação e mimos para nossos animais de estimação, enquanto, ao mesmo tempo, inúmeras crianças, idosos e famílias vivem nas ruas, desamparadas, abandonadas e famintas. Essa dicotomia me incomoda e levanta questões profundas sobre nossas prioridades sociais, humanas e, logicamente, bíblicas, teológicas e cristãs.

 

Temos em casa dois cachorros. Eles são bem cuidados, alimentados e amados e isso não é errado, pois, eles nos fazem bem e nós fazemos bem a eles. Fazem parte de nossa vida no dia a dia.

 


Em meio ao viver diário, sou impactado com a pobreza e a necessidade com que pessoas passam ao nosso redor, homens, mulheres e crianças invisíveis, que por motivos os mais variados possíveis, não tem onde morar, comer ou mesmo se abrigar. Ao ler aqui, você pode estar pensando que estas pessoas estão lá porque querem, que deveriam sair, procurar um emprego, uma oportunidade, fazer algo com suas próprias forças etc. Compreendo o que pensa, porém quero ponderar sobre algumas coisas a respeito de nossa própria responsabilidade como sociedade, como humanos e cristãos.

 

Somos chamados a SER como Cristo. Isso é algo difícil e certamente não é possível na sua inteireza, pois, quem pode dizer que não tem pecado, ou é perfeito como ele? Nenhum de nós tem essa condição, porém, ele mesmo nos deu maneiras de agirmos, ações estas, que nos farão ser o mais próximo possível do que ele é - e isso satisfará o coração de Deus.

 

Como cristãos somos chamados a refletir sobre o ensinamento de Jesus, pois muito do que cremos e falamos que cremos foi dito por ele em algum dos Evangelhos. No evangelho de Mateus 25:40 ele nos exorta a cuidar dos menos favorecidos como se estivéssemos cuidando do próprio Jesus! Ele disse: "Quando vocês fazem isso, cuidam dos que tem necessidade, estão na verdade cuidado de mim."

 

Já imaginou isso? Jesus se identifica tanto com os necessitados que se coloca no lugar deles para nos exortar, porque sabe que não temos em nós, em nossa índole, vontade de fazer algo por pessoas que sofrem necessidades - então ele coloca essa imagem: "Saiba que quando você cuidar de alguém necessitado, der água, comida, roupa, remédio, presença, estará fazendo isso por mim, para mim" e certamente isso alegrará o Senhor Jesus.

 

Embora o amor e o cuidado com os animais sejam valiosos e dignos de respeito, é essencial que nossa compaixão e recursos também se voltem para aqueles que enfrentam a pobreza e a fome em nossas comunidades. Assim, cumprimos o mandamento bíblico de amar ao próximo como a nós mesmos, refletindo o amor e a misericórdia de Cristo em nossas ações diárias.

 

Há algo nisso que me incomoda profundamente – a forma como vivemos nossa religião. Jesus também se incomodava com isso. Ele criticava duramente os religiosos de sua época, que ignoravam os que sofriam, tratando-os como se fossem contagiosos. Os excluídos, necessitados, pobres, doentes, presos – todos aqueles que não faziam parte da "lista nobre" dos abençoados – eram descartados e marginalizados. A religião daquela época, assim como a de hoje, frequentemente enxerga os abençoados por Deus como sendo os prósperos, ricos e vitoriosos financeiramente.

 

Aqui, quero me dirigir diretamente a você que está lendo: como você está vivendo sua fé? Você está ignorando aqueles que mais precisam? Será que sua compaixão se limita aos seus pets enquanto crianças e idosos sofrem nas ruas? É hora de reavaliarmos essa perspectiva e vivermos a verdadeira essência do cristianismo.

 

Jesus inverte a lógica e diz que Deus olha para quem sofre, ama quem tem necessidade, e que cuidar desses é fazer acontecer o Reino de Deus. Ele fala de forma forte o seguinte: "Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Têm o cuidado de dar o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas negligenciam os aspectos mais importantes da lei: justiça, misericórdia e fé. Sim, vocês deviam fazer essas coisas, mas sem descuidar das mais importantes" (Mateus 23.23). Dá para pensar aqui, nesse nosso tema: dá para cuidar de nossos pets e cuidarmos dos que sofrem necessidade? Jesus diria: “Sim! Vocês deveriam fazer estas coisas sem descuidar daquelas”.

 

Você está focando nos detalhes superficiais da sua fé enquanto negligencia a justiça e a misericórdia? Sua prática religiosa está realmente alinhada com os ensinamentos de Jesus? Como você pode transformar sua fé em ação concreta para ajudar os necessitados ao seu redor?

 

Pense um pouco mais: suas ações diárias refletem os cânticos que você entoa na igreja? O amor e a misericórdia que você canta são visíveis quando você se depara com os necessitados, os que sofrem, os famintos, os sedentos, os doentes? Você está realmente praticando o cuidado de Deus e o perdão ao ajudar os que estão à margem da sociedade? Suas atitudes trazem alívio e esperança para aqueles que vivem na pobreza e na dor, ou apenas satisfazem uma aparência de religiosidade? Como você pode viver sua fé de uma maneira que faça uma diferença real e positiva na vida daqueles que mais precisam?

 

Que Deus tenha misericórdia de nós!

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

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