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A fé dos jovens é mais conectada com a realidade: religiosidade vs. espiritualidade

No ano passado divulgou-se uma pesquisa que lidou com jovens de pelo menos 5 países sobre o tema da espiritualidade e da religiosidade e descobriu-se algo que já vemos na prática acontecendo – os mais jovens não querem perder a sua espiritualidade, mas não estão também desejando vínculos tradicionais com as instituições religiosas, levando-os a ter uma prática de fé mais desvinculada da instituição/igreja/comunidade. 



Essa mudança geracional tem levado interessados e estudiosos a debater sobre como deveria ser uma forma melhor de abordar a espiritualidade, fé e vida religiosa com jovens, para que eles demonstrem mais interesse e sejam desafiados a dar continuidade na vida com Deus.

 

Alguns imaginam que tudo passa pela “forma” como o “culto” é apresentado. Muito se tem discutido no meio cristão sobre as diferentes formas e formatos de culto, igreja e liturgia. Enquanto os mais tradicionais valorizam uma abordagem mais centrada nos símbolos da fé e nos rituais consolidados, os jovens frequentemente buscam uma vivência que transcenda a padronização. Eles desejam maior integração e identidade, frequentemente se distanciando de formas cúlticas tradicionais em busca de algo que ressoe mais profundamente com suas experiências pessoais e sociais.

 

Isso é verdade, mas entendo que a questão não é somente da forma, do formato, mas desce um pouco mais até para as verdadeiras motivações da religião.

 

Essa tensão entre gerações reflete a dinâmica entre espiritualidade e religiosidade. Espiritualidade, nesse contexto, refere-se a uma experiência mais pessoal e significativa da fé, enquanto religiosidade pode ser vista como o comprometimento com práticas institucionais e formais da religião. Entender essa distinção e buscar formas de trabalhar com ambas é importante para fortalecer a caminhada dos jovens cristãos e promover maturidade espiritual.

 

Por que a tensão entre espiritualidade e religiosidade é importante entre os jovens?

 

A juventude é uma fase essencial para a formação de identidade. Os jovens frequentemente enfrentam questionamentos existenciais e desafios que os levam a buscar respostas que sejam autênticas e coerentes com sua experiência de vida. Nesse cenário, a espiritualidade oferece um caminho mais flexível e adaptável, permitindo que eles se conectem com Deus de maneira mais pessoal.

 

Há uma grande necessidade de identidade e quando o jovem lê na Bíblia que Deus deseja esta relação pessoal, isso fascina e ajuda a substituir na cabeça dele a religião tradicional.

 

Muitos jovens se afastam de estruturas religiosas formais devido à percepção de rigidez ou hipocrisia. Escândalos e divisões institucionais contribuem para essa rejeição. A espiritualidade individualizada surge como uma alternativa que permite uma conexão direta com a fé, sem a necessidade de mediações institucionais. O que é preocupante, pois, o contexto de igreja/povo/comunhão acaba se perdendo, sendo esvaziado e isso é importante para a comunhão com Deus.

Há também a questão da saúde mental, coisas que os jovens priorizam muito mais que os mais “antigos”. Em um mundo marcado por altos índices de ansiedade e depressão entre os jovens, a espiritualidade pode oferecer uma fonte de bem-estar emocional e resiliência. A experiência pessoal de fé muitas vezes proporciona um senso de esperança, pertencimento e suporte, que é essencial para lidar com os desafios do cotidiano. Quando leem o que Pedro escreve: "lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês" (1 Pedro 5:7) certamente isso os ajuda a decidir mais pela espiritualidade em detrimento da comunhão eclesiástica.

 

A juventude de hoje é profundamente motivada por questões sociais, como justiça, igualdade e sustentabilidade. Eles desejam ver uma fé que se manifeste em ações concretas e significativas. A espiritualidade prática — aquela que conecta valores cristãos com causas do mundo real — atrai jovens que querem ver sua fé impactar positivamente a sociedade. Versículos do Antigo Testamento geralmente falam alto com eles, como: "Aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos dos órfãos, defendam a causa das viúvas" (Isaías 1:17).

 

Não sei se a grande maioria das igrejas estão preparadas para os jovens. Eles precisam de ambientes onde possam expressar suas dúvidas, questionamentos e experiências sem medo de julgamento. Pequenos grupos, rodas de conversa e encontros informais podem ser excelentes oportunidades para promover um diálogo sincero sobre temas espirituais. Esse tipo de espaço ajuda a fortalecer o relacionamento com Deus de forma genuína e inclusiva.

 

Mesmo em igrejas onde há uma grande ênfase com o trabalho mais “moderno”, mais “jovem”, mais “conectado com a realidade”, acabam por esbarrar em movimentos que querem priorizar o controle destes jovens e isso acaba por produzir um ambiente não maturacional, mantendo-os meio que infantilizados por um tempo muito grande, no afã de não perder os jovens da igreja, acaba se criando ambientes de gueto e que não os ajuda a crescer, a ter maturidade e se transformarem em adultos conscientes.

 

Uma das maneiras mais eficazes de evitar esse tipo de gueto e atrair jovens para uma vivência espiritual mais profunda é envolvê-los em ações comunitárias e projetos sociais. Atividades como voluntariado, campanhas de arrecadação ou iniciativas missionárias permitem que os jovens vejam sua fé refletida em atos de amor ao próximo.

 

A tensão entre espiritualidade e religiosidade não precisa ser um ponto de divisão entre gerações no meio cristão. Pelo contrário, ela pode ser uma oportunidade de crescimento e inovação na vivência da fé. Ao entender as necessidades dos jovens e buscar formas criativas e relevantes de trabalhar a espiritualidade, a igreja pode oferecer um caminho para que eles se conectem com Deus de forma mais madura e autêntica. Dessa maneira, tradição e contemporaneidade podem caminhar juntas, enriquecendo a experiência cristã para todos.

 

Que Deus nos abençoe com sabedoria para lidar com isso.

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

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